quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Como contextualizar Trump ?

                              

         Mitch McConnell, o senador republicano e atual líder da maioria do GOP no Senado, afirmou anos atrás que uma das missões que se impunha  dentro do Partido Republicano era criar condições para que Barack Obama fosse presidente de um só mandato.
         Todos sabemos quão importante é na política estadunidense que, além de todas as vantagens que normalmente advêm para o partido que logra emplacar oito anos na Casa Branca, está igualmente o estigma que cai sobre a situação de um presidente - e, em verdade, nele próprio como figura histórica - a circunstância de que não logrou cumprir a parte que lhe cabia em trazer para os Estados Unidos a sua mensagem plena como Chefe de Estado.
         O ponto aqui não está na circunstância de que McConnell não conseguiu transformar em realidade o seu sonho. Barack Obama completou os seus períodos, e saíu com uma boa imagem e Administração que logrou trazer para os Estados Unidos o ACA - a lei do tratamento de saúde custeável.
          Sobre o seu sucessor, alguém ainda não se animou a declarar que se propõe trabalhar para que Donald Trump seja presidente de um só mandato, assim como Buchanan foi, às vésperas da magna crise da Guerra Civil americana.
           Por ora, o Partido Republicano tem a maioria nas duas Câmaras. A grande maioria das pessoas que têm algum entendimento da política estadunidense sabe que a situação anormal - decorrente do gerrymander na Câmara de Representantes - deverá um dia acabar. Quanto ao Senado, se o Partido Democrata não atrapalhar muito, é possível e até provável que os democratas recuperem a maioria no Senado. Para tanto, eles dispõem das favoráveis condições de um governo inepto e confuso, como o é a Administração Trump. Que isto vá bastar para termos novas caras e uma revigorada maioria do partido de FDR no Senado é uma outra estória.
           Se os democratas ao invés de litigarem entre si e  tentarem entredevorar-se,  e tratarem de levantar uma candidatura séria e com possibilidades de aglutinar um apoio popular depois do errático e incompetente governo Trump, já seria mais do que um satisfatório começo, pois com um bom desempenho nas eleições intermédias, já se terá meio caminho andado.
            Seria, outrossim, oportuno que os órgãos da Secretaria de Justiça e mais instâncias competentes em assegurar eleições limpas e livres de interferência de terceiros possam atuar de forma competente, evitando grampos , inclusive de potência estrangeira - já seria um  passo alvissareiro para evitar que o resultado possa ser maculado, como o terá sido em 2016.
            Para que o Partido Republicano e a direita americana não venham mais uma vez assegurar mais quatro anos de sólida mediocridade e de ocasionais mesquinharias - como foi a de colocar a espada de Dâmocles com a expulsão cruel  de possíveis eleitores que de repente se descobrem vulneráveis para serem imoralmente expulsos dos Estados Unidos, que com Trump deixa de ser a terra da esperança - como Obama havia criado condições para tal - e de repente este presidente volta a manchar a tradição americana de acolhida aos imigrantes e filhos de imigrantes, que para lá vão, com boa fé e trabalho, contribuir para a prosperidade de Tio Sam.

              Que país é este que escorraça quem nasceu em terra americana, e se acreditava tão americano quantos seus amigos?    

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