Elliot Abrams, enviado
especial à Venezuela do Departamento de Estado, declarou que não havia visto
indicação de que Nicolás Maduro estaria disposto a deixar o cargo, mas
asseverou que a sua mensagem de anistia
era um aviso ao presidente da Venezuela.
A comunicação do governo dos
Estados Unidos da América é decerto inusitada: os Estados Unidos não vão
procurar processar ou aplicar uma punição contra o presidente da Venezuela,
Nicolás Maduro, se ele deixar voluntariamente o poder, mesmo levando seu país a
um colapso econômico e desastre
humanitário.
"Isso não é uma
perseguição", disse Abrams em entrevista ao jornal The New York Times. "Não estamos atrás dele. Queremos que
ele tenha uma saída digna e vá embora." O diplomata ainda acrescentou:
"Nós não queremos processá-lo; nós não queremos persegui-lo. Queremos que
você deixe o poder."
O
Departamento do Tesouro americano acusou Maduro em 2018 de lucrar com o
tráfico ilegal de entorpecentes na
Venezuela, mas não recomendou a abertura de um processo.
Essa nova abordagem mais
suave, até pragmática, contrasta com os oito meses de sanções, isolamento
internacional e as ameaças do governo Trump de uma intervenção militar contra
Maduro e seus aliados, acusados de acumular poder e manipular as eleições de
2018,
Abrams também negou que
funcionários de Trump e Maduro hajam conversado na última semana. "A ideia
que estejamos negociando é completamente errada", disse. "E a ideia de que exista um padrão de
comunicação é também errada. Existem mensagens intermitentes e eu acredito que
as pessoas achariam que a mensagem ocasional enviada por Washington é
completamente previsível: 'Você precisa retornar à democracia.Maduro precisa
deixar o poder.' "
É de notar-se que as mensagens enviadas pelo
governo estadunidense a Maduro são normalmente
por meio de depoimentos à imprensa, no Twitter ou, em alguns casos, por diplomatas europeus ou líderes
religiosos.
Qualquer contato direto seria
um risco às negociações paralelas, mediadas pela Noruega, que ocorrem em
Barbados As negociações são feitas entre o governo da Venezuela e a oposição
liderada pelo presidente da Assembleia Nacional e auto-proclamado presidente da
Venezuela, Juan Guaidó.
Os ditos encontros
ganharam mais força em julho, após Maduro haver oferecido à Oposição novas
eleições presidenciais em troca do fim das sanções dos Estados Unidos.
No entanto, a negociação foi suspensa no dia
cinco, após ulteriores sanções americanas bloquearem todos os ativos
venezuelanos nos Estados Unidos.
A ação em tela surpreendeu tanto Maduro,
quanto líderes da Oposição, pois ameaça
com penalidades econômicas qualquer empresa estrangeira que faça negócios com o
governo venezuelano.
Abrams reforçou durante a entrevista que os
EUA não derrubariam as sanções contra a Venezuela, sem que Maduro renunciasse.
Mesmo com a
iniciativa de anistia, qualquer oferta desse tipo vinda dos EUA teria limites.
Um funcionário da Casa Branca disse previamente ao New York Times que o governo
Trump não poderia remover processos federais relacionados com o tráfico de
drogas, em que vários confidentes de Maduro e parentes são acusados.
O próprio Abrams
não quis comentar se os Estados Unidos impediriam Maduro de manter qualquer
fortuna ou outros ativos, se acaso ele renunciasse ou deixasse a Venezuela para
o exílio.
(
Fonte: O Estado de S.Paulo )
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