Através
dos séculos e conflitos que sacudiram o Oriente Médio, a uma nacionalidade, a
etnia dos curdos, tem sido sempre denegado território para a pátria, seja pelos
caprichos da história, seja pela progressão das demais nações conflitantes.
Tanto na
Ásia Menor, quanto na Anatólia, não se
encontraria, dessarte, espaço para
abrigar o povo curdo.
Apesar
de ser povo guerreiro, os curdos serão sempre, por força desse raciocínio,
minoria nas regiões em que se estabeleçam, seja na própria Síria, seja no continente asiático.
Já na
Turquia se denega espaço para a nacionalidade curda. Aí vivem como cidadãos de
segunda categoria. Na passada história, a Anatólia - que abrigara a civilização helênica e o próprio império bizantino na fase terminal
da potestade romana no Oriente - foi, já
na era cristã, invadida pela etnia turca, que procedia da Ásia oriental. A
longa permanência da civilização helênica e a decadência do Império Romano do
Oriente abririam espaço para a imigração
de povos asiáticos, como os turcos. Com o passar dos séculos, esse hinterland será ocupado por etnia asiática, com o
gradual afastamento do povo helênico, que acabou sendo empurrado para a parte
litorânea.
Com
a derrota do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial, houve tentativa
helênica de firmar a própria presença na Anatólia, máxime no litoral
mediterrâneo, em que a presença grega se contava por milênios.
Não
obstante, na batalha decisiva de 13 a 20 de agosto de 1922, o exército helênico
foi desbaratado pelo turco, comandado por Mustafá Kemal. Essa amarga e decisiva derrota, em que não
faltou a traição de colunas comunistas, selou o que veio a ser denominado de Catástrofe, o que bem reflete a porfia que
marcaria o brutal e inexorável término para os milênios da presença helênica na
Anatólia. Tristemente determinante para o fim tão cruel quanto abrupto para a
manutenção da milenar presença helênica
na Anatólia, os comandantes gregos nessa batalha, que decerto não emularam
Alexandre ao embrenhar-se num avanço imprudente que mais os enfraquecia, do que
lhes dava a fortaleza necessária para afrontar
o combate com o inimigo secular. Para o desmantelamento das forças
gregas, a que se agregou a insídia da traição, com o golpe pelas costas de
linhas adrede abandonadas, só lhes
restou emular a retirada, seguida pela derrota
urdida pela torpe aliança das traições, em marcha batida para a fuga por
mar para o que fora o território angusto da antiga Helas no continente europeu. O mundo helênico sofre até hoje da inesperada,
tão cruel quanto impiedosa, derrocada de
sua milenar presença na Anatólia. Nunca
o vae victis (ai dos vencidos! ) do
gaulês Breno seria sentido tão fundamente, quanto ainda o é pelos descendentes
de combate mal ideado e chefiado, e com o pesado, maligno número de traidores
nas respectivas fileiras, que prontos estavam para ceder a própria soberania
por ideológico ditado...
A
Anatólia, a despeito de helênica há milênios, deixou de sê-lo para abrigar a
etnia turca. Também os curdos aí estavam presentes, no seu papel de minoria que
até hoje tem presença relevante naquele grande espaço territorial, assim como
os armênios, que empós o genocídio sofrido também na primeira guerra mundial,
de parte do Império Turco, receberam ao norte espaço territorial hoje ocupado
pelo Estado armênio. No entanto, por soez
manipulação do Comissário das Nacionalidades, o camarada Stalin, a pequena
Armênia se viu entrelaçada, pelo Nagorno-karabak,
com a hostil etnia dos azeris.
O
que pode tornar-se o núcleo da nação curda e suscetível de vir a ser
internacionalmente reconhecida se localiza no norte do Iraque,no chamado Curdistão.
Tem como capital Arbil, área territorial de 40,6 mil km2, com 8,35 milhões de
habitantes, e como presidente, Massoud
Barzani.
Apesar de que tal área constitua núcleo homogêneo, localizado ao norte
do Iraque, com boas condições de constituir nação homogênea, soa a hora
em que se recomenda ao povo curdo que tenham paciência, que as condições ainda não são as ideais, e
que a unidade do Iraque carece de ser preservada. E não falta o fator do momento: existe o
perigo de o Estado Islâmico reforçar-se , o que não está no interesse nem do
mundo árabe, nem dos próprios curdos...
Na verdade, o Curdistão só surgirá pela vontade do povo curdo e com a
férrea determinação de varrer os rituais temores do surgimento de um Estado curdo. Na luta contra
o Estado Islâmico, hoje bastante diminuído, e já despojado de muitos recursos
que antes lhe garantiam uma ação com grande perigo e ameaça para o Oriente
Médio, ora, muito por conta do empenho e do valor do guerreiro curdo, grande
parte dessa ameaça já se desfez.
E não se fale em estados artificiais no Oriente próximo. O que aqueles
que se prevalecem da mão de obra e da colaboração do povo curdo, ora distribuído
em minorias por essa região, temem é o
surgimento afinal de um Estado que seja a projeção da capacidade como trabalhador e também como soldado da
etnia curda. A espera foi longa e, por certo, injusta dado o valeroso
apoio que o homem curdo como soldado,
trabalhador , empresário e dirigente vem dando para enfrentar os desafios da
região. É justo que agora o curdo coopere com os demais em igualdade de
condições.
( Fontes: The New York Times; The New York Review of Books; História Helênica; História contemporânea; internet; Enciclopédia Delta-Larousse )
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