sexta-feira, 1 de julho de 2016

Amizades Perigosas

                                        

        Muitos ainda terão presente a turma do lenço, a roda entre o Governador Sérgio Cabral e o seu então amigo, empresário Fernando Cavendish.
         Além da foto em Paris,singularizada pela brincadeira dos guardanapos, a queda de um helicóptero, em junho de 2011, na Bahia marcaria a proximidade entre Cavendish e Cabral.  Nesse desastre, seriam vitimados Mariana Noleto, namorada do filho do então governador do Rio; Jordana Kfuri, mulher do presidente da Delta, e mais quatro pessoas.
          Em verdade, a sorte caprichosa salvou o governador e o filho Marco Antônio, que deveriam viajar, mas não embarcaram na última hora, pois o helicóptero levaria apenas as mulheres e as crianças. O motivo da festança na Bahia era o aniversário de Cavendish.
          Na época, o governador Cabral negou que as relações pessoais com o então presidente da Delta houvessem influenciado no aumento de contratos da  construtora. Com efeito, a Delta obteve cerca de um bilhão de reais em obras no período entre 2007, primeiro ano do governo Cabral, e junho em 2011. Reportagem  de O Globo mostrou ,na época, que somente em 2011 a empreiteira obteve R$58,7 milhões em empenhos para a realização de serviços dispensados de licitação, eis que foram aprovadas em caráter emergencial.
            Em 2012, a operação Monte Carlo prendeu Carlinhos Cachoeira acusado de comandar uma quadrilha que explorava o jogo ilegal em Goiás. Foi descoberto então que vinha da Delta boa parte do dinheiro repassado às empresas fantasmas do bicheiro. Na verdade, segundo determinou o MPF, a relação era muito próxima, tanto que Cachoeira seria sócio oculto da Delta.
             Depois da operação e da CPI do Cachoeira na Câmara dos Deputados, Cavendish deixa o comando da Delta e a empresa pede recuperação judicial.
             Apesar das fotos divulgadas  por Anthony Garotinho, em que Cabral aparece risonho ao lado de Cavendish em Paris, e em outra,quando Cavendish aparece com Secretários de Cabral no instantâneo da 'turma do lenço', Cabral consegue livrar-se  de depor na CPI, blindado que foi pelo PMDB, e encerra a amizade com o ex-empreiteiro. 
              Fernando Cavendish, isolado e sem empresa, vai para São Paulo. Posto que resista a revelar os bastidores da relação da Delta com o poder, abre exceção quando o tema é a decepção com o Governador Sérgio Cabral.
              As notórias obras do Pan-Americano de 2007 podem ser definidas,  na reportagem de Carolina Castro como "superfaturadas, mal-acabadas e pouco eficientes". Dessarte, menos de nove anos passados, as que ainda estão de pé tiveram que ser submetidas a reformas estruturais para poderem ser utilizadas na Olimpíada do Rio de Janeiro.
               Além do chamado Parque aquático Maria Lenk, a mais problemática das obras assumidas pela Delta no Pan foi a construção do chamado Engenhão, de início orçado em R$ 60 milhões. De 2003 a 2007 o referido estádio olímpico já consumira R$ 360 milhões da prefeitura, i.e., cinco vezes mais do que orçamento inicial.
                Em 2010, a trinca Delta, Odebrecht e OAS venceram a licitação para a reforma do velho Maracanã. A empresa de Cavendish, no entanto,  abandonou a obra em apreço - que custou R$ 1.266 bilhão - e é atualmente investigada pela Lava-Jato sob suspeitas de superfaturamento e pagamento de propina ao então Governador, Sérgio Cabral.


( Fonte:  O  Globo )

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