Depois de vários dias em que os dois lados do confronto entre iraquianos e curdos se limitaram ao 'posturing', vale dizer reações
atitudinais, sem implicações concretas, nesta segunda-feira, 16 de outubro, o
governo iraquiano deu início à própria reação contra a ação da minoria curda.
Nos encontros que se seguiram, os
dois aliados dos Estados se confrontaram e após embates superficiais, os
iraquianos se apossaram da região em tela, com poucas e isoladas escaramuças.
Na verdade, a facção curda que controlava a área de Kirkuk a cedeu aos
iraquianos, sem consulta aos demais curdos.
Assinale-se que os curdos aí se
achavam há cerca de três anos.
Tenha-se em mente, também, que há
três semanas os curdos votaram maciçamente por independizar-se do Iraque. Como seria de esperar, tal votação fora
condenada pelos Estados Unidos, Baghdad e as demais nações da região.
A principal motivação da reação
contra a iniciativa do Curdistão - consoante referida no parágrafo acima - se
prende a duas razões básicas: a fragmentação do Iraque (que perderia a sua
província ao norte) e os empecilhos que criaria para o término bem-sucedido da
luta contra o Estado Islâmico - que está nos próprios estertores, como a
rendição maciça de porção substancial de suas forças - conforme noticiado por
este blog - o evidencia claramente.
A circunstância de que Baghdah
tenha conseguido reaver boa parte de o que seria o Curdistão, se deve a uma
característica do povo curdo, que é a sua desunião.
Aí está a razão desse tropeço de o
que seria o Curdistão unido. Na última segunda-feira irromperam cisões entre os
curdos. Assim, a divisão entre os curdos surgiu com um movimento dito de
oposição - a União Patriótica ou Kurdistan - e declarou que os seus militantes
haviam concordado em abrir alas para as forças iraquianas, não obstante o fato
de que outros militantes leais ao governante Partido democrático do
Kurdistão continuassem a resistir.
Não há negar o valor militar
dos curdos, temido pelos povos da região. No entanto, a própria desunião está
na raiz da sua situação atual. Não logrando pôr-se de acordo entre si, eles
tendem a facilitar que se tornem um povo dominado por outros, pela sua falta de
capacidade de chegar a um acordo entre si.
Enquanto os curdos não chegarem
à união da nação curda, eles continuarão a ser uma força incapaz de traduzir a
capacidade do soldado pesh merga, que
como é notório é instrumentalizada com sucesso por vários países para tarefas
determinadas e relevantes. Como dito na
frase célebre do filme de David Lean,
proferida por Lawrence of Arabia (Peter O'Tool), para o Emir Faisal (Alec Guiness) a respeito das tribus que
refutassem a união da nação árabe, elas serão sempre um povo pequeno e fraco, eterna presa dos
próprios inimigos. O mesmo vale para os curdos, que pela sua desunião explicam
a situação de apátridas em que se encontram.
( Fontes: The
New York Times; Lawrence of Arabia )
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