segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Hillary e a eleição escamoteada

                          
        Nós sabíamos o que aconteceu em 8 de novembro de 2016. A candidata democrata, Hillary Rodham Clinton, apesar de favorita,  e vencedora na votação popular, perdeu no colégio eleitoral,  esse arcaico sistema instituído pelos fundadores da Constituição americana.
        Embora Hillary tenha tido  vantagem de cerca de três milhões de votos na votação popular, mesmo assim a democrata perderia  no Colégio Eleitoral. Como ela assinala no seu livro, esta eleição foi decidida por 77.744 votos num total de sufrágios de 136 milhões.
         Como Hillary assinala no seu livro (p.394) se quarenta mil pessoas  houvessem mudado o seu voto em Wisconsin, Michigan e Pennsylvania , a candidata democrata teria ganho a eleição.
          Outro dado, no entanto,  há de provocar calafrios em muita gente. Qualquer teoria para explicar essa estranhíssima reviravolta - porque há provas estatísticas bastantes para determinar que a candidata democrata estava em vantagem até 28 de outubro, quando Jim Comey mandou a sua carta para o Congresso, trazendo de volta a questão dos emails para a eleição.  
          Ele não sabia se haveria algum elemento, relevante para a investigação, no computador de Anthony Weiner, ex-esposo da secretária  de Hillary, Huma Abedin, que trouxesse elementos novos contra Hillary (até então, nada fora descoberto).  Na verdade, como seria de esperar, nada surgiu na tal investigação que depusesse contra Hillary. Comey não teve qualquer escrúpulo em trazer a público a estória de mais este computador. O seu óbvio interesse estava em levantar a lebre.
          A candidata havia desde muito reconhecido o seu erro em utilizar-se de um servidor privado de  computador no Departamento de Estado.  Mas o seu equívoco pesaria até o final. É difícil determinar as motivações de Comey (ele professa ser republicano, e foi nomeado pelo Presidente democrata Barack Obama). É sabido que a elegância não é o seu forte e por isso não se pejou em ser grosseiro com Hillary - ele a criticara de forma pesada em audiência pública - e depois partiria para esse golpe final (não obstante estejam os funcionários da Secretaria de Justiça, a que está subordinado o FBI, obrigados  de acordo com o regulamento a não adotar comportamento que possa interferir numa eleição. Comey agiu justamente como não devia proceder).
             Para encerrar esse melancólico registro de um alto funcionário da hierarquia judiciária, eis a sua declaração final a respeito: 'ele estava "levemente nauseado" diante da idéia de que ele influenciara o resultado da eleição'.
             Afim de não estender demasiado esta pútrida estória de uma eleição subvertida pela campanha individual de um alto funcionário nomeado por Barack Obama, resta-nos mencionar o que Hillary reporta "como o segundo fator que causou no fim de nossa campanha que ela sofresse forte queda foi o complô russo  para sabotar a minha campanha e ajudar a eleger Trump. Michael Morell, o antigo diretor substituto da CIA o descreveu como "o equivalente político de 9/11" , i.e., o ataque às Torres-Gêmeas  pelos aviões sequestrados  pela Al-Qaida.
              "Os e-mails que a Rússia furtou de John Podesta e entregou a WikiLeaks (de Julian Assange) garantiram  que as palavras Clinton e emails  estivessem nas manchetes mesmo antes da carta de Comey. A torrente subterrânea de notícias falsas  aumentou o problema. Para os votantes, as matérias se juntavam para criar um senhor nevoeiro de escândalo e desconfiança. Mesmo que não houvesse fogo, havia fumaça  bastante para sufocar nossa campanha."
                "Juntos, os efeitos da carta de James Comey e  o ataque russo formaram  combinação devastadora. (Nate) Silver do web site Five.Thirty.Eight  concluíu que a eleição - se não fosse por esses dois tardios fatores  - teria sido vencida por Hillary nos estados de Flórida, Michigan, Wisconsin, e a Pennsylvania por cerca de dois pontos." Não obstante, Hillary acrescenta: perdi nos quatro estados por menos de um ponto em média, e Michigan, por cerca de dois décimos de um ponto."



( Fonte:  "What Happened (o que aconteceu)", de Hillary Clinton ).              

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