A Primeira Ministra britânica, Theresa May, visitou ontem, dia vinte
de julho, a sua colega e Chanceler alemã, Angela
Merkel. De saída, logrou uma postergação simpática da Merkel, que concordou,
sem maiores dificuldades, que o Reino Unido precisa de tempo para notificar
oficialmente sua saída da União Européia, o que não deverá ocorrer neste ano.
A importância da Alemanha e sua liderança na
C.E. fica sublinhada pela visita em primeiro lugar da May à colega germânica.
Ter-se-á presente que a primeira reação da Merkel, à quente, fora que a U.E. não esperaria
indefinidamente pela saída do Reino Unido da Comunidade.
Pelos sorrisos e posturas, a reunião
terá transcorrido a contento. A frase da Chanceler, se é aberta e flexível,
mostra que o Brexit não significaria
ruptura completa: "É de interesse de todos que o Reino Unido peça esta
saída quando tenha uma posição de negociação bem definida", afirmou Frau
Merkel, lembrando que nem todos os laços com a União Européia serão cortados.
Tomada a decisão - não importa por
que motivos, inclusive erros de quem a acionou, no caso David Cameron - é papel
da Primeira Ministra May tentar dar aspectos graciosos à ruptura. Defende por
isso uma saída 'sensata e ordenada', e tornou a sublinhar que não pedirá para
deixar o bloco antes do fim de 2016.
Como refere, contudo, a notícia, a
senhora Nina Shick, do círculo Open Europe, a boa vontade da Merkel pode ter
prazo de validade. No caso, se recorda que essa boa disposição poderia
esgotar-se no caso de demora julgada excessiva do Reino Unido em pedir a
ativação do art. 50 do Tratado de Lisboa, previsto em casos de ruptura.
Nesse contexto, contudo, é sempre
bom lembrar que a diplomacia só pode atuar dentro de parâmetros estabelecidos.
Cometido o erro através de irresponsável ativação da ruptura, e sem embargo do percentual
apertado e do voto de Escócia e Irlanda da Norte pela permanência, a diplomacia
não pode embelezar o feio, nem dar o troncho como não cortado. No quadro, será
oportuno lembrar o dito popular: "não desejes muito uma coisa, porque ela
pode acontecer".
( Fonte: O Globo )
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