Numa decisão relevante, o Diretor do F.B.I., James
B. Comey, descarta qualquer
inquérito contra Hilllary por causa
da questão do terminal de e-mails.
Como assinala o New York Times, o Bureau Federal de Investigações não recomendará
processo penal acerca do uso por Hillary
Clinton de informações classificadas (secretas ou confidenciais). Com isso
se dissipa enorme nuvem legal que lhe sobrepairava a campanha.
Sem embargo, Mr. Comey censurou a Sra.
Clinton por ser "extremamente descuidada" no uso de endereço pessoal
de e-mail e um servidor particular
para informações sensíveis, declarando que um simples funcionário governamental
poderia sofrer sanções administrativas por tal conduta.
Para justificar a acusação penal, disse
Mr. Comey, teria que existir prova de que a Sra. Clinton de forma proposital
mandara ou recebera informação classificada (confidencial ou secreta), o que o
F.B.I. não detectou. "De acordo com
o nosso julgamento, nenhum promotor razoável abriria um caso como o
presente", disse ele na entrevista à imprensa.
É altamente provável que o
Departamento de Justiça aceite a recomendação do FBI. A própria Attorney-General (Procuradora Geral) Loretta Lynch afirmou na sexta-feira que
ela aceitaria a recomendação do F.B.I. e dos promotores de carreira no caso,
depois que foram levantadas questões sobre encontro casual entre ela e o
ex-Presidente Bill Clinton, no aeroporto de Fenix.
A entrevista de imprensa de Mr.
Comey conclui investigação que começou há um ano atrás quando o Inspetor Geral
para as Agências de Inteligência, Charles
McCullough III informou o Departamento de Justiça que ele encontrara
informação classificada (confidencial) dentre pequena amostra dos e-mails que a Senhora Clinton mandara e
recebera.
De acordo com o Inspetor-Geral, os e-mails continham informação
classificada na época em que foram expedidos, mas não estavam marcados como
classificados, e que a informação em questão nunca deveria ter sido mandada por
um sistema ostensivo.
Por trás desse inquérito
encontramos o Comitê Seleto da Câmara sobre Benghazi (dominada desde 2010 pelos
republicanos, por manifestos motivos). O GOP estava à cata de comunicações
entre a Sra. Clinton e outros funcionários, a respeito do ataque em Setembro de
2012, contra aquele posto avançado na cidade de Benghazi, na Líbia, e que matou
quatro americanos, inclusive o Embaixador
J. Christopher Stevens.
À medida que os advogados do
Departamento de Estado coletavam material (para satisfazer o subcomitê da
Câmara, cujas intenções na questão eram óbvias), esses zelosos funcionários
legais descobriram que a Senhora Clinton havia utilizado um endereço pessoal e
não-governamental para o seu e-mail,
enquanto o material era encaminhado através de servidor particular, mantido na
sua residência em Chappaqua, N.Y.
Depois de negociação entre o
Departamento de Estado e os advogados da Senhora Clinton, ela concordou em
entregar cerca de 55 mil páginas de e-mail do seu tempo como Secretária de
Estado. Reteve correio - metade do número total de mensagens - que, segundo
declarou, se reportavam a questões pessoais (de sessões de yoga a arranjos
florais para o casamento de sua filha).
Por sua vez, o Departamento
de Estado entregou para o subcomitê da Câmara cerca de oitocentos e-mails relativos a Benghazi. Não
obstante, a Sra. Clinton pediu ao Departamento que liberasse o restante dos e-mails, o que acionou um processo
politicamente carregado de examinar a cada um deles para determinar se acaso os
papéis continham informação classificada.
A lisura do processo, a
circunstância de que não foi determinado dolo no procedimento da Senhora
Clinton, afasta qualquer sombra de dúvida acerca de eventual irregularidade
pela então Secretária de Estado. Dissipa-se a pesada nuvem que pairava sobre o
processo da candidatura da Senhora Hillary Clinton - e por isso o F.B.I. não recomendará a aplicação de qualquer pena contra a candidata pelo seu
uso do servidor privado de e-mails enquanto Secretária de Estado. Que a Attorney-General
tenha declarado de antemão que não haveria intromissão de autoridades políticas
- como ela própria - na decisão que
fosse tomada pelo diretor do FBI e os promotores responsáveis.
Tal manifesta, sem margem a quaisquer dúvidas,
a condição cristalina do processo. Por isso, é patente a grande importância da
decisão do Diretor do FBI, James
Comey, ao isentar de qualquer sanção legal a candidata (e ex-Secretária
do Departamento de Estado) Hillary R. Clinton.
Como diria o rei gaulês
Brenno, lançando a sua espada sobre o botim a ser entregue pelos Romanos
vencidos: Vae victis![1]
Não é hora decerto de demasiado
regozijo, porque a campanha é longa e muitas são as suas curvas.
Mas o Partido Democrata e os
partidários de Hillary Clinton vêem com merecido regozijo que a campanha de sua
pré-candidata se vê livre afinal desse PëÜóôùñ
(divindade ou nuvem maléfica) que pairava sobre a própria candidatura à Casa
Branca.
O caminho que resta é decerto
longo e insidioso, mas cresce a certeza de que ele será decidido pelo Povo
Americano de forma aberta e inconteste. Afastado tudo aquilo que desvirtua o
livre sufrágio, não se pode desejar melhor solução.
(Fontes:
The New York Times; Liddell & Scott Greek-English Lexicon, Ninth Edition)
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