sábado, 31 de agosto de 2019

Anístia para o ditador Maduro ?


                                   
        Elliot Abrams, enviado especial à Venezuela do Departamento de Estado, declarou que não havia visto indicação de que Nicolás Maduro estaria disposto a deixar o cargo, mas asseverou que a sua mensagem  de anistia era um aviso ao presidente da Venezuela.
            A comunicação do governo dos Estados Unidos da América é decerto inusitada: os Estados Unidos não vão procurar processar ou aplicar uma punição contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se ele deixar voluntariamente o poder, mesmo levando seu país a um colapso  econômico e desastre humanitário.
  
          "Isso não é uma perseguição", disse Abrams em entrevista ao jornal The New York Times.  "Não estamos atrás dele. Queremos que ele tenha uma saída digna e vá embora." O diplomata ainda acrescentou: "Nós não queremos processá-lo; nós não queremos persegui-lo. Queremos que você deixe o poder."

              O Departamento do Tesouro americano acusou Maduro em 2018 de lucrar com o tráfico  ilegal de entorpecentes na Venezuela, mas não recomendou a abertura de um processo.
                  Essa nova abordagem mais suave, até pragmática, contrasta com os oito meses de sanções, isolamento internacional e as ameaças do governo Trump de uma intervenção militar contra Maduro e seus aliados, acusados de acumular poder e manipular as eleições de 2018,  
                  Abrams também negou que funcionários de Trump e Maduro hajam conversado na última semana. "A ideia que estejamos negociando é completamente errada", disse.  "E a ideia de que exista um padrão de comunicação é também errada. Existem mensagens intermitentes e eu acredito que as pessoas achariam que a mensagem ocasional enviada por Washington é completamente previsível: 'Você precisa retornar à democracia.Maduro precisa deixar o poder.' "
                      É de notar-se que as mensagens enviadas pelo governo estadunidense a Maduro são normalmente  por meio de depoimentos à imprensa, no Twitter ou, em alguns casos,  por diplomatas europeus ou líderes religiosos.
                        Qualquer contato direto seria um risco às negociações paralelas, mediadas pela Noruega, que ocorrem em Barbados As negociações são feitas entre o governo da Venezuela e a oposição liderada pelo presidente da Assembleia Nacional e auto-proclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó.
                        Os ditos encontros ganharam mais força em julho, após Maduro haver oferecido à Oposição novas eleições presidenciais em troca do fim das sanções dos Estados Unidos.
                          No entanto, a negociação foi suspensa no dia cinco, após ulteriores sanções americanas bloquearem todos os ativos venezuelanos nos Estados  Unidos.

                          A ação em tela surpreendeu tanto Maduro, quanto líderes da Oposição,  pois ameaça com penalidades econômicas qualquer empresa estrangeira que faça negócios com o governo venezuelano.
                         Abrams reforçou durante a entrevista que os EUA não derrubariam as sanções contra a Venezuela, sem que Maduro renunciasse.
                          Mesmo com a iniciativa de anistia, qualquer oferta desse tipo vinda dos EUA teria limites. Um funcionário da Casa Branca disse previamente ao New York Times que o governo Trump não poderia remover processos federais relacionados com o tráfico de drogas, em que vários confidentes de Maduro e parentes são acusados.
                            O próprio Abrams não quis comentar se os Estados Unidos impediriam Maduro de manter qualquer fortuna ou outros ativos, se acaso ele renunciasse ou deixasse a Venezuela para o exílio.

( Fonte: O Estado de S.Paulo  )

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