A faixa de Gaza, ou o
Inferno de Gaza, é um problema não só dos árabes-palestinos, mas também de
Israel. Comprimidos naquele espaço, que já foi objeto da escrita de Aldous
Huxley, continua a incomodar muita gente, entre os judeus que florescem em
Israel, os árabes que os cercam, e que em relação de ódio e amor, se debatem
enquanto contemplam o tempo que passa - e não necessariamente como antes se
imaginara a seu próprio gáudio e favor.
E sem embargo, a despeito da olímpica
indiferença da diplomacia estadunidense
atual, o Inferno de Gaza constitui um problema que só acena ser resolvido nas
tristes sendas do exílio, vale dizer o arrocho psicológico de um longo cerco
sem sentido, é uma besta-fera, que após as suicidas demonstrações da gente de
Gaza diante das portas de quem lhes cerra o caminho, só conceberia ser saciada por
um visto para o exterior árabe-próximo, na busca incerta de emprego em terras
muçulmanas, que pelo cruel peso demográfico de um povo a quem se nega o futuro,
o presente muita vez há de consumir-se em esperanças vãs, em que as realidades
sociais no chamado Oriente próximo constituem
na verdade um jogo sádico, no qual uma mescla de fatores se conjuga para
empurrar a gente de Gaza a reeditar no
estrangeiro-próximo o mesmo silencioso desastre que lhes está cruelmente
prometido na sua própria terra, a qual por um conjunção de fatores continua a
aferrar-se nesse não-metafísico Inferno, de que nos escreve Aldous Huxley.
(a continuar)
( Fontes: Eyeless in
Gaza; Estado de S.Paulo )
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