Por um lado, a crise permanente do sistema interamericano,
refletida na impossibilidade de a OEA encontrar uma solução, mesmo temporária,
para a crise da Venezuela, mostra para bom entendedor que a crise interamericana
não é uma ficção, mas sim incômoda realidade.
Se o sistema é inoperante, mesmo diante
de uma situação tão séria e profunda quanto o estado de coisas na pátria de
Bolívar, não há como montar pavilhões Potenkin, para passar a delegados incapazes
de aplicar à realidade venezuelana os remédios do sistema, para dar a impressão
de que tudo esteja conforme a letra de o que prescreva o sistema.
A Venezuela de Nicolas Maduro reflete a
própria crise desses sistema, dada a sua incapacidade de chegar a uma solução,
qualquer que ela seja.
Por isso, literalmente estarrece que o
Uruguai, por intermédio do governo Tabaré Vazquez se proponha fingir que tudo
vai bem - inclusive com a incapacidade de Caracas de aplicar normas básicas do
sistema interamericano por um lado, e do Mercosul, por outro, ao afirmar o
governo de Montevidéu que "reitera sua posição no sentido de proceder a passagem da presidência, de acordo com as
normas vigentes do Mercosul".
Grita aos céus que por mais
desimportante que seja o Mercosul na atualidade, o governo de Caracas não tem
condições políticas e tampouco econômicas no que tange à sua implementação das
regras do Mercado Comum Sul-Americano de aspirar a presidir um organismo para
qual lhe faltam as mínimas condições, seja de efetiva participação, seja de
estabilidade interna que possa externamente refletir capacidade de representar
o organismo.
Por isso, bem fez o Ministro José
Serra, que após um longo inverno traz credibilidade na política externa ao
governo brasileiro, ao expressar para o governo uruguaio, e ao Presidente
Tabaré Vazquez, em especial, qual é a posição do Governo do Presidente Temer,
no que tange à presidência do Mercosul.
(Fonte: Folha de S. Paulo)
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