Depois do medíocre David Cameron, o aprendiz de
feiticeiro que, por trocar ineptamente os frascos, causou à velha Albion um mal
muito maior - a saída da União Européia - de o que figuras de seu diapasão
costumam provocar.
Vale repetir, enquanto ele parte para
a lata de lixo da História. Para contornar uma questão que ele julgava
prejudicial, Cameron tirou da algibeira outra muito mais grave. Embora não
estivesse em consideração, tolamente o então Primeiro Ministro prometeu um
referendo sobre a saída ou não da U.E.
Quando tal compromisso afinal se materializou,
ele se descobriria despreparado, e - o que é pior - com o país com um pendor
crescente para tentar a volta ao passado.
Cometido o ato demencial, e
vencedor o Brexit, a realidade já
bateu à porta de Downing Street n° 10[1].
David Cameron se arrependeu tardiamente da própria irresponsabilidade, e como
todas as figuras que são escorraçadas do poder, e ao sair só podem inculpar a
própria mediocridade, cuidam de sair da forma mais inconspícua possível,
cuidando de manter bem apertado o britânico lábio superior.
Agora, a sua sucessora, Theresa
May, assume o poder nesta quarta-feira, com a ritual visita à Rainha Elizabeth
II - ela talvez se pergunte quantos chefes de governo já vieram visitá-la para cumprir
a formal assunção do cargo. Por sua vez,
a Primeira Ministra já talvez aguente com alguma exasperação as comparações com
Margaret Thatcher.
Por outro lado, é demasiado cedo
para formular avaliações. Suceder a sólida e trapalhona mediocridade, pode ser
uma vantagem, não fosse pelos abacaxis que lhe tocará descascar, dos quais não
será o menor deles negociar o divórcio comunitário com Angela Merkel.
Havendo se desincumbido de
missões secundárias até o presente, o que se pode dizer da Senhora May é que a
ideologia não é o seu forte. Talvez seja um ponto em comum com Angela Merkel,
mas há muito a preencher antes que se
possa esboçar um perfil mais apropriado.
Por isso, a ritual comparação
com Margaret Thatcher não se aplica, por ora.
Ministra do Interior, ela
manteve, por mais de seis anos, um dos trabalhos mais difíceis de Londres. Como
a definiu George Parker, do Financial Times "o prisma comum para vê-la é a
política migratória, que ela não criou mas se esmerou em cumprir e na qual se
aproxima do estereótipo do ministro do Interior conservador tradicional,
oriundo do centro da classe média inglesa."
( Fonte: Folha de S. Paulo )
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