Como todo canalha sem escrúpulos, o
presidente Donald Trump, ao dar-se conta
de que a investigação do promotor Mueller já reponta ameaçadora no horizonte,
com a exposição dos estreitos laços de sua campanha presidencial com o Kremlin, evidencia o próprio crescente
temor com chorrilho de estapafúrdias
acusações contra a candidata presidencial democrata, Hillary Clinton.
Aproximando-se a hora da prestação de contas, não se peja de lançar-lhe
calúnias desesperadas. Elas são mostra
tanto de sua falta de qualquer sentido ético, quanto da gravidade da própria
situação, a medida que se desenha o
cenário de virtual bandido que vê aproximar-se, na imagem do justiceiro do Western, o marshal a cavalo, que dele se acerca rapidamente, com a grave,
serena postura do homem da lei que se apresta a levá-lo para responder pelo que fez
de errado.
Não trepida Trump em tentar
safar-se do cerco da Lei ao recorrer ao respectivo repertório de infâmias
contra a candidata democrata, ao passar para os asseclas republicanos a própria
impaciência de que nada se faça para comprometer a antiga adversária. Dadas as
respectivas e notórias limitações intelectuais, o acossado presidente só pode
valer-se da simplicidade das mensagens do Twitter. Para ele, a salvação estaria
que se atacasse com mais vigor a Sra. Clinton, enquanto esbraveja: Façam alguma
coisa!
Se nunca um vilão chegou tão longe e com
tanto sucesso pelo menos até agora, é fácil de intuir-se a sua angústia, porque
ele sabe o quanto o amigo russo lhe valeu quando se jogavam as sortes da
corrida presidencial.
No seu desespero, ele volta a
recorrer à sovada questão do emprego pela senhora Clinton de um servidor
privado de computador, malgrado a circunstância de que o então diretor do FBI,
James B. Comey tenha encerrado a investigação sobre o seu eventual emprego sem
apresentar nenhuma acusação a respeito de impropriedade de uso pela senhora
Clinton.
As contradições de Donald
Trump também se mostram na sua tentativa inicial de apresentar a exoneração de
James Comey como determinada pela maneira com que isentou a Sra. Clinton de
responsabilidade no caso dos e-mails, para depois reconhecer que a demissão de
Comey foi causada pela investigação sobre o envolvimento russo.
Essa tentativa
desesperada busca em vão desviar o foco da investigação do promotor especial
Robert S. Mueller III.
O objetivo de parte do inquérito é examinar se houve
colusão entre a campanha de Trump e Moscou, e se o Presidente obstruíu a justiça
quando ele demitiu Mr Comey.
Segundo um furo da CNN
que um grã-juri federal havia aprovado em Washington as primeiras
acusações na investigação de Mr Mueller,
e que planos foram tomados para que os eventuais inculpados fossem detidos já
nesta próxima segunda-feira. Segundo a
fonte CNN, o alvo das acusações não estava claro.
Vários comitês do
Congresso - tenha-se presente que são todos com maioria republicana -
empreenderam as suas próprias investigações sobre o envolvimento russo nas
eleições, seguindo a conclusão das agências de inteligência dos Estados Unidos
de que Moscou procurou fazer balançar a
disputa em favor de Mr Trump - uma ideia que ele tem frequentemente desmentido
como se fosse uma empulhação.
Ty Cobb, o advogado
da Casa Branca que trata da resposta para a investigação sobre a Rússia, disse
que os twitters do presidente "não tinham relação com as atividades do
Conselheiro Especial, com quem ele continua a cooperar."
Essas mensagens
surgiram dias depois de que os deputados republicanos da Câmara anunciaram que estavam abrindo investigações acerca de
duas das queixas mais citadas de Trump: a investigação pelo Departamento de
Justiça de Obama nos emails da Senhora Clinton e o acordo do urânio.
São inteligíveis as
verdadeiras razões de Trump para alimentar essas investigações. A Casa Branca reconheceu nesta sexta-feira
que o presidente encarecera ao Departamento de Justiça que levantasse o segredo
acerca de um informante numa investigação federal nas tentativas da Rússia de
obter meios de acesso na indústria estadunidense de urânio na presidência de
Obama.
Trump também se
esforça, com a sua habitual falta de escrúpulos, para sugerir que as questões que ele vem levantando sobre a
sra. Clinton deveriam fazer calar quaisquer alegações quanto às suas próprias
(dele) , e por fim ao escrutínio acerca do envolvimento russo na eleição.
Para terminar,
mais uma fonte republicana. A senadora Susan Collins, do Maine, que é membro do Comitê de
Inteligência, disse no programa da rede de tevê CBS no domingo que embora ela tenha visto
"muitas provas de que os russos estiveram muito ativos em tentar influenciar
as eleições", ela ainda não encontrara "nenhuma prova definitiva de
colusão."
( Fontes: The New
York Times , CNN)
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