Muitos ainda terão presente a turma do
lenço, a roda entre o Governador Sérgio Cabral e o seu então amigo, empresário
Fernando Cavendish.
Além da foto em Paris,singularizada
pela brincadeira dos guardanapos, a queda de um helicóptero, em junho de 2011,
na Bahia marcaria a proximidade entre Cavendish e Cabral. Nesse desastre, seriam vitimados Mariana
Noleto, namorada do filho do então governador do Rio; Jordana Kfuri, mulher do
presidente da Delta, e mais quatro pessoas.
Em verdade, a sorte caprichosa salvou o
governador e o filho Marco Antônio, que deveriam viajar, mas não embarcaram na
última hora, pois o helicóptero levaria apenas as mulheres e as crianças. O
motivo da festança na Bahia era o aniversário de Cavendish.
Na época, o governador Cabral negou
que as relações pessoais com o então presidente da Delta houvessem influenciado
no aumento de contratos da construtora.
Com efeito, a Delta obteve cerca de um bilhão de reais em obras no período
entre 2007, primeiro ano do governo Cabral, e junho em 2011. Reportagem de O Globo mostrou ,na época, que somente em
2011 a empreiteira obteve R$58,7 milhões em empenhos para a realização de
serviços dispensados de licitação, eis que foram aprovadas em caráter
emergencial.
Em 2012, a operação Monte Carlo
prendeu Carlinhos Cachoeira acusado de comandar uma quadrilha que explorava o
jogo ilegal em Goiás. Foi descoberto então que vinha da Delta boa parte do dinheiro
repassado às empresas fantasmas do bicheiro. Na verdade, segundo determinou o
MPF, a relação era muito próxima, tanto que Cachoeira seria sócio oculto da
Delta.
Depois da operação e da CPI do
Cachoeira na Câmara dos Deputados, Cavendish deixa o comando da Delta e a
empresa pede recuperação judicial.
Apesar das fotos divulgadas por Anthony Garotinho, em que Cabral aparece
risonho ao lado de Cavendish em Paris, e em outra,quando Cavendish aparece com
Secretários de Cabral no instantâneo da 'turma do lenço', Cabral consegue
livrar-se de depor na CPI, blindado que
foi pelo PMDB, e encerra a amizade com o ex-empreiteiro.
Fernando Cavendish, isolado e sem
empresa, vai para São Paulo. Posto que resista a revelar os bastidores da
relação da Delta com o poder, abre exceção quando o tema é a decepção com o
Governador Sérgio Cabral.
As notórias obras do
Pan-Americano de 2007 podem ser definidas, na reportagem de Carolina Castro como
"superfaturadas, mal-acabadas e pouco eficientes". Dessarte, menos de
nove anos passados, as que ainda estão de pé tiveram que ser submetidas a
reformas estruturais para poderem ser utilizadas na Olimpíada do Rio de
Janeiro.
Além do chamado Parque aquático
Maria Lenk, a mais problemática das obras assumidas pela Delta no Pan foi a
construção do chamado Engenhão, de início orçado em R$ 60
milhões. De 2003 a 2007 o referido estádio olímpico já consumira R$ 360 milhões
da prefeitura, i.e., cinco vezes mais do que orçamento inicial.
Em 2010, a trinca Delta,
Odebrecht e OAS venceram a licitação para a reforma do velho Maracanã. A
empresa de Cavendish, no entanto,
abandonou a obra em apreço - que custou R$ 1.266 bilhão - e é atualmente
investigada pela Lava-Jato sob suspeitas de superfaturamento e pagamento de
propina ao então Governador, Sérgio Cabral.
( Fonte: O Globo )
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