Para Recip Erdogan a tentativa de quartelada lhe
serviu à maravilha. Basta observar a cínica manipulação do movimento
desorganizado e ineficaz que nunca ameaçou o governo do presidente turco.
Com a reação au toritária, o presidente turco, além de dar as
costas a qualquer aparência de democracia, realiza verdade razzia de todos os seus opositores - reais ou imaginários - fazendo
expurgos no exército, no judiciário e na intelectualidade.
Regurgitam de suspeitos - reais ou
imaginários - as cadeias naquele país. O
pesado silêncio da ditadura recai sobre o país. Voz só a possuem os áulicos do
ditador, que tem sede de sangue, como se espalhá-lo reduzirá seus adversários à
paralísia do medo e do terror.
Sob o bater dos tambores, o Congresso,
agachado, concorda em que Erdogan enfeixe todos os poderes, inclusive o
legislativo.
Desgarrado de antigos propósitos, ele
vê inimigos por toda a parte, e quer conduzi-los todos aos calabouços da
Turquia. O seu ódio privilegia o adversário no estrangeiro, a quem atribui a
responsabilidade da tentativa de sedição.
A paranóia costuma ser a alcoviteira
dos tiranos, pois eles costumam presumir grandes forças e grandes responsabilidades, mesmo diante de esturricados, medíocres
indícios de poder muito da Taprobama dos
exilados como o clérigo Ferhat Guillen que mesmo à grande distância se creditam
capacidades inauditas na produção de maldades e de conspiratas.
O retrocesso que o sanhudo ditador
inflige àquele país se é tristemente previsível, mais o será o mal e o atraso
que ele trará não só à liberdade, mas também à cultura e a qualidade de vida
naquela terra que se através dos séculos e em todas as idades já tocou alturas em
espírito e qualidade existencial, também
vegetou em eras terríveis no que tange à longa noite da tirania, que vive mais
a gosto nos braços da torpeza e da corrupção, pois estas últimas criaturas sóem
ser aquelas que mais se arreganham na palude da cultura e de tudo aquilo que
dignifica o homem.
Cem anos em outra terra pode ser o
cântico dos áulicos do mando, que há de soar mais forte, quanto mais cresça o
braço hirsuto do poder absoluto. Terá
como companheiros o atraso, a ignorância e a pobreza, pois os palácios da
riqueza serão para os súditos do déspota - e o quanto dure será sempre pouco e
atribulado, porque na companhia do temor
e da certeza no descalabro final.
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