Não há dúvida de
que o maior motivo de preocupação dos
dirigentes e lideranças petistas quanto à possível transferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um presídio comum como o de
Tremembé, se relaciona com a segurança e o bem-estar do ex-presidente. Mas há outro perigo que, sem embargo,
preocupou os petistas, ao longo do dia sete de agosto: os pesados danos que a
transferência determinada pela juíza de Curitiba causaria à imagem da maior
liderança do Partido dos Trabalhadores.
Com efeito, ao ser internado em
Tremembé, Lula seria obrigado a raspar o cabelo e a barba, sua inegável marca
registrada desde que surgiu na política nacional, durante as greves de
metalúrgicos do ABC, no final da década de 1970, quando a ditadura militar
adentrava os seus últimos anos.
No sistema prisional paulista,
todos os presos que são internados em uma penitenciária se vêem obrigados pelo
regulamento da prisão a raspar o cabelo e a barba. Devem ainda tirar fotos para
serem identificados, adquirindo uma ficha na cadeia. Para os petistas, essa
ficha acabaria chegando às redes sociais.
Para deixar a barba crescer de novo, Lula careceria de autorização
judicial.
No sistema penitenciário
paulista, o preso recebe duas calças cáquis, duas camisetas brancas, duas
blusas e pode ter no máximo cinco cuecas, além de dois pares de meia,
sapato e chinelo. Logo que adentra a prisão, o detento é colocado no sistema de
prova, uma espécie de adaptação à vida no presídio, que pode estender-se por
até dez dias. Só então lhe é designada
uma cela aonde vai cumprir a pena.
Por fim, as visitas se
limitam ao fim de semana - exceto advogados e parlamentares. Todas devem ser autorizadas pela Justiça e
devem passar pela direção do presídio. Petistas avaliavam que as restrições
poderiam dificultar ainda mais a atuação política de Lula, hoje realizada por
meio de advogados que o visitam diáriamente e políticos que vão a Curitiba uma
vez por semana.
No caso de o ex-presidente
fosse transferido para a penitenciária, mesmo no regime fechado, ele poderia
trabalhar em uma das três empresas que atuam no local. Por meio de convênio com
a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), outras duas empresas atuam
no presídio, uma delas no ramo de metalurgia, que poderia oferecer ao
ex-presidente uma ocupação em que ele detém conhecimento por já ter trabalhado
nessa área.
Outra opção seria o de
varrição do complexo. Oficinas de leitura e de teatro também são
realizadas para os detentos que não
queiram trabalhar.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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