segunda-feira, 18 de julho de 2016
Doping Russo - o que fazer?
Notícia já transmitida pelo blog acerca do amplo uso pela Federação Russa de doping nas Olimpíadas de Inverno (Sochi-2014), recebe agora ulterior confirmação, diante do resultado positivo de investigação encomendada pela Organização Mundial anti-Doping.
Publicado nesta segunda-feira, dezoito de julho, o relatório de Richard McLaren, advogado canadense, contratado pela Organização anti-Doping, atesta haver estabelecido "além de qualquer dúvida razoável" que o Ministério Russo dos Esportes, a respectiva seção anti-doping, e o Serviço Federal de Segurança (ex-KGB) participaram de complexo esquema de falsificação que foi muito além da praticada nos Jogos de Sochi.
"O resultado surpreendente da investigação de Sochi foi a revelação da amplitude da supervisão pelo Estado, assim como o controle direto por laboratório de Moscou, em processar e acobertar as amostras de urina dos atletas russos, em virtualmente todos os esportes, antes e depois das Olimpíadas de Inverno de Sochi", como escreve McLaren no relatório.
O artigo do New York Times se reporta às revelações divulgadas pelo jornal em maio último, dadas por Grigory Rodchenkov, ex-diretor do laboratório anti-doping da Rússia, de que ele acobertara o emprego de drogas que aumentam a performance dos atletas. Rodchenkov atuara desse modo por ordem das autoridades russas do Ministério do Esporte,Turismo e Juventude.
Antes da publicação do Relatório McLaren, diversos grupos de atletas e várias agências nacionais anti-doping se uniram afim de pressionar o Comitê Olímpico Internacional (COI) para impor suspensão similar à instituída recentemente a todos os atletas russos nas modalidades desportivas de campo e pista, que começam a ser disputadas no Rio de Janeiro, a partir de 5 de agosto.
O mesmo Relatório também confirma que os selos dos frascos de amostras de doping, nos Jogos de Sochi, foram manipulados, e que as amostras (de urina) dos atletas russos que conquistaram medalhas foram substituídas.
Ainda o Relatório em tela identifica autoridades russas que seriam partícipes no sofisticado planejamento que já perdura há vários anos. Aponta, dessarte, como principal envolvido, Yuri Nagornykh, Vice-Ministro de Esportes da Federação Russa. Não deve escapar ao pessoal do ramo que toda essa atividade, voltada para deformar os resultados da prática esportiva, é estranhamente reminiscente daquela empreendida pela defunta DDR (República Democrática Alemã).
O comportamento da WADA - Organização Mundial Anti-doping - tem sido criticado por não haver respondido de forma agressiva às alegações de doping sistemático a cargo de autoridade russa, pelo menos a partir de 2010. Também é objeto de muita reserva a sua proximidade com o Comitê Olímpico Internacional - que tem grandes interesses financeiros na Olimpíada - o que também tenderia a comprometer-lhe a vontade política de denunciar violações de doping, o que pode manchar a imagem da marca do COI...
Segundo o Ministro russo dos Esportes, se as alegações de manipulação do controle anti-doping a cargo de sua organização fossem verdadeiras, quem teria a responsabilidade seria a WADA, pelas suas falhas de controle - eis que no entender dessa autoridade a Agência é responsável pelo monitoramento do laboratório russo, em matérias de testes anti-doping e o próprio programa anti-doping.
Ainda nessa mesma estranha linha de discurso, gospodin Mutko, o ministro russo dos Esportes, a própria Rússia atuaria para punir (sic) o pessoal envolvido. No entanto, segundo acrescentou Mutko, ele descrê do poder de Mr McLaren e da Wada de afetarem a participação russa nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, eis que a seu ver quem tem a autoridade é o COI (Comitê Olímpico Internacional).
( Fonte: The New York Times )
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