sábado, 30 de setembro de 2017

O que faz boa a Administração?

                              

          As boas administrações são tão difíceis assim de aparecerem? Será a pergunta da vez, que volta e meia se repete, em um quadro amiúde decepcionante.
          Porque ventos de mudança costumam trombetear o homem público com imaginação e audácia.
           Se olharmos para o passado, e encontrarmos alguém que pareça diverso e mais inspirador do que os personagens do presente, talvez isso baste para que alguém nos rotule de saudosista e até mesmo de passadista...
           Quando o ceticismo se entranha e pode mesmo descer às profundezas do cinismo, vale dizer a descrença erigida em princípio, como se poderá reacender a pira das emoções e da participação na promessa de um novo governo?
           Um candidato quando se apresenta ao povo - que é o verdadeiro soberano na república - ele precisa trazer consigo dois trunfos: a credibilidade, que é a folha corrida do seu passado, e a inteligência nova, que é o seu programa para o futuro.
           Uma está ligada à outra. Se ele se desempenhou bem no passado, ele trará consigo nessa folha corrida a indicação de o que estará em condições de realizar. Assim, a sua visão do porvir será necessariamente uma consequência de seu trabalho como homem público
          Assim, alguém sério, estudioso e trabalhador poderá apresentar aos eleitores um programa que mereça fé.
           Se ele, ao contrário é limitado, mesmo se prometer milagres e muitas realizações, lhe faltará a credibilidade, que constitui uma espécie de avaliação para o eleitor, de que o seu passado dá uma espécide de atestado.
           Assim, o eleitor que se perde e se confunde, preferindo o candidato ruim ao bom, a quem ele poderá culpar se o governante não der certo senão a si próprio?
           Há pouco tivemos nos Estados Unidos a confirmação dessa verdade. Se não há comparação possível entre os dois candidatos, a razão da vitória de Donald Trump só pode ser explicada pela prevalência da aposta errada sobre aquela correta. Escolher alguém como Donald Trump ao invés de Hillary Clinton constitui um pesado erro. É raro encontrar tanta desproporção entre a capacidade de um candidato e a da sua rival.
           Nas democracias, se a escolha é livre, realizá-la dessa forma, preferindo o menos preparado em detrimento da candidata mais bem preparada para enfrentar o desafio, será um ato que terá suas consequências que se traduzem em oportunidades perdidas, mas também em muitos problemas, e alguns de maior gravidade.
            É o velho princípio que vem desde a Antiguidade clássica. Se existe a liberdade do eleitorado de escolher uma em detrimento da outra opção, esse mau passo terá muitas consequências, em geral más.

            Se a história há de castigar tais erros, o mais triste nisso tudo, está não só na oportunidade desperdiçada, mas talvez - e quem sabe de forma ainda mais grave - se a incapacidade do candidato vencedor vá criar ainda mais males do que os antes existentes.

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