Vladimir Putin
recebe Nicolás Maduro. Ambos se cumprimentam e sorriem. Percebe-se o esforço de
Putin, eis que,em geral, não é pessoa
dada a muitos sorrisos. Já com Maduro, pela situação em que se acha o
respectivo regime, a velha regra funciona.
Em momento no qual Caracas se vê cada
vez mais afetada pelas sanções
financeiras impostas pelos Estados Unidos ao país e à estatal petrolíferaa
PDVSA, qualquer ajuda é bem-vinda. Depois de toda a assistência que gospodin Putin dera ao protegido Mr
Donald Trump não se vá procurar coerência ao russo cuja assistência ao
candidato Trump, para que superasse o desafio de sua desafeto Hillary Clinton,
lhe mostra a atual posição na relação com o atual senhor de todas as Rússias.
O que concedeu o amigão Putin ao
encalacrado Maduro? Renegociou dívida venezuelana de US$ 2,8 bilhões, para
tirar Caracas do sufoco das sanções financeiras americanas, em acordo que
também se estende à estatal petrolífera
PDVSA.
Outro aspecto cabeludo - além da reestruturação da dívida está
incluída a cooperação militar - está por trás do amplo sorriso de Maduro.
"Eu agradeço por todo o apoio,
político e diplomático, em momentos difíceis pelos quais nós estamos
passando", disse Maduro a Putin, em conversa no Kremlin. "Estou muito
grato pelo acordo sobre grãos, que ajudou
a manter estável o consumo na
Venezuela."
O tirano Maduro atravessou uma onda
de protestos do povo venezuelano, com 125 mortos causados pela repressão. A insatisfação popular, notadamente dos
jovens, tem causas políticas e também econômicas, com a crise nos estoques de
alimentos e remédios.
Para dourar um tanto a
pílula, Putin disse o seguinte: "Vemos
que a Venezuela atravessa momentos difíceis. Existe a impressão, porém, de que
você conseguiu estabelecer algum tipo de contato com as forças políticas da
oposição", afirmou Putin. A referência é para um começo de diálogo entre o
chavismo e os líderes da oposição, mediado pela República Dominicana, que não
progrediu.
Agora, as motivações econômicas
da Rússia. O ministro do petróleo da Venezuela, Eulogio del Pino, revelou que
há tratativas com as estatais russas Gazprom e Rosneft sobre projeto de
exploração de reservas de petróleo e gás na costa venezuelana.
Assinale que no começo de 2017
, por meio da Rosneft, a Venezuela
conseguiu fluxo de caixa para quitar títulos de sua dívida externa. Em troca,
os russos ficaram com participação na Citgo, uma refinaria venezuelana nos
Estados Unidos.
Como se sabe, no entanto, a
situação financeira da Venezuela é muito ruim. Com novos títulos vencendo em
outubro corrente e em novembro, e cerrado o acesso ao crédito pelas sanções
americanas, Maduro corre contra o tempo
para conseguir dinheiro e evitar o default.
A declaração a respeito da
reestruturação da dívida como um dos objetivos das negociações é reconhecido
pelo porta-voz de Putin, Dmitri Peskov. Será de verificar-se se, dado o
montante da dívida e o encalacramento de Caracas, Moscou teria condições de
bancar a situação.
Assinala-se, a propósito, que o
governo Putin teria encontrado maneira indireta de sustentar a Venezuela, ao prorrogar
o empréstimo concedido pela Rosneft. Na
semana passada, o ditador Maduro propôs utilizar o yuan chinês e o rublo russo
como referência de moeda estrangeira, no momento em que as reservas
internacionais venezuelanas se encontram perigosamente baixas, o que no caso da
situação do governo Maduro já é um eufemismo, eis que o valor do bolívar,
dentro da hiper-inflação da economia venezuelana, tende para zero.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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