domingo, 15 de outubro de 2017

Nada de Novo na Ditadura de Maduro

                              
             Pergunto-me por que a Oposição disputa eleições na Venezuela.          
         
         Agindo dessa forma, participando dos pleitos, ela não passa de atriz que tem duplo papel em uma farsa. Porque no país do ditador Nicolás Maduro, a oposição enfrenta um jogo trucado, no qual não tem qualquer chance de vencer.
          
          Dentre os seus principais atores, está Henrique Capriles. Enfrentou o candidato do situacionismo na presidencial de 2013, "perdeu" para Nicolás Maduro, e ainda por cima está proibido pela Justiça (que também é dominada pelo chavismo)  de tentar a reeleição ao governo de Miranda.  Mas a proibição da "justiça" não para por aí:  por quinze anos, Henrique Capriles não pode candidatar-se a qualquer cargo eletivo...
        
       Parece piada, mas não é. Trata-se de um jogo trucado, repito, e quando o candidato é "demasiado" popular, aí está a justiça - que é também chavista- para "resolver" o problema.
      
       Como um partido dito oposicionista pode concordar com farsa desse jaez?  Quando o esquema do chamado Tribunal Supremo passou a ser empregado a torto e a direito por Maduro, e as cínicas intervenções dos burocratas jurídicos desse Tribunal dito Supremo, começaram a ratear, Maduro tirou da gaveta o truque da miniconstituinte, um golpe ainda mais cínico do que o da hiper-lotação da Corte Suprema. Essa constituinte, que desdenha o voto universal, tem a apavorante semelhança com as cortes da Europa Oriental, nos maus tempos em que Moscou era a Meca do poder absoluto por aquelas bandas.
         
         O mais interessante (ou irônico) é que os candidatos da oposição continuem a concorrer para outros postos eletivos - como governos e assembléias estaduais - no que objetivamente estão fazendo o jogo da ditadura chavista, que controla tudo, e só deixa "vencer" àqueles candidatos mais cordatos e menos perigosos para o sistema.
           
        Estão marcadas para este domingo as eleições regionais, em que 18 milhões de venezuelanos estão convocados a escolher 23 governadores (não se deve esquecer, porém, como dito acima, que Capriles, pela determinação  da "justiça" está proibido de concorrer, o que só se explica pelas demasiadas chances que tem de ganhar...)   O distrito mais importante seria Aragua, mas o resultado já sai desvirtuado, pois o candidato Ismael Garcia  já virou postulante único, sob acusações de fraude e sem o aval do Primeiro Justiça, do ex-candidato Henrique Capriles .
        
         Em um cenário dominado pelo poder chavista, e com a alegada desmotivação pelos magros resultados da onda de protestos entre abril e julho[1],  há muito desânimo nas fileiras oposicionistas, e não se espera o que ocorreu com a votação, em 2015, para a Assembléia, ganha pela oposição  (Mesa da unidade democrática -  MUD) 

( Fontes: O Estado de S. Paulo; Erich Marie Remarque, Nada de novo na Frente Ocidental )



[1] Disso excluídos, por certo, os 125 mortos  pelas forças governamentais.

Nenhum comentário: