sábado, 14 de outubro de 2017

Revelações da Procuradora Ortega

                                                

       A ex-Procuradora-Geral Luísa Ortega Díaz revelou, ontem, em Genebra que o regime Maduro desviou milhões de dólares para bancos de pelo menos cinco países em três continentes.
        Segundo ela, o dinheiro foi para a Suíça, Andorra, Espanha, Abu Dhabi e República Dominicana.
        Em Berna, ela visitou o Ministério Público da Confederação Helvética, que é um dos centros das investigações sobre a Odebrecht.
        As más escolhas feitas por essa grande construtora bahiana levaram a ex-procuradora-geral da Venezuela a fornecer nessa visita subsídios para que os casos possam ser investigados igualmente pelo Ministério Público suiço, que já bloqueou mais de mil contas conexas com a Operação Lava-Jato. Nesse sentido, houve interesse das fontes do M.P. em tratar do tema. Há documentos que, de resto, revelam que já existe cooperação entre suiços e americanos por conta da corrupção na Venezuela.          
         Em julho último, Ortega revelara que a Procuradoria-Geral investigava  "vinte grandes obras de infraestrutura da companhia Odebrecht, das quais nove foram executadas plenamente e onze se acham paralisadas. Desperta espécie outrossim que nessas obras paralisadas da Odebrecht o governo Maduro desembolsou cerca de US$ 30 bilhões. E, segundo sublinha a ex-Procuradora Ortega, "apesar de ter pago esses US$ 30 bilhões, as obras não foram concluídas."
         Na sede das Nações Unidas em Genebra - o antigo Palais des Nations em que operava a Liga das Nações - a Procuradora-Geral Ortega declarou que decidira divulgar as informações de que dispunha sobre corrupção na Venezuela, depois de receber ameaças contra ela e seu marido. "O que tenho são evidências e entreguei essas evidências a diferentes procuradores-gerais",  disse a Senhora Ortega. "Decidi começar a publicar parte dessas evidências. Eu vou ainda guardar muitas delas para ver quando publicar",  alertou ela. Nesse sentido,  Ortega promete apresentar amanhã mais uma parte de suas revelações, por meio de suas redes sociais.
         Segundo a ex-Procuradora, ela repassara ao governo americano informações sobre os esquemas de corrupção. "Os procuradores que estão na Colômbia comigo se reuniram com os procuradores americanos e outras autoridades para trocar informações. E apresentamos provas que comprometem  altos funcionários do governo (chavista)".
          Como se sabe, nos últimos meses, o governo de Donald Trump tem usado alegações de corrupção na Venezuela para justificar a imposição de sanções contra dirigentes do regime Maduro. Nesse sentido, a Procuradora também adiantou que deve ir  "em breve" para os Estados Unidos.
         A doze de outubro, quinta-feira última, a ex-Procuradora-Geral da Venezuela utilizou as próprias redes sociais para publicar um vídeo no qual um ex-executivo da construtora Odebrecht admite ter financiado a campanha eleitoral do presidente da Venezuela.
          Nessa gravação, o ex-presidente da Odebrecht na Venezuela, Euzenando Azevedo afirma haver recebido um pedido de US$ 50 milhões de parte do presidente Maduro, e que aceitou pagar US$ 35 milhões. O trecho em tela se refere às declarações que o citado executivo brasileiro prestou na sede do Ministério Público Federal em Sergipe, no dia quinze de dezembro de 2016.
          A Procuradora Ortega explicou que a difusão do vídeo foi uma reação à decisão das autoridades venezuelanas de emitir um alerta vermelho na Interpol contra seu marido, por  suposta conta que ele teria nas Bahamas.  Na avaliação da ex-Procuradora Geral, tal ofensiva do governo Maduro foi também uma resposta ao fato de que foram encontrados nos escritórios da Odebrecht documentos mostrando pagamentos a primos do ex-vice-presidente da Venezuela e homem forte do chavismo, Diosdado Cabello.


( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

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