domingo, 31 de julho de 2016

O pessimismo americano

                               
       Frank Bruni dedica o seu comentário de hoje no New York Times ao tema do pessimismo nos Estados Unidos.
       Segundo ele, a última vez que a reação do povo americano foi positiva ocorreu logo após a reeleição de Barack Obama contra Mitt Romney.
       Subentendido, o prevalente pessimismo explicaria a aparição e o apoio recebido pelo candidato Donald Trump.
       Corresponderão as cores pesadas com que o agora candidato do GOP visualiza  os Estados Unidos da atualidade ao sentimento prevalente no eleitorado ?
        Por enquanto, tudo parece indicar que sim, por mais grosseiras e até absurdas as colocações do suposto candidato do verão que atropelou o bando de pré-candidatos republicanos, decerto ambiciosos, mas que não lograram dissociar-se do pálio de mediocridade com que o forasteiro Trump soube envolvê-los.
        Posta a premissa pelo articulista, ele se pergunta se Hillary Clinton projetará a própria imagem e não a do continuismo.
        Quero crer que o eleitor americano saberá distinguir entre Hillary e Trump, enquanto expressões de realidades diversas. As bases de um e de outro diferem como a água do vinho, e não se pode presumir que o eleitorado seja tão limitado a conformar-se com os lugares comuns e as visões negativas com que joga Trump.
         Além disso, é muito grande a diferença entre a mensagem e  visão dos dois candidatos. Não foi à toa que o Presidente Barack Obama saudou Hillary Clinton como a candidata mais preparada e com invejável curriculum vitae, nisto incluída a stamina e a visão nascidas de muitos obstáculos vencidos e de um invejável cursus honorum - que o digam os cães que latem ao passar de sua caravana.
          Só não têm inimigos aqueles que pouco ou nada representam. Além de ter o contexto político, o conhecimento que vem tanto da academia e dos livros, quanto da universidade das ruas e praças, permeia a Hillary uma realidade que lhe foi jogada ou concedida, de acordo com os caprichos da deusa Fortuna que - é sempre  bom lembrar -  podem ser cruéis, enganosos ou benfazejos.
          Como nos ensina o hoje esquecido A. Toynbee as provações tanto das culturas quanto civilizações podem ou não ser determinantes para a respectiva grandeza ou ruína de suas respostas, que, em essência, têm a última palavra.
          Assim, não há ventríloquos na política e no embate das nações. Haverá, por isso, muita oportunidade para que se faça a triagem entre os dois candidatos, e segundo a época e seus desafios, vencerá quem melhor estiver preparado para mostrar ao respectivo Povo o caminho e as escolhas mais adequadas.


( Fontes: A. Toynbee, The New York Times ) 

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