terça-feira, 26 de setembro de 2017

Os "Jogos" da Guerra Nuclear

                   

     Nos passados exercícios de simulação de enfrentamentos nucleares, não creio se terá imaginado a versão ora apresentada a uma opinião pública mundial tão perplexa, quanto assustada, que é a de  confronto entre a maior superpotência mundial e um país atrasado e subdesenvolvido, submetido à dinástica ditadura, que por uma série de disfunções do sistema internacional de prevenção à nuclearização de estados piratas, logrou acessar tecnologia  a que jamais teria oportunidade de utilizar se o sistema acima mencionado fosse submetido a regras compatíveis com a ameaça que representa para a Humanidade o seu eventual desrespeito.
     É conhecido o lugar-comum que a realidade, com os seus desvãos e minúcias, costuma sobrepujar as fabricações da mais desenfreada imaginação criativa.
      É o que estamos ora assistindo no farsesco confronto entre a Superpotência estadunidense e a hiperditadura da Coréia do Norte - este um país atrasadíssimo, que só subsiste porque a sua existência apraz ao regime comunista chinês, a que interessa dispor de  vassalo subdesenvolvido na própria cercania.
       No entanto, Pyongyang dá muitas indicações de que o seu atual soberano Kim Jong-un - em  regime submetido a uma ditadura híper-oriental, a qual, apesar de declarar-se comunista, é na realidade uma monarquia, em que os soberanos se sucedem - sempre à sombra de Beijing - com a população submetida aos próprios caprichos do líder máximo.
        Se os soberanos anteriores tiveram o bom-senso de não afrontar a ordem mundial, parece que tal não mais agrada ao presente autocrata da Coréia do Norte. Sem dúvida, a sua escolha encontrou as condições ideais para frutificar, eis que o último pleito americano - com as suas idiossincrasias - criou o cenário necessário para que, com as respectivas irresponsabilidades, surgisse a situação ideal para um estúpido confronto entre dois chefes de estado que, normalmente, em um cenário tradicional, ou pelo menos respondendo a condições mínimas de experiência e capacidade previsível de atuação internacional, não estaria ora presente tanto em Washington, quanto em Pyongyang. Nenhum dos antecessores desse jovem que ora é o soberano absoluto da Coréia do Norte - com todos os defeitos inerentes à constituição do respectivo poder - jamais adentrara um curso de ação que de longe se assemelhe às juvenis provocações do Presidente Kim Jong-un.
        Tampouco, é difícil imaginar que fôssemos encontrar na Casa Branca um dirigente político nas condições de Donald J. Trump. Nunca arrogância e ignorância formaram conjunto mais disruptor e consternador do que as características principais desse ultra-demagogo que, por um conjunto infeliz de circunstâncias, se acha hoje sentado na Casa Branca, ou, como diriam os italianos, está aboletado en la stanza dei bottoni   (i.e., na sala dos botões do governo).
        Que esses senhores estejam na situação em que se encontram, infelizmente não há nada a fazer. Aquele, pelos direitos das monarquias, que funcionam por via hereditária; este por um azíago conjunto de circunstâncias, em que participam a raiva de gospodin Putin, a displicência de Barack Obama e as brincadeiras de uma eleição em que até o diretor do F.B.I. resolve interferir, com as suas seguidas e estranhas mensagens ao Congresso Americano. 



( Fontes: The New York Times; What Happened, de Hillary Clinton. )

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