Diante da provável segunda denúncia,
na próxima semana, noticia a imprensa de
que o Presidente Michel Temer decidiu antecipar a volta da China, chegando ao Brasil na
terça-feira, dia 5 de setembro.
Se a justificativa oficial é a de que o
Presidente quer estar no país para acompanhar a votação da proposta de mudança
das metas fiscais de 2017 e 2018, na verdade a razão cogente está na circunstân-cia de que, além de defender-se
no campo jurídico, precida articular forte reação política à provável denúncia,
quando a acusação do Procurador-Geral, pressuposto já o apoio do encarregado da
Lava-Jato, ministro Edison Fachin,à iniciativa, a presumir-se derradeira, como
era a prática dos partas ao tomarem a retirada. Tais flechadas eram temíveis na
Antiguidade, embora não se tenha notícia de que além de constarem dos anais,
haja prevalecido contra as forças oponentes.
O presidente Temer, a propósito,
decidiu partir para o ataque, na tentativa de criar "vacina" contra as acusações. Nessa orientação, divulgou a primeiro do
corrente, nota em que desqualifica o
operador Lúcio Funaro, que firmou acordo de delação com a Procuradoria-Geral
da República, e chama o empresário Joesley Batista, da JBS, de
"grampeador-geral da República".
A nota assinada pela Secom diz
que a "suposta segunda dela- ção" de Funaro apresenta
"inconsistências e incoerências próprias de sua trajetória de crimes". Afirma, outrossim, que Temer se reserva o
direito de não tratar de "ficções e invenções" de quem quer que seja.
Cita, ainda, que o operador- chamado apenas de "doleiro" - acionou a
Justiça, meses atrás, para cobrar valores devidos a ele pelo grupo de Joesley.
Foi o dono da JBS quem gravara Temer, em conversa que se tornou pública em maio
último.
Como não se ignora, Temer
está em visita oficial à Repúbli-ca Popular da China, onde participa de
encontro do grupo de países que é conhecido pelo acrônimo BRICS - e que é
formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Posto que interlocutores de Temer digam que a "última flecha" do
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, antes de deixar o cargo,
não terá potencial para fazer grandes estragos, o receio do Planalto é de que a
cobrança da "fatura", da parte de aliados, venha a ser mais alta. Se
tal ocorrer, a crise pode se aprofundar, contaminando indicadores econômicos,
embora o Ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, tenha dito que a economia anda com "as
próprias per-nas" e está "descolada" da política.
O Palácio do Planalto
recebeu a informação de que mais esta denúncia de Janot contra Temer será,
desta vez, por obstrução da Justiça. Na nota ontem divulgada a Secretaria de
Comunicação da Presidência (Secom) cita o diálogo gravado clandestinamente por
Joesley para sustentar que o presidente
"jamais" obstruiu a Justiça.
Ontem, em manifestação na qual
defende a manutenção da prisão preventiva do deputado cassado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), no âmbito da Operação Patmos,
Janot disse que integrantes do PMDB instalaram uma organização criminosa na
Câmara e que o ex-presidente da Casa seria "um dos mais importantes
atores". Janot afirma, outrossim,
que Cunha não pode obter a soltura em extensão da decisão do ministro Edson Fachin que pôs o
ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) em liberdade, afirmando que "a
partici-pação do requerente nos aparatos ilícitos ao menos parcialmente desarticulados
por meio da Operação Patmos é
significativamente mais gravosa que a de Rodrigo Rocha Loures".
De acordo com a própria ótica, quando se
reporta a Loures, o procurador-geral
afirma que ele era "um intermediário do líder da organização criminosa". Já em outros trechos da peça acusatória,
escreve que Loures agia em nome de Temer.
É de esperar-se
que essa última flechada, nos seus derradeiros dias à frente da
Procuradoria-Geral, traga mais elementos,
de acordo com os objetivos da PGR, sob a gestão do em fim de mandato Rodrigo Janot, para justificar mais essa ulterior denúncia,
alegadamente por obstrução de Justiça.
Não se sabe
como ela terminará. A primeira fora
motivada pela delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que, ao contrário de
todos os demais delatores da República,
não tiveram de cumprir um dia sequer de pena. Agora, o sorridente
Ministro Fachin concedeu mais sessenta dias para a JBS completar a delação.
Consta no Estadão a seguinte esclarecedora: "Os empresários Joesley e Wesley Batista e os demais
delatores da empresa JBS terão mais sessenta dias para entregar informações
complementares dentro do acordo de colaboração premiada firmado com a
Procuradoria-Geral da República para entregar informações complementares dentro
do acordo de colaboração premiada firmado com a Procuradoria"
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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