Laura Rosenberger, do Washington Post, explicita questão que já estava bem presente
na avaliação das reações de Trump, diante dos desafios colocados pelo líder norte-coreano Kim Jong-un.
Mas convém ir por partes. A
insatisfação ou talvez o mal-estar, dos aliados dos Estados Unidos já se
deveria presumir, tendo presente a natureza das reações do Presidente
estadunidense aos seguidos desafios colocados pela Coreia do Norte.
Por vezes, Donald Trump parece assumir
as reações de um nacional americano, em que a paixão prepondera sobre a razão.
Há intrigante emocionalidade nessa postura reativa, que amiúde mais parece
provir de um particular qualquer do que do próprio Comandante em Chefe das
Forças Armadas Americanas.
Além disso, sobretudo a princípio,
mas esse reativismo está sempre presente, a posição que ele pela suposta
vontade do eleitorado americano representa, dá a impressão de ser na base do
bate-pronto, quando o tema é demasiado relevante para que não se colha antes posição
conjunta dos especialistas na matéria e daqueles que têm voz de capítulo na
questão.
A conduta de Trump - máxime nos
pródromos da crise - além de não dever ser resumida em grupo de vocábulos do tweeter - carece de ser filtrada com
mais vagar, mais troca de avaliações (sobretudo dos que têm experiência no
capítulo) e com a eventual participação de outras potências nucleares próximas
de Washington.
De início, as reações de Donald
Trump, pelo seu primarismo, surgem quase como num desenho em quadrinhos, em que
o comportamento do herói pode ser sumarizado em expressões como kaboom! e similares, tais reações,
repito, não dão aquela impressão própria de avaliação séria e, se possível,
fruto do consenso de opiniões de pessoal e agências com vivência do problema
nuclear e da posição respectiva desse pirata nuclear que é a Coréia do Norte,
agora na versão envenenada de Kim Jong-un.
Um político francês já disse
no passado que a questão da guerra é importante demais para ser confiada aos
generais. Com isso Clemenceau [1]queria
enfatizar não a própria relevância do governo francês então em guerra, mas o
caráter envolvente e penetrante do que era então a 'guerra moderna', para que
fosse tratada exclusivamente pelos altos funcionários do esquema militar.
Em outras palavras, a
ameaça militar no desafio nuclear da Coreia do Norte não pode ser tratada como
se fosse uma espécie de bate-pronto, quando é mais do que necessária a
avaliação conjunta de quem tem voz em capítulo no que concerne ao que fazer com
esse peralvilho que tem um novo brinquedo com o qual confronta e até ameaça os
Estados Unidos, entre os nucleares, e Japão e Coreia do Sul, entre os
não-nucleares.
(
Fontes: O Estado de S. Paulo, The Washington Post )
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