sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Trump, o líder internacional ?

                              

        Laura Rosenberger,  do Washington Post,  explicita questão que já estava bem presente na avaliação das reações de Trump, diante dos desafios colocados  pelo líder norte-coreano Kim Jong-un.
        Mas convém ir por partes. A insatisfação ou talvez o mal-estar, dos aliados dos Estados Unidos já se deveria presumir, tendo presente a natureza das reações do Presidente estadunidense aos seguidos desafios colocados pela Coreia do Norte.
          Por vezes, Donald Trump parece assumir as reações de um nacional americano, em que a paixão prepondera sobre a razão. Há intrigante emocionalidade nessa postura reativa, que amiúde mais parece provir de um particular qualquer do que do próprio Comandante em Chefe das Forças Armadas Americanas.
            Além disso, sobretudo a princípio, mas esse reativismo está sempre presente, a posição que ele pela suposta vontade do eleitorado americano representa, dá a impressão de ser na base do bate-pronto, quando o tema é demasiado relevante para que não se colha antes posição conjunta dos especialistas na matéria e daqueles que têm voz de capítulo na questão.
               A conduta de Trump - máxime nos pródromos da crise - além de não dever ser resumida em grupo de vocábulos do tweeter - carece de ser filtrada com mais vagar, mais troca de avaliações (sobretudo dos que têm experiência no capítulo) e com a eventual participação de outras potências nucleares próximas de Washington.
                De início, as reações de Donald Trump, pelo seu primarismo, surgem quase como num desenho em quadrinhos, em que o comportamento do herói pode ser sumarizado em expressões como kaboom! e similares, tais reações, repito, não dão aquela impressão própria de avaliação séria e, se possível, fruto do consenso de opiniões de pessoal e agências com vivência do problema nuclear e da posição respectiva desse pirata nuclear que é a Coréia do Norte, agora na versão envenenada de Kim Jong-un.   
                 Um político francês já disse no passado que a questão da guerra é importante demais para ser confiada aos generais. Com isso Clemenceau [1]queria enfatizar não a própria relevância do governo francês então em guerra, mas o caráter envolvente e penetrante do que era então a 'guerra moderna', para que fosse tratada exclusivamente pelos altos funcionários do esquema militar.
                    Em outras palavras, a ameaça militar no desafio nuclear da Coreia do Norte não pode ser tratada como se fosse uma espécie de bate-pronto, quando é mais do que necessária a avaliação conjunta de quem tem voz em capítulo no que concerne ao que fazer com esse peralvilho que tem um novo brinquedo com o qual confronta e até ameaça   os Estados Unidos, entre os nucleares, e Japão e Coreia do Sul, entre os não-nucleares.

( Fontes:  O  Estado de S. Paulo, The Washington Post )



[1] Georges Clemenceau (1841/1929), político francês, com liderança política na I Guerra Mundial.

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