sábado, 2 de julho de 2016

Colcha de Retalhos D 28

                              

Sob o olhar nervoso da mídia mundial


           Aquele velho dito - não desejes muito uma coisa determinada, porque ela pode acontecer - passou a ter uma aplicação intensa na mídia mundial no que concerne o seu interesse quanto a certos aspectos da situação no Brasil.
            Como há uma aparente dificuldade das autoridades da segurança de lidarem, conterem e eventualmente controlarem o desafio da mala vita no Brasil, não há de provocar grande espanto se os órgãos mundiais da mídia internacional passarem a dispensar uma crescente e nervosa atenção quanto aos sinais de alegado descontrole dos órgãos repressores da sociedade brasileira em dominar o desafio do crime organizado.
              Nos eventos internacionais que o Brasil teve de enfrentar - como na última Copa Mundial de Futebol - se o comportamento neste esporte - em que antes o Brasil sempre aparecera através de sua seleção como em condições de no mínimo disputar o título - semelhava dar-nos alguma tranquilidade quanto ao aspecto técnico - tranquilidade essa seja dito de paso que se dissolveu no Estádio Municipal de Belo Horizonte, enterrados que fomos pelo vexame histórico dos sete a um que nos aplicou a Alemanha. 
              Assegurada a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro, através se série de filmetes de propaganda e  muitas, muitas promessas, eis que agora a autoridade brasileira - representada por dois interinos - o Presidente Michel Temer e o Governador do Estado Francisco Dorneles (que assumiu pela enfermidade do titular, o nosso estimado Pezão) - tem de enfrentar um Senhor Desafio com a Olimpíada, com o grande afluxo previsto, os problemas atinentes ao trânsito, realização dos jogos, atendimento emergencial e a questão da segurança, entre outros (os estádios e locais atléticos estão prontos).
               O problema da segurança - no Rio de Janeiro a força policial dos PMs tem sido regularmente abatida pelo crime organizado. Desde princípios do ano, cinquenta PMs foram "executados" pelo dito crime, sem que o Estado, desprovido de meios, apresente uma reação que dê segurança aos brasileiros em geral e aos cariocas em particular.
              Nesse sentido, a foto de um caminhão cuja carga foi saqueada por um ataque desse crime organizado mereceu a honra da distribuição mundial, para que a comunidade internacional tenha conhecimento da crescente desenvoltura da mala vita, que nos parece autenticamente brasileira, a despeito da terminologia empregada.


Rosa Weber afinal interrompe ações



        A Ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, afinal voltou atrás, e decidiu suspender as ações coordenadas dos juízes no Parana contra os jornalistas e a "Gazeta do Povo",  no Paraná.
       Com efeito, a 20 de maio último, a Ministra Weber negara o pedido do jornal "Gazeta do Povo" para suspender as ações.
        Após recurso, no entanto, a Ministra reconsiderou a sua decisão anterior, dando liminar interrompendo a tramitação dos processos.
         No recurso, a 'Gazeta do Povo' ponderou que, em 25 de maio, cinco dias após a primeira liminar da Ministra,  tinha sido exarada a primeira sentença condenando o jornal a pagar indenização de R$ 20 mil. O mesmo Jornal levou à Ministra o conteúdo de um áudio com declarações do juiz Walter Ligeiri Júnior. Na gravação, ele diz que, depois que o STF ter negado o pedido, os jornalistas teriam de viajar muito pelo Paraná. O magistrado Walter Ligeiri afirma que setecentos juízes estavam preparando ações contra o veículo de comunicação e seus funcionários.
           O jornal citou ainda um trecho da Constituição segundo o qual cabe ao Supremo julgar casos em que integrantes da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados. Rosa entendeu  que esse ponto não se aplicava ao caso. Mas avaliou que há um risco cada vez maior ao pleno exercício do direito de defesa. Outrossim, afirmou a magistrada que a série de ações pode provocar  "grave prejuízo financeiro e pessoal" aos jornalistas, uma vez que os obriga a se deslocar em todo o estado.
           A 'Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão' (Abert), a 'Associação Brasileira de Imprensa' (ABI), e a 'Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo' (Abraji)  elogiaram a decisão.
            Das citadas notas consta: "É inaceitável a atitude dos magistrados que moveram uma série de ações com o objetivo de intimidar o trabalho jornalístio" (Abert),  "A ABI entende que a mordaça  através da toga é inaceitável em um regime democrático" , e  "( A decisão) "é um alento para aqueles que enxergam o jornalismo como um dos pilares da democracia"(Abraji).


O STJ suspende acordo entre Samarco e Governos



             A pedido do Ministério Público Federal, a Ministra  Diva Malerbi (STJ) suspendeu ontem, primeiro de julho, acordo feito entre os governos federal e estaduais de Minas Gerais e Espírito Santo, com as empresas  Samarco, Vale e BHP Billiton, que previa a recuperação ambiental  da área atingida  pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG). A decisão em apreço foi tomada em caráter liminar.
             Como o acordo em apreço se extinguiam recursos que discutiam a implantação de outras medidas àquele magno desastre ambiental. A Ministra Malerbi entendeu que a 1ª Seção do STJ decidiu em junho último que a competência para julgar processos  que envolvem Fundão é da 12ª Vara da Justiça Federal de Minas. Com a liminar em apreço fica restaurada a ação civil pública ajuizada contra a Samarco, a Vale e a BHP Brasil.
             "Ademais - segundo escreveu a Ministra do STJ, Diva Malerbi - diante da extensão dos danos decorrentes do desastre ocorrido em Mariana/MG, seria rigorosamente recomendável o mais amplo debate para a solução negociada da controvérsia, por meio da realização de audiências públicas, com a participação dos cidadãos, da sociedade civil organizada, da comunidade científica e dos representantes dos interesses locais envolvidos, a exemplo das autoridades municipais."


Os Hospitais do Rio de Janeiro podem fechar



                A situação do Estado, dado a caótica herança fiscal - com o desaparecimento dos royalties do petróleo e a posição fiscal comprometida, na sucessão dos governos estaduais, a partir da Administração Sérgio Cabral - esse mesmo Estado e a Prefeitura do Rio de Janeiro aguardam com ânsia a chegada dos prometidos recursos federais na área da saúde.   Vejam o que declara o Sr. Secretário estadual de Saúde, Luiz Antônio Teixeira Júnior: o setor está com "grande dificuldade" para manter unidades em funcionamento. E mais: ' sem a injeção de dinheiro, os serviços podem parar até durante os Jogos Olímpicos. Consoante Sua Senhoria, o quadro hoje é pior que o enfrentado em dezembro passado, quando emergências estaduais (as chamadas UPAS[1]) fecharam as portas.
                 "Se não tiver recurso novo e se não tiver garantia  de custeio, é claro que (a situação de dezembro pode se repetir).  (O Sr. Teixeira Júnior) tem, no entanto, a certeza de que o governo vai alocar recursos  para que nada disso aconteça. Agora, se o governo não tiver recursos... A gente está sempre sob risco. Eu fiz, inclusive, um ofício ao Governador (interino) explicando essa situação, (e o consequente) risco de paralisação dos serviços de saúde no Estado.
                     Pelas declarações do Senhor Teixeira Júnior se tem uma ideia da precaridade da situação fiscal do Estado em termos de saúde.  "Com a maior dívida acumulada em 2016 entre as secretarias estaduais - R$ 485 milhões, até maio, a saúde recebeu apenas R$ 750 milhões no primeiro semestre, quando estava previsto um gasto de R$ 2,1 bilhões (12% da Receita corrente líquida do Estado, que está orçada em R$ 17 bilhões).
                      Segundo o aludido Secretário de Saúde, a situação se agravou no primeiro semestre deste ano, eis que a saúde só recebeu R$ 25 milhões do caixa do Estado, quando precisa de pelo menos duzentos milhões de reais.


( Fontes:  TV Globo, O Globo, Estado de S. Paulo )



[1] Unidade de Pronto Atendimento Sanitário (UPAS)

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