quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Hillary, Sanders e o voto Democrata

        
       O New York Times em artigo se ocupa da chamada ala progressista do Partido Democrata. Se há ainda debates sobre a eventual influência da corrente de Bernie Sanders no enfraquecimento dos votos da candidata Hillary Clinton, a presença no partido dos simpatizantes liberal no sentido inglês de correntes que seriam chamadas de esquerdizantes em outras plagas, como é o caso da Senadora Barbara Warren,  não se pode infelizmente descontar tal peso negativo no que tange a eventuais representantes do Partido Democrata.
       Bernie Sanders nunca fez segredo de sua postura independente dentro do Partido Democrata, cuja linha eventualmente segue como alguém que tem a própria agenda, e, por conseguinte, não é exatamente um fator de união.
       A primeira mulher que concorreu com chances de vencer teve no pleito do ano passado uma estranha coligação contrária. Fala-se muito de o que representou a pra-lá de esquisita coalizão informal que levou um independente abrigado nas fileiras do Partido de Abe Lincoln a colher mais um estranhíssimo triunfo, em que é derrotado no voto popular - como o foi Al Gore pelo republicano George W. Bush   - e vence na votação do colégio eleitoral...
        Sanders tem demonstrado pelo seu comportamento que é um independente, que, de acordo com a respectiva conveniência, pode associar-se ao lado democrata, embora o oportunismo tende a ser a respectiva estrela guia. Nesse ponto,  sua postura, se não o aproxima, o coloca em uma corrente oportunista, em que a linha partidária tenha  a respectiva ênfase reduzida, em prol das possibilidades de uma eventual utilização do peso dos votos normalmente dirigidos para o partido de Roosevelt, mas que terá sempre uma posição em que os respectivos interesses da candidatura superam aqueles que movem o grande partido de massas que é o democrata.
          Resta, contudo, difícil entender porque a candidatura de Hillary Clinton não foi recebida dentro do Partido Democrata com a necessária unidade. Nunca tantos movimentos autônomos - dissociados da linha democrata - a combateram com um fogo e iniciativas que pouco ou nada tiveram de "amigo". Para que um candidato tão ruim e tão desagregador quanto se mostrara já na campanha eleitoral tenha sido apoiado por tantas alas dentro e fora do Partido Republicano, tendem a levar qualquer observador que além de objetivo, busque encontrar não só os moventes, mas também as razões que levaram à surpreendente vitória de candidato manifestamente despreparado e inferiorizado em relação à sua adversária não constitui uma tarefa inútil quanto à determinação das circunstâncias de que Hillary Clinton foi prejudicada intensa e intencionalmente em numerosos episódios, não porque era menos capaz do que o adversário, mas pelo fato de constituir uma ameaça a sólidos interesses, assim como tendente à criação de novas maiorias que não estavam nos cômputos da coalizão que apoiou  Donald Trump.
               Há pressa em considerar Hillary Clinton uma carta fora do  baralho.  Terá sido realmente o interesse da maioria do Povo americano que prevaleceu na eleição de 2016, em que os mais estranhos bed fellows - unindo de um lado o senhor de todas as Rússias,  gospodin Vladimir Putin, e de outro a ultra-direita do GOP - prevaleceram, com a oportuníssima ajuda do então diretor do FBI, James Comey, que desrespeitaria todas as regras do Departamento de Justiça para interferir tanto nos ataques a Hillary Clinton, no caso de terminal privado de computador, quanto nas ainda mais estranhas advertências aos votantes antecipados, sobre uma eventual descoberta no computador do marido da ex-secretária de Hillary, descoberta essa que jamais se concretizou?

( Fonte: The New York Times )        

      

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