Os elogios do Partido dos Trabalhadores, assinados pela própria
presidente Gleisi Hoffmann, beiram o
cinismo ao afirmar que as eleições na Venezuela foram "um exemplo de
democracia e de participação cidadã".
Não surpreende que tanto
descaramento só encontre paralelo nas palavras do ditador de Cuba, Raul Castro, ao
dizer que a Venezuela "deu outra grande lição de paz, vocação democrática,
coragem e dignidade."
A tal democracia chavista se
especializa, ora no sádico jogo de negar
ao próprio povo que possa exercer plenamente o dever do voto, ora cansá-lo no
inútil exercício da denegação do sufrágio a esse Povo que é soberano, malgrado a chusma dos lacaios que intentam
barrar o passo da autêntica democracia.
O deboche ao sagrado direito do
voto ao cidadão é tal que para a maioria
do povo que deseja livrar-se pelo sufrágio da ditadura de Maduro os apparatchicks, sabendo da preferência democrática da gente à volta, se
comprazem em reeditar procedimentos que Orwell acharia próprios para inserir na
sua clássica obra sobre o despotismo, quer desrespeitando a localização das seções de votação - com transferências
de última hora para locais ou distantes,
ou até mesmo nos antros dos coletivos
- , em jogo que, na verdade, constitui sardônico, sádico 'preito' à
democracia que tanto temem, pois os servos da ditadura do corrupto-mor, mostram nessas vis contorções o quanto lhes aborrece o
poder do Povo, que o singelo conceito aristotélico da Democracia tão bem
reflete.
Me dá pena que um partido que, ao
surgir unira operário, intelectual e sacerdote na luta pela democracia, ora se
compraza em desenrolar o roto tapete das louvaminhas ao ditador de plantão em
América Latina.
É triste entrever nas palavras de
petistas ilustres o rouco elogio a tal suposto modelo de democracia. Dá pena,
pois pelo visto esqueceram o próprio berço, e hoje não trepidam em louvações à
infeliz terra de Maduro, quando não passa de reles exercício de acosso e
intimidação a um Povo a que desejam arrancar até o direito de escolher os
próprios governantes.
(Fontes: George Orwell, 1984; O Estado de S. Paulo )
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