Talvez a coluna de Thomas L. Friedman
os tenha assustado. Mas forçoso será reconhecer a rapidez com que se
reaglutinou a frente anti-Hillary, formada por seu "amigos" do New
York Times e estranha pesquisa de opinião, em que se torna a bater nos e-mails e no servidor privado da
Secretária Hillary Clinton.
A coalizão anti-Hillary
continua. As pesquisas acentuam a falta
de confiança que ela mereceria do eleitorado. É pelo menos esquisito que um
assunto como o do servidor privado de e-mails seja instrumentalizado para que
se transforme em prova da suposta falta de caráter da candidata democrata. Por
que será que outros antecessores no cargo de Secretário de Estado - e que também
se valeram desse recurso (compreensível para quem precisa lidar com um montão
de papelório vindo das missões no estrangeiro) - não tiveram tanta atenção
negativa, seja do GOP, seja de um
gárrulo diretor do F.B.I. ?
É sabido que os republicanos têm
medo de Hillary. E como é sabido, o GOP
tende a judicializar as respectivas rivalidades eleitorais. Os republicanos na
Câmara de Representantes - que desde 2011 é um clube fechado, que a bancada do
GOP domina, por motivos demasiado repetidos para que mereçam ser citados - se
especializam em criar óbices para a Sra. Hillary Clinton. Depois do caso de
Christopher Stevens, o embaixador assassinado em Benghazi, e de cuja morte a
bancada republicana tentara responsabilizar a Sra. Clinton, uma vez esgotado o
assunto, sem que o esforço da 'posse' republicana lograsse qualquer êxito, essa
malta, que decerto não é boa de voto, mas são temíveis leguleios, transferiu as
suas cálidas expectativas para a imaginosa questão dos e-mails particulares da Secretária de Estado Hillary Clinton.
Os Estados Unidos - e mais ainda a
Nova Inglaterra - é uma terra de contradições. Veja-se, por exemplo, a postura
do New York Times no que concerne aos
Clinton. Depois de avidamente abraçarem o suposto escândalo imobiliário do
casal na questão Whitewater - e de
engajarem repórteres para prepararem um levantamento da questão - o Times nada
logrou nesse intento de jornalismo investigativo. Agora, a sua atitude quanto a Hillary é um
buquê de rosas, a que acompanham os espinhos de acerbas críticas. Assim, o
grande jornal patrocinou-lhe a candidatura, mas essa bondade não vem sozinha.
Fez render o quanto pôde o chamado escândalo dos e-mails, "escândalo"
este a que o adversário Bernie Sanders nada viu que justificasse a obsessiva
atenção dada.
Nessa questão dos e-mails, estou mais com a Attorney General Loretta Lynch do que com
o diretor do F.B.I., James Comey. O próprio Times,
em sua cobertura da audiência de Comey na Câmara de Representantes, reconhece
que o diretor do FBI reservou palavras muito duras para a candidata, para
afinal nada conceder aos republicanos - pois não poderia contradizer-se em
declarar que não havia razão para considerar a candidata suscetível de ser
responsabilizada criminalmente, e depois dar-lhes a impressão de acenar-lhes
com a cenoura do perjúrio - esse velho recurso judiciário para cavar culpas
imaginárias.
Mas deixemos esta senda de
que os Clinton conhecem bem. Com novas pesquisas, o Times mostra que Trump ganha com o efeito"servidor privado de
e-mails, e agora os dois candidatos - o confiável
Donald Trump e a pouco confiável Hillary
Clinton estão igualados nas pesquisas nacionais...
Na sua cobertura, o Times chega a descrevê-la como uma "candidata
ferida" pela questão dos e-mails.
Desde o meu modesto posto de
observação, dentro em breve ninguém mais se lembrará desses e-mails. Começará a
verdadeira campanha, e o eleitorado, simpático ou não, terá de ocupar-se das
diversas questões de governo que terão de ser
analisadas e discutidas.
E é aí que mora o perigo para
o candidato Trump.
( Fonte: The New York Times )
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