quarta-feira, 13 de julho de 2016

A travessia de Hillary

                              

        O apoio de Bernie Sanders a Hillary, às vésperas da Convenção de Filadelfia, é mais um estágio no processo de reforço da candidatura de Hillary Clinton.
        Sorridentes, os dois apareceram juntos para selar a desistência de Bernie. Com três milhões de votos, é uma adesão importante, e por isso, na negociação entre ambos, Hillary já colocara na sua plataforma melhores condições para o ingresso na universidade, que foi um dos pontos fortes do adversário na sua conquista do sufrágio dos mais jovens.
         Não se sabe ainda que concessões terá feito a líder democrata para ter a seu lado na campanha o senador por Vermont.
         Dados os choques e as críticas - sobretudo do runner-up[1] contra a senhora Clinton - apertos de mão entre a dupla, mas ainda nada de abraços, eis que parece demasiado cedo para esquecer os ataques, por vezes virulentos, de adversário que deu muito trabalho à candidata.
         Afastadas as pedras do caminho - a litigiosa, na famigerada questão do servidor privado de e-mails, e a contestação interna - volta-se a candidata democrata para a próxima unção na Convenção, e a campanha nacional, incluídos os prováveis debates com Donald Trump.
         Dada a disparidade de conhecimento e de experiência no mister, mora o perigo para Hillary na incógnita ambulante que é Mr Donald Trump. Ter-se-á presente que se desfez com demasiada facilidade de seus múltiplos adversários no Grand Old Party. Se muitas circunstâncias parecem levar ao otimismo no cotejo e nos combates - se possível verbais - entre a representante democrata e o campeão das minorias e dos ressentidos, Hillary Clinton me parece demasiado experiente e, sobretudo, bastante chamuscada por erros passados nas sendas da política, para se presumir um passeio nessa campanha futura, em que, com todos os seus defeitos e muito por causa deles, a profissional e experiente Hillary deve guardar-se de róseas expectativas de um confronto sem história, quase no modelo da primeira  eleição de Barack Obama contra John McCain.
          Decerto, Hillary tem demasiada experiência para cair na trampa de que o seu adversário é um prato fácil. Como na estória do jabuti, se ele está lá, na curva da estrada, a esperá-la, não foi por desígnio insondável do Olimpo. E a luta pela frente será árdua, porque tampouco foi o acaso, ou a sorte matreira que lá o colocou, na encruzilhada do futuro.
            Ele tem como aliados fiéis o preconceito, a esperteza e a habilidade de disfarçar os próprios trunfos. Ele é um fator que aterroriza o Grand Old Party, e a facilidade com que os afastou do caminho, todos os grandes senhores do Partido Republicano, diz um pouquinho de quanto possa ser temível.
            O excesso de confiança, portanto, da candidata deve ser evitado a todo custo. Porque esta é a receita encomendada para o desastre futuro, no cenário  de Donald Trump.

( Fontes: The New York Times,  Rede Globo )      




[1] contendor direto.

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