quarta-feira, 6 de julho de 2016

O novo Brasil e a Venezuela chavista

                               

          Dentro do cronograma anteriormente acordado, caberia à Venezuela de Nicolas Maduro a presidência rotativa do Mercosul, para a próxima terça-feira, 12 de julho.
          Essa mudança dificilmente ocorrerá, pela oposição do Paraguai - que tem boas razões para tanto, a começar pela maneira com que foi forçado a 'colaborar' na acessão da Venezuela, por uma canhestra manobra de Dilma Rousseff. Dessarte, Assunção se opõe categoricamente à entrega da presidência à Venezuela.
          Já o chanceler José Serra propôs adiar a transferência da presidência rotativa do Mercosul para a Venezuela, prevista para o próximo 12 deste mês.
          A Ministra de Relações Exteriores daquele país, Delcy Rodriguez, tentou rebater de forma grosseira as reiteradas críticas de Serra ao governo de Maduro. 
          Assim se expressou a Rodriguez, que é próxima de Maduro: "A República Bolivariana da Venezuela rejeita as declarações insolentes e amorais (sic) do chanceler em exercício do Brasil.  Serra se soma à conjura da direita internacional contra a Venezuela e viola princípios básicos que regem as relações internacionais."
           Rodriguez voltou a dizer que o afastamento da presidente Dilma Rousseff é um "golpe de estado" contrário à "vontade de milhões de cidadãos que votaram nela."
           O Ministro José Serra adotou uma política mais firme  contra o regime venezuelano, no que se distancia das posições anteriores do regime lulo-petista, que fazia vista grossa ao desrespeito pelo Governo da Venezuela. Serra condena Nicolás Maduro por violar princípios democráticos - inclusive 'lotando' de chavistas a Corte Suprema, que intervém pesado nos direitos constitucionais, inclusive desrespeitando direitos do Legislativo (dominado por maioria da oposição). Além disso, acusa Maduro de manter presos políticos e de ser responsável pelo caos no abastecimento, com a escassez generalizada de alimentos e remédios.
           Segundo Serra, o Brasil tem posição intermediária no que tante ao regime chavista. Consoante o Ministro brasileiro, a Venezuela só poderá assumir a presidência rotativa  do Mercosul - pelos próximos seis meses - se cumprir obrigações de adesão.  Notadamente, na área aduaneira falta adequar-se  ao acordo que é a pedra angular do comércio no Mercosul, conhecido como ACE-18.
                A Venezuela de Maduro, na prática, se aferra ao Mercosul mais de forma simbólica do que concreta. Além de não adequar-se ao acordo acima, pedra angular do significado do Mercosul,  o governo chavista, por força do seu viés anti-democrático, resiste a adotar o Acordo sobre Residência, que permite a cidadãos  viverem em qualquer país membro, sem maiores burocracias.  Além da já mencionada falta de adequação ao acordo básico de comércio - o já citado ACE-18, a Venezuela tampouco aderiu ao Protocolo sobre livre comércio de serviços e sequer participa das conversas sobre futura área de livre comércio  entre Mercosul e União Européia.
                    Pela sua situação de crise permanente e a ataraxia da gestão Maduro - que conduz à gravíssima crise de desabastecimento, hiper-e galopante inflação, a que se somam pesadas infrações aos direitos humanos, com a existência de presos políticos, a começar do candidato López à presidência, trancafiado em masmorra - a Venezuela configura um caso limite de país envolvido em pesada corrupção da elite chavista, opressão da oposição, e condições dramáticas para a população em geral.
                     A Venezuela do ex-caminhoneiro Nicolás Maduro é caso limite de desgoverno. Não é aconselhável que ela presida qualquer coisa que seja, eis que o regime pós-chavista dá provas bastante da respectivva profunda incapacidade gestão, única exceção aberta a opressão da população.


( Fonte: Folha de S. Paulo )

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