Hoje colunista do Estadão, depois de
estar na Folha, Eliane Cantanhêde, escreve com muita oportunidade, de que a versão de
Lula vale mais do que os fatos de Moro, nas regiões Norte e Nordeste.
Daí a incrível rejeição que há ainda
nessas áreas contra o Juiz Moro, que anda pelos 37% de desaprovação para o
símbolo da Operação Lava-Jato.
O PT resolveu contratar o advogado
britânico Geoffrey Robertson,
para representar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Comitê de Direitos
Humanos, que costuma reunir-se no velho Palais
des Nations, em Genebra, que data dos tempos da velha Liga das Nações
(SDN).
Para começo de conversa, Robertson
brinda a audiência petista com o seguinte intróito: "Moro e os colegas estão dizendo que ainda há recursos para Lula na
Justiça. Nós estamos alegando que não há
mais recursos aqui porque a Justiça do Brasil é totalmente parcial (sic). Portanto, temos de ir às
instâncias internacionais, onde há uma Justiça verdadeira", disse Robertson.
O advogado se refere à defesa
feita pelo governo brasileiro perante o Comitê de Direitos Humanos das Nações
Unidas. A defesa, assinada pelo Juiz Sérgio Moro, responsável pela
condenação de Lula a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e
lavagem de dinheiro no caso do tríple do Guarujá, alega que o petista não pode
recorrer a cortes internacionais
enquanto ainda houver a possibilidade de recursos para reverter a
sentença na Justiça brasileira.
Ao afirmar que Lula não tem
mais chances de sucesso nos tribunais brasileiros, Robertson admite que Lula
pode estar fora da disputa eleitoral de 2018. Se for condenado pelo TRF-4 o
petista pode ser enquadrado na Lei da
Ficha Limpa e ficar, por conseguinte, inelegível para esta eleição e a
próxima.
O advogado inglês citou a
entrevista do presidente do TRF-4, Carlos
Eduardo Thompson-Flôres ao Estado, para fundamentar sua argumentação.
A despeito dos elogios feitos
pelo presidente Thompson-Flôres à sentença de Moro (que condena Lula) - irrepreensível, irretocável - cabe assinalar
que não é referida a circunstância de que o presidente do Tribunal se eximiu de
dar opinião sobre a condenação em si, que é, como frisou Thompson-Flôres da
competência dos três desembargadores que julgarão a sentença do Juiz Moro.
Subtraindo ao público essa
premissa, Robertson atua como advogado ao dizer: "O mais ridículo é que o
presidente do Tribunal já basicamente prejulgou o Lula, dizendo que a sentença
do Moro é impecável. Fica nítido que o julgamento não é imparcial. É uma
aberração", disse Robertson.
O britânico é o primeiro no
entorno de Lula a dizer publicamente que o petista não tem chances de reverter
a condenação aplicada por Moro. Nas últimas duas semanas, o Estado ouviu mais
de vinte advogados que atuam na Lava-Jato ou acompanham de perto o caso de
Lula. Quase todo afirmam, sob a condição de anonimato, que a possibilidade de a
Segunda Turma do TRF-4 reverter a sentença de Lula é mínima.
Já o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, responsável
pela vinda de Robertson ao Brasil, confirmou que os recursos em defesa do
petista nos tribunais superiores têm sido ineficazes, mas evitou fazer críticas
generalizadas à Justiça brasileira, dizendo inclusive que não jogou a toalha.
"Essa sentença não
tem como prevalecer. Para mim só tem uma hipótese de a decisão não ser
derrubada: é se o TRF-4 decidir julgar Lula de uma forma diferente",
afirmou o advogado Zanin Martins.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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