É velha pergunta - ela tem cerca de 26
anos. Pois para quem tem a memória fraca, será bom relembrar que o New York Times encomendou, muito antes
de Ken Starr, uma análise jornalístico/investigativa sobre o caso de Whitewater.
Então, a pesquisa foi publicada, mas, como tudo o mais sobre este suposto escândalo, foi para o ralo da história. Nem Ken
Starr, o promotor especial que tornaria o comissário Javert
uma brincadeira de criança, logrou, como desejava o comitê republicano que o
pôs no lugar de Fiske, demasiado correto para interessar quem partia para a
jugular do candidato democrata, inviabilizar a candidatura de Bill Clinton. O
ex-governador do pequeno estado de Arkansas não era nenhum Dukakis e tornaria o
velho (the elder) Bush presidente de
um só mandato.
O New York Times supostamente
patrocina Hillary Clinton, mas se olharmos para o seu comportamento, a
invocação do evangelho - guarde-nos Senhor de tais amigos, pois dos inimigos me
defendo eu! - é vestimenta que cai demasiado bem ao dito maior jornal
americano.
No dia seguinte à boa nova que a
suposta investigação encomendada, como
não poderia deixar de ser, pelo GOP,
através dos seus incansáveis cães de guarda da Casa de Representantes (que lá
terão a vergonhosa maioria do gerrymander
por quanto tempo,se não se fizer um exame acurado dos estranhos distritos
eleitorais que os bons republicanos construíram em função do shellacking da eleição intermediária de
2010, presente dado pelo novato Barack Obama).
É até compreensível a exasperação
da equipe do Times. Hillary logrou vencer a inesperada rivalidade do Senador Bernie Sanders, e agora atravessou a barreira
do emprego de terminal particular de e-mail, essa terrível barreira que lhe
havia sido construída, com a louvável ajuda da maioria do GOP na Câmara, sempre
à cata de obstáculos eleitorais para barrar a candidatura de Hillary, sobretudo
agora que o GOP se apresta a designar um
bufão como seu candidato.
Por isso, eles devem ter saboreado
a exasperada reação do diretor do F.B.I., James B. Comey, que não podendo
indiciá-la com base nas acusações levantadas pelo diligente trabalho dos
escribas do GOP, nos vem com observações que no dizer algariado dos redatores
do Times na prática quase indicia - o
discernimento de Hillary em termos de julgamento e competência - que os
zelosos jornalistas do Times nos lembram que "são pilares vitais de sua
candidatura presidencial" - e "num gênero de terminologia que seria politicamente devastante num ano
eleitoral normal".
Qual é o escopo do artigo do
Times? Lembrar o leitor de que o Sr.
Comey, esse importante burocrata da segurança nacional, em alguns poucos
minutos terá posto em questão "as pretensões de superioridade da Senhora
Clinton de forma mais memorável,
poderosa e eficaz do que Mr. Trump em todo o ano passado". E - se apressa
o jornalista do Times a relembrar o leitor: "e com consequências
potencialmente duradouras."
Por que não escolhem então Mr James
B. Comey, esse burocrata da segurança, sucessor do fundador do FBI, J. Edgar
Hoover, que em uma casca de nóz resume o supostamente leviano comportamento da
candidata Hillary que, em uma pincelada, alegadamente a compromete para sempre,
nos entusiasmados comentários dos escribas do Times, que no auge da excitação
com o que lhes proporciona Mr Comey para agradar os editores do Times, chegam a
dizer que ele colocou em questão as reivindicações de superioridade de forma mais memorável, poderosa e efetiva do
que terá logrado fazer Mr Trump em todo o ano passado. E (lembrando ser o
Diretor do FBI) com consequências potencialmente duradouras.
Então, diante de todo o trabalho e
competência de Hillary, basta a opinião
de especialista de segurança, como se ao trabalho da candidata tenha faltado
competência e julgamento, apenas porque instalou um terminal de computador para
e-mails em sua residência, com vistas
a facilitar-lhe o trabalho? E por falar
em trabalho - e isto se refere tanto a Mr James B. Comey, quanto aos assanhados
jornalistas que fazem o trabalho da 'muy amiga' direção do Times - alguma palavra sobre a atuação diplomática de Hillary nos
seus quatro anos de State Department?
Pensam esses 'estranhos amigos' lograr destruir-lhe o trabalho de quase um
lustro à frente das Relações Exteriores americanas, com a reação mal-humorada
de quem não tem outra solução senão a de aprovar o trabalho de Hillary, que os muy leais republicanos gostariam sim de
jogar à matilha de cães, enraivecidos pelas lições que receberão em novembro
p.f.?
( Fonte: The New York Times )
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