terça-feira, 26 de setembro de 2017

Trump ou a desconfiança com o estrangeiro

                    
              Como se sabe, a Administração Trump teve começo marcado por decretos presidenciais com viés xenófobo, notadamente no que tange a países árabes e muçulmanos.
               Dada a circunstância de que a base legal - e mesmo constitucional - desses documentos apresentava muitas falhas e lacunas, não foi difícil que muitos deles fossem derrubados por juízes de primeira instância ou mesmo por tribunais.
                Ainda no primeiro ano, a segunda batelada de decretos visa ao ingresso de estrangeiros nos Estados Unidos, e não mais se restringe a países árabes. De certa maneira, na rede de Trump não mais cairão indiscriminadamente os candidatos a uma visita ou a temporada em terra americana. Mas isso não quer dizer que o Tio Sam mostre uma face risonha para qualquer tipo de estrangeiros. Muitos desses arrostarão um carrancudo não.
                 A começar pelo mês de outubro, a maior parte dos cidadãos procedentes do Irã, Líbia, Síria, Iêmen, Somália, Chad e Coréia do Norte  estão proibidos de ingressarem nos Estados Unidos. No que tange ao Iraque e alguns grupos de pessoas (ligados ao governo Maduro e ao chavismo) da Venezuela também têm o ingresso cerrado às terras de Tio Sam.
                 Precavendo-se em que as restrições não fossem do tipo de abarcar o islamismo de  forma genérica - abrindo-as, portanto, à acusação de preconceito contra o Islã,  a Administração Trump tomou o cuidado necessário para que as medidas não fossem tomadas  como inspiradas com  viés anti-islâmico.
                 Mas por mais cuidado que tomem os funcionários encarregados de armarem as novas barreiras à imigração, já  leitura perfunctória delas transmite a impressão de que o pé atrás contra os países islâmicos de parte do governo Trump é uma realidade.   
                As restrições mais severas impostas pela Administração Trump se aplicam à Coréia do Norte e à Síria. Todos os cidadãos desses dois países terão o visto de entrada denegado.
                   Já a maioria dos cidadãos do Chad, Líbia e Yemen está proibida de entrar nos Estados Unidos, porque esses países não têm capacidade tecnológica  de fornecer a identidade desses viajantes, e em muitos casos essa fraqueza tecnológica abre caminho para que redes terroristas lá se instalem.
                   Por sua vez, se a Somália passou raspando pelas exigências de salvaguarda contra o terrorismo estabelecidas pela autoridade americana, os seus cidadãos estão sujeitos a uma proibição no que tange à emigração, e sofrerão medidas de controle mais acentuado, pela circunstância de que a Somália é um abrigo para terroristas.
                  A par disso, o Irã, dado o resfriamento de relações com o governo Trump, não mostrou maior cooperação, e por isso os seus nacionais sofrerão  proibição mais ampla em termos de viagem, posto que Trump tenha aberto uma exceção concernente a estudantes e à troca de vistos.
                    Já a Venezuela de Nicolás Maduro sofreu a restrição de vistos para funcionários governamentais e suas famílias, o que se insere nas medidas já tomadas pela Administração Trump contra aquelas pessoas ligadas ao presente regime - que já vem sendo objeto de várias medidas tendentes a cortar o intercâmbio comercial e financeiro com a Venezuela.
                    Resta a determinar como se desenvolverão nas alfândegas e nos aeroportos as novas imposições e restrições a viajantes estrangeiros. Mais uma vez, em casos tópicos, o recurso à Justiça e à importância do intercâmbio cultural será acentuada.


( Fonte:  The New York Times )

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