Ainda que em
coalizão, o Partido Democrático, em acordo costurado por Matteo Renzi, formou aliança com o Movimento 5 Estrelas (M5S) , de Luigi
Di Maio. É um retorno ao poder do atual Partido Democrático, pois na
verdade se trata do antigo Partido Comunista Italiano (PCI). Não sei apenas se
a sede desse avatar do antigo PC continua a situar-se nelle Botteghe Oscure.
Do outro lado, dando o número necessário para uma governança estável, se
acha Luigi di Maio, o líder do
Movimento Cinco Estrelas.
"Castigado" por haver forçado a queda do gabinete anterior, Matteo
Salvini, da Liga, de extrema direita, configura na realidade o perdedor
da crise, por ele mesmo criada, embalado que foi em falsas presunções de que
poderia instrumentalizar a popularidade obtida pelo estilo autoritário de
governança com a promoção a Primeiro Ministro, como se para tanto bastasse a
proibição na prática de a Itália dar guarida às centenas de africanos, que
recorrem a forçar a sua admissão na península, ao fugirem de nações fracassadas
como a atual Líbia e outras terras, assoladas por crises, que tornam a saída do
desespero através de precárias embarcações no mar Mediterrâneo a sua única
esperança.
Na sua primeira refrega política - em que postulava formar gabinete sob sua direção - Salvini falhou miseravelmente, ao exagerar nas próprias ambições e personalizar a ânsia psicológica de assumir a chefia - emulando o exemplo de seu idolatrado Duce, a par de provocar pesado prejuízo à Nação italiana com o seu açodado egoismo político.
O irônico de tudo isso é que o neo-fascista Matteo Salvini vê no poder
uma criatura de que pensara dele livrar-se com facilidade. Na verdade, Giuseppe Conte, jurista e professor
universitário, apesar de não ter força política própria, mostra possuir
habilidade suficiente para ora ser reconduzido à posição de chefe de governo.
Com efeito, ele será chamado pelo Presidente Sergio Mattarella, que o encarregará de formar o Conte 2. O PD - ex PCI - fez questão de sublinhar que
o novo mandato de Conte não tem relação com o anterior. É um desafio, disse
Nicola Zingaretti, lider do PD. Na
realidade, mesmo sem poder próprio,
Conte já mostrara que tem habilidade política para sobreviver com seu
novo gabinete em Palazzo Chiggi. A esse propósito, contudo, configura um senhor
repto lograr conciliar os dois partidos, ambos ditos de esquerda, mas os
ex-comunistas têm várias querelas contra o Movi-mento Cinco Estrelas e exigirá
muita habilidade do professor Conte em conciliar essas duas facções cujas
relações até o presente mostram muitos choques e poucas concordâncias.
A politica de imigração
italiana também deve sofrer alguma modificação, com menos
rigidez, e mais
habilidade de Conte, para lidar com o desafio das embarcações de resgate que
se sucedem no Mediterrâneo, tangidas pela miséria africana e a crise que assola
muitos países africanos, que um dia terá
de forçosamente predispor o Ocidente em uma possível conferência pan-africana a
criar condições para que a África volte, dentro do respeito aos direitos
humanos, a estabelecer novas bases para que o porvir passe a refletir a
potencialidade da economia de muitos daqueles países, hoje vítimas, em triste número, de
governantes corruptos, incompetentes ou mesmo de conflitos fratricidas.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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