As
primeiras tentativas do Secretário da Defesa, James Mattis, e alguns outros militares americanos de alta
hierarquia, de tentar controlar o Presidente Donald Trump quanto à confrontação com
o déspota norte-coreano, obviamente não estão funcionando.
Cresce - e de forma desproporcional -
a ameaça para a Humanidade de um hiperdesastre termonuclear. E não vai por acaso o grifo ao termo, dada a recente resposta do ditador Kim Jong-un, com explosão de mini-bomba de hidrogênio no subsolo
da península coreana.
Dadas as características da
personalidade e da psicologia do atual Presidente americano, tudo o que ora
está acontecendo - e não carece dispor-se de diploma de psicólogo (para
ficarmos apenas no lado light da
questão subjetiva) ao observar e analisar o comportamento dos
dois chefes de estado para que cresça a inquietação de quem tente prever as perspectivas dessa grave e estranha
crise.
Há vários elementos nesta crise
político-militar do século XXI que gritam quanto à disfuncionalidade de seus
respectivos protagonistas.
O primitivismo não é só apanágio de
Kim Jong-un, mas também do próprio presidente Trump. Ao invés de valer-se da
considerável experiência de suas lideranças, tanto políticas quanto militares,
em lidarem com esse tipo de desafio, Trump resolveu ignorar ou, na melhor das
hipóteses, dar aos expertos na matéria um distante assento longe dele próprio,
que, por limitações pessoais, seja psíquicas, seja psicológicas, não acha
oportuno valer-se da considerável experiência que a liderança civil americana
tem na matéria, através das décadas de lidar com o desafio nuclear, assim como
tampouco daqueles agentes do Estado de que uma das principais razões da
respectiva atividade estar em tratar com o jogo das ameaças, assim como da
melhor maneira de controlá-las e/ou neutralizá-las.
Tudo leva a crer que, por um conjunto
de vaidade e de limitações psicológicas, ele parece acreditar que deva tratar o
desafio (no sentido toynbeeano) de Kim
Jong-un como se fosse um confronto normal
entre chefes de governo. Talvez o seu maior erro na matéria seja ignorar (ou na
prática dispensar) o aporte que os altos funcionários do Estado, incluindo
especialistas na matéria quanto ao uso da arma nuclear, poderiam trazer-lhe para que o próprio entendimento
desse desafio cresça na medida em que ele Presidente pareça afastar-se da
questão, quando na verdade ao cortar o presente imediatismo - e aí está uma
vantagem enorme que ele Trump, sem dar-se conta, concedeu ao adversário, na
medida em que o trata em condições de igualdade, quando dispunha de
todas as vantagens para ter mais perspectiva na matéria. Se dela ganhasse um
certo afastamento - a presença como autoridade tutelar, que não teme valer-se de
subordinados, de forma que, de uma distância hierárquica, e portanto
reverencial, tenderia a infundir maior
respeito ao adversário, e disporia do benefício suplementar de ganhar algum afastamento da matéria, benefício esse
de que seu adversário não poderá jamais valer-se.
Outro erro concomitante e
garrafal de Trump está em descer na prática à arena e, dessarte, igualar-se a seu contendor. Na verdade, ao agir como fez no discurso na Assembléia Geral das
Nações Unidas, Trump tornou a própria
posição ainda mais fraca, ao colocar-se não só no mesmo nível, mas, na verdade, em unilateralmente baixar o próprio
nível, tanto no aspecto simbólico, quanto em dispensar opinião e parecer de os
que construíram a própria trajetória nas forças armadas americanas com a base mais
sofisticada que se possa atingir, seja através do poderio em si, seja pela
teoria dos jogos, com o estudo em grau de sofisticação e apuro técnico que é o
oposto do comportamento de Donald J. Trump. Tudo isso, por nescidade e a decorrente
vanglória, o atual presidente achou oportuno jogar literalmente pela janela. Dado
o próprio caráter, Trump põe em risco a própria Humanidade pelo modo
irresponsável não só com que trata a Kim Jong-un, mas também pelo lamentável
exercício de despreparo para levar nos ombros cargo de tal importância.
Sem sequer medir as consequências, ele se pôs
- sem dar-se conta é lógico - no mesmo plano de seu suposto contendor. É difícil, quase impossível, mensurar a
magnitude do erro, não só diplomático, mas também político, além de cognitivo -
i.e., dispor de tal arsenal de experiência, conhecimento e técnica, e não
utilizá-lo!
Nem os Estados Unidos, nem
o Ocidente, nem o mundo civilizado ou não, merecem ficar entregues a personalidade
que manifestamente não está à altura do cargo que o colégio eleitoral americano
lhe outorgou na última eleição.
( Fontes: The
New York Times; A Study of History, de Arnold Toynbee )
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