A ex-Procuradora-Geral Luísa Ortega Díaz
revelou, ontem, em Genebra que o regime Maduro desviou milhões de dólares para
bancos de pelo menos cinco países em três continentes.
Em Berna, ela visitou o Ministério
Público da Confederação Helvética, que é um dos centros das investigações sobre
a Odebrecht.
As más escolhas feitas por essa grande
construtora bahiana levaram a ex-procuradora-geral da Venezuela a fornecer
nessa visita subsídios para que os casos possam ser investigados igualmente
pelo Ministério Público suiço, que já bloqueou mais de mil contas conexas com a
Operação Lava-Jato. Nesse sentido, houve interesse das fontes do M.P. em tratar
do tema. Há documentos que, de resto, revelam que já existe cooperação entre
suiços e americanos por conta da corrupção
na Venezuela.
Em julho último, Ortega revelara que a Procuradoria-Geral
investigava "vinte grandes obras de
infraestrutura da companhia Odebrecht, das quais nove foram executadas
plenamente e onze se acham paralisadas. Desperta espécie outrossim que nessas
obras paralisadas da Odebrecht o governo Maduro desembolsou cerca de US$ 30
bilhões. E, segundo sublinha a ex-Procuradora Ortega, "apesar de ter pago
esses US$ 30 bilhões, as obras não foram concluídas."
Na sede das Nações Unidas em Genebra -
o antigo Palais des Nations em que operava a Liga das Nações - a
Procuradora-Geral Ortega declarou que decidira divulgar as informações de que
dispunha sobre corrupção na Venezuela, depois de receber ameaças contra ela e
seu marido. "O que tenho são evidências e entreguei essas evidências a diferentes
procuradores-gerais", disse a
Senhora Ortega. "Decidi começar a publicar parte dessas evidências. Eu vou
ainda guardar muitas delas para ver quando publicar", alertou ela. Nesse sentido, Ortega promete apresentar amanhã mais uma
parte de suas revelações, por meio de suas redes sociais.
Segundo a ex-Procuradora, ela
repassara ao governo americano informações sobre os esquemas de corrupção.
"Os procuradores que estão na Colômbia comigo se reuniram com os procuradores
americanos e outras autoridades para trocar informações. E apresentamos provas
que comprometem altos funcionários do
governo (chavista)".
Como se sabe, nos últimos meses, o
governo de Donald Trump tem usado alegações de corrupção na Venezuela para
justificar a imposição de sanções contra dirigentes do regime Maduro. Nesse
sentido, a Procuradora também adiantou que deve ir "em breve" para os Estados Unidos.
A doze de outubro, quinta-feira
última, a ex-Procuradora-Geral da Venezuela utilizou as próprias redes sociais
para publicar um vídeo no qual um ex-executivo da construtora Odebrecht admite ter financiado a campanha eleitoral do presidente da Venezuela.
Nessa gravação, o ex-presidente da
Odebrecht na Venezuela, Euzenando Azevedo afirma haver recebido um pedido de
US$ 50 milhões de parte do presidente Maduro, e que aceitou pagar US$ 35
milhões. O trecho em tela se refere às declarações que o citado executivo
brasileiro prestou na sede do Ministério Público Federal em Sergipe, no dia
quinze de dezembro de 2016.
A Procuradora Ortega explicou que a
difusão do vídeo foi uma reação à decisão das autoridades venezuelanas de
emitir um alerta vermelho na Interpol contra seu marido, por suposta conta
que ele teria nas Bahamas. Na avaliação
da ex-Procuradora Geral, tal ofensiva do governo Maduro foi também uma resposta
ao fato de que foram encontrados nos escritórios da Odebrecht documentos
mostrando pagamentos a primos do ex-vice-presidente da Venezuela e homem forte
do chavismo, Diosdado Cabello.
( Fonte: O Estado de S.
Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário