O
colunista do New York Times, Thomas L. Friedman, escreveu
ontem artigo com a própria interpretação dos últimos desenvolvimentos da candidatura
de Hillary Clinton. Com o apoio do
seu tenaz adversário, Bernie Sanders, que resolveu afinal reconhecer a derrota
nas primárias e apoiar Hillary na Convenção de Filadelfia, Friedman pensa sobre
as consequências de uma landslide
(vitória arrasadora dos democratas), que a habilite a alcançar a maioria no
Senado e na Câmara (sem falar que neste caso os candidatos democratas teriam
pela frente uma senhora pirambeira, pela circunstância do gerrymander republicano surgido depois do shellacking (tunda) de 2010), aplicada no então inexperiente
Presidente Barack H. Obama.
Vejam as consequências, segundo Friedman,
de triunfo esmagador de Hillary: haveria a chance - o que dependerá, é claro,
do tamanho da maioria democrata no Senado (atualmente manda o GOP) - de que passem leis sensatas sobre
armas de fogo. Poder-se-ía restaurar o Banimento de Armas de Assalto, que fora
votado em 1994 como parte de Lei federal contra o crime - mas que expirou dez
anos depois; bem como tornar ilegal que alguém incluído em lista de vigilância
terrorista possa comprar uma arma de fogo.
Fala-se muito na deterioração da rede de transportes nos Estados Unidos. Por falta de manutenção, a
infraestrutura viária - estradas, pontes, aeroportos e ferrovias (também com a
sua largura inadequada) - ficou obsoleta. Renová-la e criar mais empregos de
mão-de-obra operária, além de fundamental, tenderá outrossim a ajudar a estimular
o crescimento da economia.
Também Friedman - com base nesta
hipotética, mas desejável vitória - alude ao chamado Obamacare, a reforma da saúde introduzida no biênio em que os
democratas dominavam as duas Câmaras. Os democratas poderiam dar um jeito na
Lei da Reforma Geral da Saúde, torná-la mais operacional e abrangente, o que
não implica que se tenha de destiná-la à lata de lixo, como quer o GOP.
A paralisia atual na política em
Washington - a maioria republicana na Câmara de Representantes, conquistada da
maneira conhecida, uma vez varrida por avalanche democrata poderia refletir-se
beneficamente também em extinguir o
preconceito nas leis eleitorais (que hoje dificultam o voto das minorias),
assim como no combate às leis que se fundam no preconceito, além daquelas que
são contra as mulheres, os Latinos e os muçulmanos; e aquelas leizinhas que tem
o escopo de dificultar o sufrágio das minorias (latinos, mulheres, velhos e pobres). Além
disso, se reinstituiria o controle pelo Congresso de leis abusivas e contrárias
ao voto dos afro-americanos e de outras minorias, que foi há pouco escandalosamente ab-rogado
pelo Supremo, sempre com maioria republicana.
E segundo Friedman, tal vitória
abrangente de Hillary poderá refletir-se igualmente nos governos estaduais, na
Câmara de Representantes (desde 2010 desvirtuada por maioria republicana fabricada pelo gerrymander), no Senado e na própria
Suprema Corte, afinal com uma corrente majoritária progressista!
Será que essa vitória de Hillary e os
demais efeitos podem realmente ocorrer?
Com prazer eu me associo a Thomas L.
Friedman. Dentre as inúmeras proibições
que recaem sobre quem escreva, não me
parece oportuno que se feche essa porta, por onde tanto bem pode passar...
( Fonte: A festa do G.O.P. já era, de Thomas L.
Friedman )
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