Nós sabíamos o que aconteceu em 8 de
novembro de 2016. A candidata democrata, Hillary Rodham Clinton, apesar de
favorita, e vencedora na votação popular,
perdeu no colégio eleitoral, esse
arcaico sistema instituído pelos fundadores da Constituição americana.
Embora
Hillary tenha tido vantagem de cerca de três milhões de votos na votação
popular, mesmo assim a democrata perderia
no Colégio Eleitoral. Como ela assinala no seu livro, esta eleição foi
decidida por 77.744 votos num total de sufrágios de 136 milhões.
Como Hillary
assinala no seu livro (p.394) se quarenta mil pessoas houvessem mudado o seu voto em Wisconsin,
Michigan e Pennsylvania , a candidata democrata teria ganho a eleição.
Outro
dado, no entanto, há de provocar
calafrios em muita gente. Qualquer teoria para explicar essa estranhíssima
reviravolta - porque há provas estatísticas bastantes para determinar que a
candidata democrata estava em vantagem até 28 de outubro, quando Jim Comey
mandou a sua carta para o Congresso, trazendo de volta a questão dos emails para a eleição.
Ele
não sabia se haveria algum elemento, relevante para a investigação, no
computador de Anthony Weiner, ex-esposo da secretária de Hillary, Huma Abedin, que trouxesse
elementos novos contra Hillary (até então, nada fora descoberto). Na verdade, como seria de esperar, nada surgiu
na tal investigação que depusesse contra Hillary. Comey não teve qualquer
escrúpulo em trazer a público a estória de mais este computador. O seu óbvio
interesse estava em levantar a lebre.
A
candidata havia desde muito reconhecido o seu erro em utilizar-se de um
servidor privado de computador no Departamento de Estado. Mas o seu equívoco pesaria até o final. É
difícil determinar as motivações de Comey (ele professa ser republicano, e foi
nomeado pelo Presidente democrata Barack Obama). É sabido que a elegância não é
o seu forte e por isso não se pejou em ser grosseiro com Hillary - ele a
criticara de forma pesada em audiência pública - e depois partiria para esse
golpe final (não obstante estejam os funcionários da Secretaria de Justiça, a
que está subordinado o FBI, obrigados de
acordo com o regulamento a não adotar comportamento que possa interferir numa
eleição. Comey agiu justamente como não devia proceder).
Para encerrar esse melancólico registro de um alto funcionário da
hierarquia judiciária, eis a sua declaração final a respeito: 'ele estava "levemente
nauseado" diante da idéia de que ele influenciara o resultado da eleição'.
Afim de não estender demasiado esta pútrida estória de uma eleição subvertida
pela campanha individual de um alto funcionário nomeado por Barack Obama,
resta-nos mencionar o que Hillary reporta "como o segundo fator que causou
no fim de nossa campanha que ela sofresse forte queda foi o complô russo para sabotar a minha campanha e ajudar a
eleger Trump. Michael Morell, o antigo diretor substituto da CIA o descreveu
como "o equivalente político de 9/11" , i.e., o ataque às
Torres-Gêmeas pelos aviões
sequestrados pela Al-Qaida.
"Os
e-mails que a Rússia furtou de John
Podesta e entregou a WikiLeaks (de
Julian Assange) garantiram que as
palavras Clinton e emails
estivessem nas manchetes mesmo antes da carta de Comey. A torrente
subterrânea de notícias falsas aumentou
o problema. Para os votantes, as matérias se juntavam para criar um senhor nevoeiro
de escândalo e desconfiança. Mesmo que não houvesse fogo, havia fumaça bastante para sufocar nossa campanha."
"Juntos, os efeitos da carta de James Comey e o ataque russo formaram combinação devastadora. (Nate) Silver do web site Five.Thirty.Eight concluíu
que a eleição - se não fosse por esses dois tardios fatores - teria sido vencida por Hillary nos estados
de Flórida, Michigan, Wisconsin, e a Pennsylvania por cerca de dois pontos."
Não obstante, Hillary acrescenta: perdi nos quatro estados por menos de um
ponto em média, e Michigan, por cerca de dois décimos de um ponto."
(
Fonte: "What Happened (o que
aconteceu)", de Hillary Clinton ).
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