Ser incluída nos regimes suspeitos no
novo decálogo do Presidente Trump - que, na essência, é a versão revista da
tentativa anterior de por no index os
muçulmanos e os países árabes, versão esta que a resistência das cortes
americanas muito contribuíu para diluir e conter o respectivo viés xenófobo - a par de não surpreender ( alguma reação
deve haver contra a ditadura de Maduro ),
Caracas não pode aspirar a que os Estados Unidos possam considerá-la
como um regime similar às demais democracias en Latino America, quando basta um exame perfunctório para que se
tenha ideia de que estamos diante de ditadura, que não respeita os direitos
mais comezinhos da população.
Por isso, que se aplique ao governo
venezuelano e seus representantes um tratamento diferenciado é uma reação
natural, eis que o regime instalado em Caracas não é democrático, e o governo
só persiste no poder pelo reiterado recurso a procedimentos inconstitucionais,
seja no desrespeito ao direito de interromper o mandato executivo, seja na
convocação inconstitucional de Constituinte reunida na 'marra', e sem qualquer sombra de respeito à universalidade na
respectiva consulta ao Povo venezuelano.
Tampouco se respeita a autonomia dos
órgãos judiciais. Assim como com os órgãos policiais - que são instrumentos da
ditadura de Maduro - não há sombra de respeito pelos direitos humanos, o que
caracteriza o regime ditatorial venezuelano é o inverso da defesa da Justiça na
democracia. Os serviços de segurança não passam de instrumentos do poder
executivo, é este quem designa os eventuais 'inimigos' ou pessoas a serem
trancafiadas nos calabouços e nos cárceres do poder instaurado.
Por isso, não deve despertar mossa
que representantes de um regime corrupto e ditatorial sejam barrados em suas
eventuais tentativas de visitar os Estados Unidos.
Entretanto, os nacionais venezuelanos
que comprovem o seu apreço pela democracia e não sejam funcionários ou
simpatizantes da ditadura de Maduro, não podem ser vitimizados pelo fato de
viverem em um país hoje anti-democrático. De acordo com a sua vocação
democrática, os Estados Unidos precisa distinguir entre os seus visitantes, os
que têm apreço pela democracia, e aqueles cujo mister é perseguir os
partidários da democracia.
(
Fonte: Folha de S. Paulo )
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