domingo, 17 de setembro de 2017

A Venezuela e as sanções

                              

         Parece que foi encontrado o caminho entre as pedras para enfraquecer e, na sequência, derrubar o corrupto regime de Nicolás Maduro na terra de Bolívar.
         Trata-se do manejo das sanções pelo Ocidente.  Ao invés de sanções comerciais, que se mostraram de pouca eficácia, outro efeito prometem ter aquelas financeiras.
         Como indica Lourival Sant'Anna na sua coluna, o mecanismo é simples, mas eficaz:  sanções comerciais, v.g., sobre a venda do petróleo, a principal mercadoria de exportação da Venezuela, tendem a não produzir o desejado efeito, pois Caracas pode direcionar as suas vendas para outros mercados.  Perderia um tanto de receita, mas não ficaria asfixiada.
         O efeito das sanções financeiras pode ser muito mais letal para a economia venezuelana. Assim, como o próprio Maduro o assinalou, a Venezuela tem dinheiro depositado em bancos, mas não consegue sacá-lo para importar alimentos e remédios.
          Nesses termos, o regime sancionado - no caso o de Caracas - fica em situação muito próxima da rendição incondicional: embora tenha moeda forte depositada em bancos, não consegue sacá-la para importar alimentos e remédios; e tampouco lhe adianta vender, porque não recebe o pagamento.
           Nesses termos, a situação tenderia a deteriorar-se na Venezuela. Em verdade, ela deve restringir a capacidade de reação das forças de segurança para um baixo limite, eis que decresce radicalmente a sua capacidade de conter a insatisfação da população e até de setores do próprio regime. Sem recursos, tudo fica mais difícil, e os ânimos mais tensos. Se se enfraquece a população, os guardas e as forças pretorianas também sofrem, pois é geral a escassez de recursos. Os limites para a insurreição, dentro do inferno neo-chavista, tornam-se mais próximos e/ou ameaçadores, porque ou não há alternativas, ou elas são igualmente terríveis.
               Para a população de baixa renda e os estudantes , a insurreição se afigura como a única saída. Já para as forças de segurança, aí incluídos o Sebin e todos os organismos de apoio da ditadura, se procederá à sua imediata dissolução. As forças armadas, ora desviadas de função, e que  funcionam como a ultima ratio do regime de Maduro,  deverão voltar ao seu papel constitucional. No que tange à supressão de forças corruptas, e a volta à normalidade da Venezuela, com o seu retorno aos institutos interamericanos, terminada a fase chavista, cabe a renegociação com o Ocidente, a OEA e o preparo do retorno da Venezuela ao Mercosul. A negociação com o Ocidente cresce como a única saída.
                   Nesse sentido, a restauração da democracia constitucional é inegociável. Volta da Assembléia Legislativa com todos os seus membros; ab-rogação da falsa Constituinte; expurgo dos membros chavistas abusivamente nomeados por Maduro -restabelecimento do Supremo Tribunal de Justiça; acordo de Maduro para a realização do recall (por ele inconstitucionalmente inviabilizado), restabelecimento de todos os funcionários ilegalmente destituídos (inclusive readmissão da Procuradora Luisa Ortega Díaz), retorno das Forças Armadas para seu papel  constitucional,  desmantelamento do estado chavista, com o restabelecimento de plena autonomia da Justiça, dissolução e penalização dos coletivos, anistia geral aos que lutaram contra a ditadura, dissolução imediata de todos os instrumentos da ditadura bolivariana, e de todas as medidas excepcionais que instituam prisões políticas  e assemelhadas.


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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