O Secretário da Defesa dos Estados
Unidos, o General James Mattis, teve as suas palavras em base militar captadas
por um smartphone, dirigidas à tropa em base militar no exterior:
"Aguentem firmes até o nosso país voltar a ter compreensão e respeito de
uns pelos outros e demonstrar isso."
Não cabe duvidar quem Mattis tinha em
mente quando pronunciou essas palavras,quando o Secretário de Defesa
complementou o seu improviso, na frase acima."
Ainda nessa conversa aparentemente simples, Mattis lembrou os dois grandes
poderes dos Estados Unidos: o de
intimidar e o de inspirar. E
completou: o de intimidar, voltando para
os soldados, "são vocês". Agora,
quanto ao poder de inspiração "nós
ainda vamos recuperar nosso poder de inspiração."
E quando no dia
seguinte, com relação a mais um tuite de Trump "Os Estados Unidos
conversaram com a Coreia do Norte e pagaram extorsão a eles durante 25 anos.
Conversar não é a resposta!" Duas
horas depois, o general Secretário da Defesa disse para as câmeras: "Não,
nunca esgotamos as soluções diplomáticas."
Dadas as posições desatinadas de
Trump, e o próprio manifesto descontrole diante de crise que é muito maior do
que o seu intelecto, não surpreende que
não só altas autoridades militares, como Mattis, mas até mesmo civis, como o
Secretário de Estado Rex Tillerson, afirmem posição contrária à atitude de
Trump. Ao dizer Tillerson que ninguém
duvida do direito à igualdade, quando perguntado "E o presidente?", o secretário de
Estado respondeu : "O presidente responde por si mesmo."
Se se tratasse de um governo
parlamentarista, Trump, enquanto chefe
de governo, cairia. No sistema presidencialista, a solução é torná-lo, na
prática, uma figura algo patética que fala coisas que a realidade à sua volta
desmente. Com a erosão, não só do prestígio, vai junto também a própria autoridade,
ainda que respeitada em termos formais. Funciona aqui uma espécie de
autopreservação do poder estadunidense, e assim as manifestas sandices do
presidente se dissolvem no ar, como se fora uma conversa entre particulares,
que não é suposta produzir consequências mais efetivas. É a preservação do
poder real, que diante da provada incapacidade de lidar com o desafio, leva ao
consensual afastamento - de forma prática e sem aparente reflexo na realidade
estatal - como se fora medida da prevenção dos poderes do Estado, enquanto
devidamente exercidos.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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