quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Theresa May e a maldição do Brexit

                                                                  
         As contradições abundam na Primeira Ministra Theresa May. Ela se posiciona como se fosse defensora de um 'hard Brexit', vale dizer Brexit radical, quando a própria é, na verdade, chefe de governo que recebe de um cômico folheto impresso dado em geral na Inglaterra a empregados que vão ser despedidos...
         Logo após assumir a direção do gabinete, que lhe fora passada por David Cameron - pelo erro cometido de convocar referendo sobre a participação do Reino Unido na Comunidade - Theresa May se acreditou turbinada a cometer outra leviandade.  Julgou demasiado frágil a maioria que lhe fora passada pelo imprudente Cameron, e como a ex-Secretária do Interior se julgava turbinada para uma mais forte maioria a fim de fazer passar sem problemas um Brexit forte, eis que convoca eleição antecipada, em que todos os seus erros seriam castigados.
          Se os seus antecessores na liderança do Governo terão contemplado a confusão que a May aprontaria com a própria hubris, tendo pressa em governar com sólida maioria, para impor aos antigos sócios em Bruxelas um divórcio forte, eis que tudo sai ao revés, e a consulta popular convocada com boa dose de novata imprudente,  não é que a deixa em frágil posição, forçada a negociar apoio com pequenos, por vezes imprevisíveis partidos irlandeses?
           Quem aparentara imitar a Thatcher, ei-la constrangida a lidar com os problemas que sóem apoquentar a vida dos líderes fracos. Assim como o seu antecessor, por erro de juízo (Cameron pensara que outro referendo sobre a continuação da velha Álbion em Bruxelas não lhe criaria dificuldades, se irresponsavelmente o empregasse para desviar as atenções de outro problema menor) tivera de exonerar-se pela surpresa da vitória do Brexit, agora cabe à May, com as flácidas velas de  armada presa das conspirações que perseguem às líderes de fraca liderança, fazer a navette entre Londres e Bruxelas, querendo parecer tanto aos seus insubmissos comandados, quanto às hostes ditas inimigas, aquilo que não é.  
             Como há poucas dúvidas quanto ao caráter irresponsável, tanto da convocação do referendo, quanto da postura inicial do gabinete da May, como se fosse marmórea a dureza da determinação, mais o tempo vai passando e as incertezas de posições com pouca sustentação na realidade vão criando mais dúvidas do que certezas.
             Será demasiado tarde para arrefecer caminho?  E nesse caso, o que fazer do bloody Brexit imbroglio ?



( Fonte: The New York Times ) 

Nenhum comentário: