Quando Xi Jinping surgiu como novo
presidente chinês, a sua força política, superior aos dois líderes anteriores,
já era notada.
Agora se menciona a sua possibilidade
de que venha exercer um poder similar ao de Mao Zedong. Demasiada força não
surge no PCC como uma característica favorável. Já o seu apreço por Mao
indicava nova orientação, mais rigorosa,
distanciando-se um pouco de Deng.
Dentro da tradição chinesa de fortes
líderes partidários, Deng Xiaoping foi o líder incontestável de 1981 até 1997.
A princípio Zhao Ziyang ocupara lugares importantes sob a primazia de Deng.
Assim, em fevereiro de 1980 Zhao se
torna membro do Comitê Permanente do Politburo (PSC); março de 1980, se ocupa dos assuntos
econômicos da China; em abril de 1980, torna-se vice-premier do Conselho de
Estado; em setembro 1982, tem a participação confirmada no Politburo, no
primeiro plenário do 12º Comitê Central; em outubro de 1986, Zhao Ziyang,
sempre sob a liderança de Deng, é nomeado chefe de novo grupo com mandato de
propor pacote de reforma política; em janeiro de 1987,torna-se Secretário-Geral interino do Partido
Comunista Chinês (CCP), sempre sob a liderança de Deng; em outubro de 1987, no
13º Congresso do Partido, Zhao declara que a China está no "estágio inicial do socialismo". No mesmo
Congresso, propõe a única reforma política na história do CCP, na tentativa de
mudar como "o Partido Comunista Chinês governa", e introduz
reformas como a separação de poder entre
o Partido e o Estado. É também designado Secretário-Geral e Primeiro
Vice-Presidente da Comissão Militar Central,
e permanece como membro do Comitê Permanente do Politburo (PSC). Em
termos de poder político, só está abaixo de Deng, em termos de poder.
Com a morte em 15 de abril de 1989,
de Hu Yaobang - que fora Secretário do Partido Comunista - e tinha sido muito
popular entre os estudantes e a ala jovem do PCC, começam as manifestações estudantis.
Em 22 de abril de 1989, Zhao Ziyang
propõe solução de compro-misso para a crise estudantil: encoraja a volta às classes, o emprego do diálogo e valer-se da lei apenas
para punir estudantes que tenham come-tido
crimes.
Intervém, no entanto, viagem
oficial, previamente marcada, para a Coréia do Norte. O grupo conservador, sob a liderança de Li
Peng, se aproveita da ausência de Zhao, e arranca de Deng
Xiaoping a publicação no "Diário do Povo", jornal oficial do
PCC, de artigo, por ele assinado, em que
condena em termos fortes as demonstrações estudantis.
Quando Zhao retorna a Beijing, a
situação já esta mudada, com a esperta manobra do grupo conservador.
Infelizmente, uma vez impressa no jornal
oficial a posição dura de Deng, a
solução de compromisso de Zhao não é mais possivel, e tudo se encaminha para o
massacre.
Zhao ainda participa da reunião de
17 de maio de 1989 em que Deng decide impor a lei marcial. Zhao, que é Primeiro Ministro e Membro da
Comissão Militar Central, declara que seria difícil para ele executar tal
decisão.
A sua última tentativa de evitar
o massacre está na visita, a 19 de maio de 1989, que faz à Praça Tiananmen aos
estudantes demonstrantes, e em discurso de improviso lhes faz um apelo para que
deixem a praça, sabendo que é iminente o ataque do exército.
Em junho de 1989, se
reune o pleno do Politburo para decidir sobre a crítica a Zhao e para
despojá-lo de todas as suas posições oficiais. Começam os dezesseis anos de
isolamento e de prisão domiciliar de Zhao.
Em 19 de fevereiro de 1997, Deng
Xiaoping morre.
Em 12 de setembro de 1997, manda
uma carta - ainda está sob prisão domiciliar - para o 15º Congresso do
PCC, com apelo aos líderes para que
reavaliem a repressão aos demonstrantes
da Praça de Tiananmen em 1989.
Em 17 de janeiro de 2005, Zhao Ziyang morre ainda em prisão
domiciliar em Beijing.
Popular até a morte, os chefes do Partido determinam que o enterro seja
feito em segredo, para evitar-se demonstrações de apreço e luto. Ainda depois
de morto, Zhao inspira medo pela sua continuada popularidade e pelo apreço que
o povo chinês continua a devotar-lhe.
Que o leitor me releve essa
interpolação de texto. Faço-a, no entanto, porque julgo oportuno acentuar a
importância que pode ter na história o aspecto acidental e inesperado. Quis a
má sorte que o grande Zhao Ziyang estivesse ausente da China - enquanto em
visita oficial, já previamente marcada, a Piongyang - durante as manifestações dos estudantes chineses em Tiananmen...
Infelizmente, a história não é feita de ses. Xi Jinping
prepara este segundo turno de seu período não como o termino, mas
possivelmente como a parte intermediária do próprio mandato... E dada a sua
tendência maoista, não é mais abertura o que o corrente lider chinês vê no
futuro.
Os fotógrafos das agências
presentes mostram os longos bocejos que
velhos líderes não lograram controlar. Como comentário não poderia ser mais
veraz. Pesado, longo, chato mesmo. Será esta a expressão do poder do novo líder
chinês?
Pois, pelo visto, aí vem mais e
do mesmo.
( Fontes: "Prisoner of the State - the secret journal of Premier Zhao Ziyang"; O
Estado de S. Paulo )
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