As boas administrações são tão
difíceis assim de aparecerem? Será a pergunta da vez, que volta e meia se
repete, em um quadro amiúde decepcionante.
Porque ventos de mudança costumam
trombetear o homem público com imaginação e audácia.
Se olharmos para
o passado, e encontrarmos alguém que pareça diverso e mais inspirador do que os
personagens do presente, talvez isso baste para que alguém nos rotule de
saudosista e até mesmo de passadista...
Quando o ceticismo se entranha e
pode mesmo descer às profundezas do cinismo, vale dizer a descrença erigida em
princípio, como se poderá reacender a pira das emoções e da participação na
promessa de um novo governo?
Um candidato quando se apresenta ao
povo - que é o verdadeiro soberano na república - ele precisa trazer consigo
dois trunfos: a credibilidade, que é a folha corrida do seu passado, e a
inteligência nova, que é o seu programa para o futuro.
Uma está ligada à outra. Se ele se
desempenhou bem no passado, ele trará consigo nessa folha corrida a indicação
de o que estará em condições de realizar. Assim, a sua visão do porvir será
necessariamente uma consequência de seu trabalho como homem público
Assim, alguém sério, estudioso e
trabalhador poderá apresentar aos eleitores um programa que mereça fé.
Se ele, ao contrário é limitado,
mesmo se prometer milagres e muitas realizações, lhe faltará a credibilidade,
que constitui uma espécie de avaliação para o eleitor, de que o seu passado dá
uma espécide de atestado.
Assim, o eleitor que se perde e se
confunde, preferindo o candidato ruim ao bom, a quem ele poderá culpar se o
governante não der certo senão a si próprio?
Há pouco tivemos nos Estados Unidos
a confirmação dessa verdade. Se não há comparação possível entre os dois
candidatos, a razão da vitória de Donald Trump só pode ser explicada pela
prevalência da aposta errada sobre aquela correta. Escolher alguém como Donald
Trump ao invés de Hillary Clinton constitui um pesado erro. É raro encontrar
tanta desproporção entre a capacidade de um candidato e a da sua rival.
Nas democracias, se a escolha é
livre, realizá-la dessa forma, preferindo o menos preparado em detrimento da
candidata mais bem preparada para enfrentar o desafio, será um ato que terá
suas consequências que se traduzem em oportunidades perdidas, mas também em
muitos problemas, e alguns de maior gravidade.
É o velho princípio que vem desde a
Antiguidade clássica. Se existe a liberdade do eleitorado de escolher uma em
detrimento da outra opção, esse mau passo terá muitas consequências, em geral
más.
Se a história há de castigar tais
erros, o mais triste nisso tudo, está não só na oportunidade desperdiçada, mas
talvez - e quem sabe de forma ainda mais grave - se a incapacidade do candidato
vencedor vá criar ainda mais males do que os antes existentes.
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