Dentro do cronograma anteriormente
acordado, caberia à Venezuela de Nicolas Maduro a presidência rotativa do
Mercosul, para a próxima terça-feira, 12 de julho.
Essa mudança dificilmente ocorrerá,
pela oposição do Paraguai - que tem boas razões para tanto, a começar pela
maneira com que foi forçado a 'colaborar' na acessão da Venezuela, por uma
canhestra manobra de Dilma Rousseff. Dessarte, Assunção se opõe categoricamente
à entrega da presidência à Venezuela.
Já o chanceler José Serra propôs
adiar a transferência da presidência rotativa do Mercosul para a Venezuela,
prevista para o próximo 12 deste mês.
A Ministra de Relações Exteriores
daquele país, Delcy Rodriguez, tentou rebater de forma grosseira as reiteradas
críticas de Serra ao governo de Maduro.
Assim se expressou a Rodriguez, que é
próxima de Maduro: "A República Bolivariana da Venezuela rejeita as
declarações insolentes e amorais (sic) do chanceler em exercício do
Brasil. Serra se soma à conjura da
direita internacional contra a Venezuela e viola princípios básicos que regem
as relações internacionais."
Rodriguez voltou a dizer que o
afastamento da presidente Dilma Rousseff é um "golpe de estado" contrário
à "vontade de milhões de cidadãos que votaram nela."
O Ministro José Serra adotou uma
política mais firme contra o regime
venezuelano, no que se distancia das posições anteriores do regime
lulo-petista, que fazia vista grossa ao desrespeito pelo Governo da Venezuela.
Serra condena Nicolás Maduro por violar princípios democráticos - inclusive
'lotando' de chavistas a Corte Suprema, que intervém pesado nos direitos constitucionais,
inclusive desrespeitando direitos do Legislativo (dominado por maioria da
oposição). Além disso, acusa Maduro de manter presos políticos e de ser
responsável pelo caos no abastecimento, com a escassez generalizada de
alimentos e remédios.
Segundo Serra, o Brasil tem posição
intermediária no que tante ao regime chavista. Consoante o Ministro brasileiro,
a Venezuela só poderá assumir a presidência rotativa do Mercosul - pelos próximos seis meses - se
cumprir obrigações de adesão. Notadamente,
na área aduaneira falta adequar-se ao
acordo que é a pedra angular do comércio no Mercosul, conhecido como ACE-18.
A Venezuela de Maduro, na
prática, se aferra ao Mercosul mais de forma simbólica do que concreta. Além de
não adequar-se ao acordo acima, pedra angular do significado do Mercosul, o governo chavista, por força do seu viés
anti-democrático, resiste a adotar o Acordo sobre Residência, que permite a
cidadãos viverem em qualquer país membro,
sem maiores burocracias. Além da já
mencionada falta de adequação ao acordo básico de comércio - o já citado
ACE-18, a Venezuela tampouco aderiu ao Protocolo sobre livre comércio de
serviços e sequer participa das conversas sobre futura área de livre
comércio entre Mercosul e União
Européia.
Pela sua situação de crise
permanente e a ataraxia da gestão Maduro - que conduz à gravíssima crise de
desabastecimento, hiper-e galopante inflação, a que se somam pesadas infrações
aos direitos humanos, com a existência de presos políticos, a começar do
candidato López à presidência, trancafiado em masmorra - a Venezuela configura
um caso limite de país envolvido em pesada corrupção da elite chavista,
opressão da oposição, e condições dramáticas para a população em geral.
A Venezuela do
ex-caminhoneiro Nicolás Maduro é caso limite de desgoverno. Não é aconselhável
que ela presida qualquer coisa que seja, eis que o regime pós-chavista dá
provas bastante da respectivva profunda incapacidade gestão, única exceção
aberta a opressão da população.
( Fonte: Folha de S. Paulo )
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