As contradições abundam na Primeira
Ministra Theresa May. Ela se posiciona como se fosse defensora de um 'hard
Brexit', vale dizer Brexit radical, quando a própria é, na verdade, chefe de
governo que recebe de um cômico folheto impresso dado em geral na Inglaterra a
empregados que vão ser despedidos...
Logo após assumir a direção do gabinete, que
lhe fora passada por David Cameron - pelo erro cometido de convocar referendo
sobre a participação do Reino Unido na Comunidade - Theresa May se acreditou
turbinada a cometer outra leviandade.
Julgou demasiado frágil a maioria que lhe fora passada pelo imprudente
Cameron, e como a ex-Secretária do Interior se julgava turbinada para uma mais
forte maioria a fim de fazer passar sem problemas um Brexit forte, eis que convoca eleição
antecipada, em que todos os seus erros seriam castigados.
Se os
seus antecessores na liderança do Governo terão contemplado a confusão que a
May aprontaria com a própria hubris, tendo
pressa em governar com sólida maioria, para impor aos antigos sócios em
Bruxelas um divórcio forte, eis que tudo sai ao revés, e a consulta popular
convocada com boa dose de novata imprudente,
não é que a deixa em frágil posição, forçada a negociar apoio com
pequenos, por vezes imprevisíveis partidos irlandeses?
Quem aparentara imitar a Thatcher,
ei-la constrangida a lidar com os problemas que sóem apoquentar a vida dos
líderes fracos. Assim como o seu antecessor, por erro de juízo (Cameron pensara
que outro referendo sobre a continuação da velha Álbion em Bruxelas não lhe
criaria dificuldades, se irresponsavelmente o empregasse para desviar as
atenções de outro problema menor) tivera de exonerar-se pela surpresa da
vitória do Brexit, agora cabe à May,
com as flácidas velas de armada presa das conspirações que perseguem às
líderes de fraca liderança, fazer a navette
entre Londres e Bruxelas, querendo parecer tanto aos seus insubmissos
comandados, quanto às hostes ditas inimigas, aquilo que não é.
Como há poucas dúvidas quanto ao
caráter irresponsável, tanto da convocação do referendo, quanto da postura
inicial do gabinete da May, como se fosse marmórea a dureza da determinação,
mais o tempo vai passando e as incertezas de posições com pouca sustentação na
realidade vão criando mais dúvidas do que certezas.
Será demasiado tarde para arrefecer
caminho? E nesse caso, o que fazer do bloody Brexit imbroglio ?
( Fonte: The New
York Times )
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