Em inequívoca resposta
a setores da Igreja que levantam dúvidas sobre o Sínodo, o Papa asseverou nesta
semana que a possibilidade de ordenar "viri probati" - geralmente
idosos, ligados a comunidades amazônicas e de comprovada virtude - não será tema
central do Sínodo, "É simplesmente um ponto do Instrumentum Laboris. O foco são os ministros da evangelização e as
diferentes formas de atuação", disse Sua Santidade, em entrevista
publicada anteontem pelo jornal La Stampa.
De forma mais direta, o Sumo Pontífice afirmou que a reunião é
filha direta de sua Encíclica verde, a Laudato Si, na qual expõe o planeta Terra como uma casa
comum. "Quem não a leu, não entenderá o Sínodo", diz Francisco. O Papa defendeu a Amazônia como parte
importante a ser preservada, a exemplo dos oceanos. Sua perda, segundo ele,
poderia levar à redução da biodiversidade e ao surgimento de doenças
mortíferas.
Na entrevista, o Sumo Pontífice, enquanto supremo chefe
da Igreja Católica, não fugiu das discussões políticas na região, destacando v.g.
que os governos locais devem responder diretamente sobre "as minas ao ar
livre" que envenenam, por exemplo, os rios. "A ameaça à vida dessas
populações e desse território envolve interesses econômicos e políticos dos
setores dominantes da sociedade", afirmou o Santo Padre.
No texto divulgado na Alemanha,
na semana passada, o cardeal D. Cláudio
Hummes também afirmou que é necessário confrontar "resistências"
existentes " tanto na Igreja, quanto fora dela". Para ele, "interesses econômicos e o
paradigma tecnocrático se opõem a qualquer tentativa de mudança e estão prontos
a se impor pela força". Ele fala ainda de crimes ambientais que ficaram
impunes e destaca a necessidade de o encontro tratar de direitos humanos.
Medalha. Uma medalha
cunhada especificamente para o Sínodo foi apresentada anteontem, na qual
aparece imagem do trabalho missionário da Igreja na Amazônia,via rito do
batismo e da eucaristia.
No seu texto oficial,o Vaticano pondera que
"o enfoque missionário na Amazônia exige mais do que nunca um
magistério eclesial na escuta do Espírito Santo, que seja capaz de assegurar
tanto a unidade como a diversidade e, portanto, uma cultura de encontro em
harmonia multiforme".
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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