Ler os jornais e o seu crescente
derivativo cibernético, que são as
informações das agências telegráficas transmitidas através do noticiário dos
inúmeros sites disponíveis será o
caminho mais seguro para manter o próprio conhecimento atualizado.
Nos tempos correntes, é o que chamaríamos
o desafio da pós-modernidade. E este repto me recorda conceito básico na
filosofia histórica do grande historiador inglês Arnold J. Toynbee, que é o autor de "Um Estudo da
História", obra em doze volumes, a que se agregam tomos com mapas. Há
também disponíveis livros que resumem as teses principais desse grande
historiador.
Mas por que razão me aventuro a citar
esse grande filósofo da história no contexto dado pelo título do blog?
Depois de ler o livro de Hillary Clinton sobre a sua campanha e a
malograda eleição da primeira mulher que se aproximou do teto de vidro que até
hoje estorva o caminho do gênero feminino à presidência dos Estados Unidos, o
noticiário relativo à presidência de Donald J. Trump constitui cruel e
permanente lembrete de o que significou a eleição deste senhor por
estreitíssima margem no arcaico e já pernicioso procedimento do colégio
eleitoral,logo ele um dos candidatos mais mal preparado em todos os tempos para
lidar com o magno desafio de instalar-se pelo mínimo constitucional de quatro
anos na Casa Branca.
Tenha presente, caro leitor, por que
cito o grande historiador britânico. A sua tese histórica se baseia na teoria
do desafio e da resposta (challenge and
response). Na análise das diversas
culturas e civilizações, Toynbee
focaliza os desafios e as respostas dadas pelas múltiplas civilizações que
estuda na sua grande obra. O sucesso ou o malogro de cada cultura e civilização
estará na medida em que adota a resposta necessária para os múltiplos desafios
que lhe surgem à frente. É esta capacidade que distingue as grandes
civilizações daquelas que não tiveram
condições de arrostar com êxito os desafios com que se defrontaram.
Talvez um dos mais despreparados
presidentes eleitos pelo colégio eleitoral americano, Donald Trump tende a
tornar a própria incapacidade ainda mais nefasta pela maneira em que o seu
dinamismo atitudinal, eivado de baixas e discutíveis premissas, trabalha de
forma corrosiva e demagógica para desfazer, por um lado, o que predecessores
seus tenham criado dentro de o que interessa e aproveita à Superpotência e aos
respectivos eleitores, e por outro, para introduzir dentro da realidade que recebeu de seus antecessores no cargo
normas e modificações que, por circunstâncias várias, não atendem aos
interesses dos diversos segmentos demográficos que formam o que é atualmente
essa Superpotência.
Donald Trump, segundo os critérios
vigentes na maioria das democracias, não teria sido eleito presidente. O
sistema democrático vigente na quase totalidade das repúblicas repousa no
método de eleição, em que os candidatos com condições de concorrerem (idade
apropriada, formação mínima educacional, nacionalidade, e prontuário que o
qualifique do prisma ético e disciplinar) se apresentam, através de campanha,
ao julgamento da população. O método
mais utilizado é aquele da votação secreta, vencendo aquele candidato que tiver
o maior número de votos. No caso dos
Estados Unidos, a candidata Hillary Clinton que obteve no total numérico pouco
menos de três milhões a mais que o adversário, seria em qualquer outro
país do mundo eleita. Não é o caso dos Estados Unidos, ainda que o método do século XVIII pode ter
sido de grande utilidade para uma vasta democracia como os EUA, diante do então
desafio das distâncias e da observância de corretas contagens de votos. Mas os
últimos resultados - e este não é o único caso neste século - que um candidato
minoritário seja sagrado vitorioso contra o adversário que foi votado por um
número superior de nacionais.
No entanto, os problemas que o
candidato vencedor por esse vetusto sistema do colégio eleitoral está ora
colocando para a comunidade americana - e também para os seus vizinhos -
decorrem de vícios de comportamento e, notadamente, de claro e inegável
despreparo para enfrentar o desafio da presidência estadunidense.
É particularmente penosa a diferença
entre a candidata supostamente derrotada e Mr Donald J. Trump. Para a "vitória" deste último contaram
diversas irregularidades, algumas delas bastante graves.
Talvez a principal esteja na carta
ao Congresso Americano de James (Jim) B. Comey, de 28 de outubro de 2016. Este senhor resolveu comunicar
ao Povo Americano - que por estranhíssima coincidência se achava empenhado na
votação antecipada para os candidatos presidenciais (Hillary Clinton e Donald
Trump) -
que estava sendo verificado o computador de Anthony Weiner, marido
afastado da secretária de Hillary, Huma Abedin, acenando inclusive com a
possibilidade de serem encontrados mais elementos a respeito da candidata Hillary. No seu livro
"O que aconteceu", Hillary assinala que o estatístico Nate Silver - que previra quem venceu em 2008 em 49
estados, e em 2012, em todos os 50 estados - afirmou que a sra. Clinton estava
no caminho da vitória até que a carta de 28 de outubro de Jim Comey descarrilasse
Hillary de vitória certa. Mais tarde, este senhor comunicaria em outra carta que
nada fora encontrado no computador de Weiner,mas como foi no fim de semana
anterior à eleição (que é na terça-feira) não havia mais tempo para que esta
"correção" corrigisse o mal praticado por Mr James Comey.
Como se sabe, houve muitas outras
irregularidades nesta eleição, todas elas contrárias a Hillary. Ocorreu a
intervenção determinada pelo
presidente Vladimir Putin, através
dos hackings feitos por russos e
divulgados pelo WikiLeaks de Julian Assange, e sabe-se lá o que mais virá a ser determinado
pela investigação do Procurador Mueller. A desinformação russa através do Facebook também atuou com a participação
dita involuntária do Google, que só agora é reconhecida pela
mega-organização.
A vingança de Putin contra Hillary
ainda será esmiuçada em maiores detalhes. Se o tempo corre em desfavor da
candidata - dado o fato de que a revelação do caráter ilegal das intervenções
russas não terá qualquer efeito sobre a vitória de seu candidato, Donald Trump,
pelo menos soará o clarim do alarma e da manifesta ilegalidade de tais meios
utilizados em favor do candidato do GOP.
Há outros personagens - e não dos
menores - que por timidez ou por falta de maior empenho não tiveram a coragem
de atender aos apelos da direção democrática em favor de intervenções enérgicas
que, infelizmente, não foram feitas por quem de direito.
Mas tanta ilegalidade, tanto
truque sujo tiveram como resultado a vitória do candidato republicano Donald
John Trump. É difícil imaginar alguém
com menos condições para exercer a presidência dos Estados Unidos. Embora a sua Administração ainda esteja no
seu primeiro ano, já existem inúmeros fatos inquietantes e negativos que
sinalizam o caráter nefasto da presidência de Donald Trump.
Dando início à cadeia de antirrealizações,
Trump denunciou[1] a
participação estadunidense no Acordo do Clima de Paris. Mais recentemente, em
outra iniciativa criminosa, criou condições para desfazer as medidas de Obama
tendentes a combater a poluição, permitindo que se voltasse à plena utilização
do carvão, o que irá muito contribuir para o incremento da poluição na
atmosfera e no consequente aumento do chamado efeito estufa.
Por outro lado, na série
lamentável de anti-realizações, Trump visa a desfazer o Nafta que é o acordo entre a
superpotência, o México e o Canadá, sobre zona de livre-comércio entre esses
países (EUA, México e Canadá), com até hoje grandes e positivos reflexos sobre
o nível de atividade econômica dos países cobertos por essa associação.
O mais interessante é que,
nas "realizações" desse demagogo irresponsável, não há até o momento
qualquer notícia acerca de providências efetivas para a reparação e reativação
da rede estradal e de transporte ferroviário dos Estados Unidos da América, o
que era antes martelado pela propaganda do candidato republicano.
Malgrado as suas demagógicas
promessas quanto à reativação do chamado cinturão
da ferrugem (nordeste estadunidense, regiões dos grandes lagos e do
meio-oeste), nada foi feito até agora. Há causas estruturais para a desativação
das grandes indústrias que lá existiam, e obviamente a demagogia de Trump não
poderá recriar, de um cemitério de indústrias pesadas, um novo sistema industrial...
Trump se empenha igualmente - até o
momento felizmente sem sucesso - em desmantelar a ajuda médico-sanitária
(chamada pelos republicanos de Obamacare).
Por outro lado, Trump, além das imprudências através do Twitter contra o ditador norte-coreano, vem colhendo no seu
gabinete ministerial grandes inimizades, como aquela com o Secretário de Estado
Tillerson - que chamou a Trump de moron(imbecil),
assim como no Senado, o Sen. Bob Corker, o que lhe irá dificultar a sua
projetada reforma tributária (na linha republicana, de corte nos impostos dos
ricos, e,por conseguinte, grandes deficits
no orçamento).
(Fontes: New York Times, A.
Toynbee (A Study of History), Hillary
Clinton (What Happened)).
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