quinta-feira, 14 de julho de 2016

Hillary e seus inimigos

                         

          Talvez a coluna de Thomas L. Friedman os tenha assustado. Mas forçoso será reconhecer a rapidez com que se reaglutinou a frente anti-Hillary, formada por seu "amigos" do New York Times e estranha pesquisa de opinião, em que se torna a bater nos e-mails e no servidor privado da Secretária Hillary Clinton.
           A coalizão anti-Hillary continua. As pesquisas acentuam a falta de confiança que ela mereceria do eleitorado. É pelo menos esquisito que um assunto como o do servidor privado de e-mails seja instrumentalizado para que se transforme em prova da suposta falta de caráter da candidata democrata. Por que será que outros antecessores no cargo de Secretário de Estado - e que também se valeram desse recurso (compreensível para quem precisa lidar com um montão de papelório vindo das missões no estrangeiro) - não tiveram tanta atenção negativa, seja do GOP, seja de um gárrulo diretor do F.B.I. ?
             É sabido que os republicanos têm medo de Hillary. E como é sabido, o GOP tende a judicializar as respectivas rivalidades eleitorais. Os republicanos na Câmara de Representantes - que desde 2011 é um clube fechado, que a bancada do GOP domina, por motivos demasiado repetidos para que mereçam ser citados - se especializam em criar óbices para a Sra. Hillary Clinton. Depois do caso de Christopher Stevens, o embaixador assassinado em Benghazi, e de cuja morte a bancada republicana tentara responsabilizar a Sra. Clinton, uma vez esgotado o assunto, sem que o esforço da 'posse' republicana lograsse qualquer êxito, essa malta, que decerto não é boa de voto, mas são temíveis leguleios, transferiu as suas cálidas expectativas para a imaginosa questão dos e-mails particulares da Secretária de Estado Hillary Clinton.
             Os Estados Unidos - e mais ainda a Nova Inglaterra - é uma terra de contradições. Veja-se, por exemplo, a postura do New York Times no que concerne aos Clinton. Depois de avidamente abraçarem o suposto escândalo imobiliário do casal na questão Whitewater - e de engajarem repórteres para prepararem um levantamento da questão - o Times nada logrou nesse intento de jornalismo investigativo.  Agora, a sua atitude quanto a Hillary é um buquê de rosas, a que acompanham os espinhos de acerbas críticas. Assim, o grande jornal patrocinou-lhe a candidatura, mas essa bondade não vem sozinha. Fez render o quanto pôde o chamado escândalo dos e-mails, "escândalo" este a que o adversário Bernie Sanders nada viu que justificasse a obsessiva atenção dada.
                Nessa questão dos e-mails, estou mais com a Attorney General Loretta Lynch do que com o diretor do F.B.I., James Comey. O próprio Times, em sua cobertura da audiência de Comey na Câmara de Representantes, reconhece que o diretor do FBI reservou palavras muito duras para a candidata, para afinal nada conceder aos republicanos - pois não poderia contradizer-se em declarar que não havia razão para considerar a candidata suscetível de ser responsabilizada criminalmente, e depois dar-lhes a impressão de acenar-lhes com a cenoura do perjúrio - esse velho recurso judiciário para cavar culpas imaginárias.
                  Mas deixemos esta senda de que os Clinton conhecem bem. Com novas pesquisas, o Times mostra que Trump ganha com o efeito"servidor privado de e-mails, e agora os dois candidatos - o confiável Donald Trump e  a pouco confiável Hillary Clinton estão igualados nas pesquisas nacionais...
                   Na sua cobertura, o Times  chega a descrevê-la como uma "candidata ferida" pela questão dos e-mails.
                   Desde o meu modesto posto de observação, dentro em breve ninguém mais se lembrará desses e-mails. Começará a verdadeira campanha, e o eleitorado, simpático ou não, terá de ocupar-se das diversas questões de governo que terão de ser  analisadas e discutidas.
                  E é aí que mora o perigo para o candidato Trump.


( Fonte: The New York Times )

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