sábado, 23 de setembro de 2017

O que fazer do Rio ?

                             

        Há seriedade no governo do Rio de Janeiro? A população tem acaso confiança na administração estadual de Pezão para enfrentar a criminalidade? Que credibilidade pode ter a Polícia Militar do Rio de Janeiro, depois das clamorosas falhas no programa Favela-Bairro e na desmoralização da P.M., após o grande logro do suposto retorno do Alemão à normalidade cidadã, comemorado até em novela da Rede Globo, e escarnecido pelo fracasso da Polícia Militar na repressão ao crime organizado nas favelas, a começar pela de Santa Marta, que seria o farol da recuperação do morro do crime organizado? E o que dizer na queda da moral, marcada com a partida do Secretário Beltrame da chefia da P.M. no Rio de Janeiro, diante do fracasso de tudo o que fora prometido à população naquele domingo supostamente glorioso em que Governo do Estado, então presidido pelo hoje presidiário e ex-Governador Sérgio Cabral, e por representações de porte das FF.AA., para marcar o que seria a recuperação do Alemão para a normalidade cidadã?
         Muitos ainda não esqueceram a confiança que foi injetada na população pelas áureas - e infelizmente falsas - promessas de normalização da favela como um lugar sob o signo do morro de Santa Marta - que espalharam pelo Rio de Janeiro a falsa esperança da absorção das favelas pelo programa favela-bairro, doravante transformado em farol de um mundo melhor, em que as favelas (ou comunidades) poderiam conviver com o asfalto, na medida em que estariam livres do tráfico e das condições precárias que sempre nortearam a vida dessas comunidades forçadas pela vida e a falta de recursos a vegetar no desconforto do morro, e com a nociva presença da criminalidade.
         No cemitério das falsas realizações e da capacidade da população de querer acreditar que uma vida normal é possível até mesmo no morro, o dito programa favela-bairro, protagonizado pela Administração Sérgio Cabral seria mais uma estação nesse longo itinerário da população carente carioca de querer acreditar que "desta vez tudo será diferente" e que se poderá embarcar em mais essa proposta de mundos-e-fundos que uma honesta fachada - o secretário Beltrame - agitava para a comunidade carioca que, malgrado o longo itinerário de logros sem fim queria acreditar que uma vida melhor, mais humana e mais civilizada era possível, mesmo no Rio de Janeiro, com a política da Alerj e os planos do então governador Sérgio Cabral.
         Não é lícito debochar da população por desejar acreditar em que uma existência melhor, mais humana e civilizada, seja possível, a despeito das tretas, engodos e planos passados, todos eles ricos, milionários mesmo, na oferta de maravilhas, e no desenho de um mundo melhor, mais humano e mais honesto, seja possível, malgrado tantos tropeços e contos do vigário seja o passado, não rico mas na verdade milionário. Oferecer maravilhas para alguém que a vida fez sedento de esperança pela simples circunstância de que é preferível o acreditar  que o desacreditar, o que será sempre a receita falsamente milagreira desses planos saídos do nada e que para o nada voltarão, depois de colherem a maldita roça de decepções e a respectiva quota de raivas contra os fémentidos da política.
         Toda a fábula terá necessariamente vida curta, pois a esperança - embora logre crescer por toda a parte -  costuma secar brevemente a quota de ilusões e o seu largo cenário de mentirinha para trazer de volta os desgraçados da vida que são duplamente condenados pelo "crime" de acreditarem na vida melhor - e eu não limito, nem ouso fazer pouco, dessa capacidade do ser humano de que, malgrado e apesar de tudo, é possível que a existência de cada comunidade e de cada indivíduo continue a fazer fé na possibilidade de existência mais humana e menos cruel de a que lhes é reservada pelo dia-a-dia.
          O ser humano, pobre ou remediado - os ricos aqui não entram! -tem uma única fraqueza. Ele acredita em que, malgrado tudo conspire à sua volta pela permanência da mentira e da desonestidade, ele, que não tem sombra de opção, quer porque quer acreditar em que desta vez eles estejam a dizer verdade, e que o plano apresentado com fanfarras à população, vá funcionar. É o velho ritornello que o bondoso velhinho faz girar, enquanto por trás do sorriso em que se deseja crer, a população, seja ela pobre ou remediada, jovem ou velha, quer porque quer acreditar. Pois quem vive no inferno quem não há de desejar, ambicionar, chulear mesmo, pela eventual surpresa de mundo mais vivível, mais suportável, menos cruel e cruento, como aparenta ser? Por isso, os sonhos começam com a Santa Marta, uma favela menor e mais regrada, e, portanto, suscetível de ser a porta-estandarte desse desfile para os miseráveis.  Porque, gente do século XXI, não pense que agregar números confere esperança maior. 
        Como todo o candidato a viciado, ele precisa acreditar que, desta vez, tudo será diferente! 
         Na verdade, o mal continua a esperá-lo, só que atrás da esquina. Ele tem de caminhar por um tanto na bela calçada dos belos votos e dos melhores propósitos. Dona Esperança aí está, para dar-lhe as boas vindas...
          Mas o efeito deste abraço será curto, como são aqueles projetos envoltos em sonho, produzidos ou não. Porque a fórmula desses vigaristas e de suas estórias, de esperanças carregadas, apenas repete o velho truque, marcado sempre pela crueldade da vida hodierna, dura e madrasta! Não há melhor reclame do que esse, minha gente sofrida! Como imaginar algo pior de o que a existência presente, que se debate entre os Scylas e os Caribdes da mitologia, com a maldade do presente, e a louca, desvairada vontade de que tudo será diferente doravante!


( Fontes:  O Globo, Rede Globo )

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