sábado, 2 de setembro de 2017

A Segunda Denúncia de Janot contra Temer


         Diante da provável segunda denúncia, na próxima semana,  noticia a imprensa de que o Presidente Michel Temer decidiu antecipar  a volta da China, chegando ao Brasil na terça-feira, dia 5 de setembro.
           Se a justificativa oficial é a de que o Presidente quer estar no país para acompanhar a votação da proposta de mudança das metas fiscais de 2017 e 2018, na verdade a razão cogente está  na circunstân-cia de que, além de defender-se no campo jurídico, precida articular forte reação política à provável denúncia, quando a acusação do Procurador-Geral, pressuposto já o apoio do encarregado da Lava-Jato, ministro Edison Fachin,à iniciativa, a presumir-se derradeira, como era a prática dos partas ao tomarem a retirada. Tais flechadas eram temíveis na Antiguidade, embora não se tenha notícia de que além de constarem dos anais, haja prevalecido contra as forças oponentes.
              O presidente Temer, a propósito, decidiu partir para o ataque, na tentativa de criar  "vacina" contra as acusações.  Nessa orientação, divulgou a primeiro do corrente,  nota em que desqualifica o operador Lúcio Funaro, que firmou acordo de delação com a Procuradoria-Geral da República, e chama o empresário Joesley Batista, da JBS, de "grampeador-geral da República".
               A nota assinada pela Secom diz que a "suposta segunda dela- ção" de Funaro apresenta "inconsistências e incoerências próprias de sua trajetória de crimes".  Afirma, outrossim, que Temer se reserva o direito de não tratar de "ficções e invenções" de quem quer que seja. Cita, ainda, que o operador- chamado apenas de "doleiro" - acionou a Justiça, meses atrás, para cobrar valores devidos a ele pelo grupo de Joesley. Foi o dono da JBS quem gravara Temer, em conversa que se tornou pública em maio último.
                  Como não se ignora, Temer está em visita oficial à Repúbli-ca Popular da China, onde participa de encontro do grupo de países que é conhecido pelo acrônimo BRICS - e que é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.   
                    Posto que  interlocutores de Temer digam  que a "última flecha"  do   procurador-geral da República, Rodrigo Janot, antes de deixar o cargo, não terá potencial para fazer grandes estragos, o receio do Planalto é de que a cobrança da "fatura", da parte de aliados, venha a ser mais alta. Se tal ocorrer, a crise pode se aprofundar, contaminando indicadores econômicos, embora o Ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha,  tenha dito que a economia anda com "as próprias per-nas" e está "descolada" da política.
                        O Palácio do Planalto recebeu a informação de que mais esta denúncia de Janot contra Temer será, desta vez, por obstrução da Justiça. Na nota ontem divulgada a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) cita o diálogo gravado clandestinamente por Joesley para sustentar  que o presidente "jamais" obstruiu a Justiça.
                        Ontem, em manifestação na qual defende a manutenção da prisão preventiva do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no âmbito da Operação Patmos, Janot disse que integrantes do PMDB instalaram uma organização criminosa na Câmara e que o ex-presidente da Casa seria "um dos mais importantes atores". Janot afirma, outrossim,  que Cunha não pode obter a soltura em extensão da  decisão do ministro Edson Fachin que pôs o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) em liberdade, afirmando que "a partici-pação do requerente nos aparatos ilícitos ao menos parcialmente desarticulados por meio da Operação Patmos é significativamente mais gravosa que a de Rodrigo Rocha Loures".
                            De acordo com a própria ótica, quando se reporta a Loures,  o procurador-geral afirma que ele era "um intermediário do líder da organização criminosa".  Já em outros trechos da peça acusatória, escreve que Loures agia em nome de Temer.
                             É de esperar-se que essa última flechada, nos seus derradeiros dias à frente da Procuradoria-Geral,  traga mais elementos, de acordo com os objetivos da PGR, sob a gestão do em fim de mandato  Rodrigo Janot,  para justificar mais essa ulterior denúncia, alegadamente por obstrução de Justiça.

                                   Não se sabe como ela terminará.  A primeira fora motivada pela delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que, ao contrário de todos os demais delatores da República,  não tiveram de cumprir um dia sequer de pena. Agora, o sorridente Ministro Fachin concedeu mais sessenta dias para a JBS completar a delação. Consta no Estadão a seguinte esclarecedora: "Os empresários  Joesley e Wesley Batista e os demais delatores da empresa JBS terão mais sessenta dias para entregar informações complementares dentro do acordo de colaboração premiada firmado com a Procuradoria-Geral da República para entregar informações complementares dentro do acordo de colaboração premiada firmado com a Procuradoria"

( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

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