No primeiro dia da Convenção Democrata,
o Senador Bernie Sanders fez o discurso
mais importante. Há, nas fileiras democratas, grande número de delegados
favoráveis à sua candidatura, e que estão compreensivelmente amargurados com a
vitória da candidata Hillary Clinton.
A questão dos e-mails na direção democrata da campanha e a maneira com que o seu
conteúdo veio à tona revela mais uma operação exitosa de hacking, com objetivos escusos. Depositados, como ontem foi
adiantado, à disposição do WikiLeaks,
o escopo óbvio da operação foi o de acirrar os ânimos e tentar enfraquecer a
candidatura democrata de Hillary Clinton.
Mas como tudo hoje em dia, o prazo de
validade de tal divulgação tende a ser bastante curto, dados os manifestos
interesses escusos em baralhar as cartas e indispor os ânimos para servir a
escopos inconfessáveis.
Na noite de ontem, reservou-se uma
longa ovação ao candidato das primárias, Bernie Sanders, que teve de esperar muito
tempo antes que os numerosos delegados e
público que lhe são favoráveis o deixassem falar.
Bernie, como líder da esquerda
democrata, cumpriu a sua parte no entendimento havido com a hoje candidata
democrata. Fê-lo de forma correta, agradecendo ao apoio recebido dos militantes
que lhe são favoráveis, mas não deixando de mostrar que respeita e implementa o
acordo havido com Hillary Clinton, frisando aquilo que os une, e não buscando
remexer no que porventura os divida.
A fala de Bernie Sanders expôs a
plataforma comum da candidata e dele próprio. Com isso, o pré-candidato - que
teve surpreendente atuação no longo processo das primárias - cuidou de
sublinhar que Hillary havia compreendido
muitas das posturas do movimento por ele liderado.
Como todo bom orador, Bernie soube
negociar o tortuoso caminho das primárias, enfatizando aqueles ítens em que
maioria e minoria se puseram de acordo. Agiu com a habilidade do político veterano que
é, mas também do ativista que não desconhece da principal meta a ser atingida, v.g., a de vencer o adversário comum. Para tanto, enfatizar a união das correntes partidárias,
que não devem perder de vista o interesse de comparecer às seções eleitorais de
forma a tornar possível o sonho democrata de fundar as bases progressistas das
diversas linhas representadas por ele e a candidata Hillary. Esta última, em
recebendo a nomination, passa a enfeixar, sem ulteriores lutas
intestinas, o escopo precípuo do Partido Democrata, que é o de vencer nas eleições
de novembro.
Assim, Bernie Sanders soube
canalizar da sensação inicial do movimento na esquerda democrata, que
lamenta haver chegado à praia, mas não logrou prevalecer em todas as metas
da cruzada do prócer progressista. Em outras palavras, transformar essa sensação
potencialmente negativa em reação positiva, na qual a ala de Bernie, com os
seus milhões de votos nas primárias, se une com a corrente majoritária
de Hillary.
Daí, o mantra de Bernie para os seus
partidários de que a candidata Hillary compreendera
- e por conseguinte, abraça - os principais fins perseguidos na luta durante
as primárias, de forma que essas duas linhas - tanto a majoritária, quanto a
minoritária - se unissem, dada a implícita aceitação pela candidata vencedora, como vetora destas idéias novas,
debatidas e votadas nas diversas etapas das primárias, para que, em chegando a
novembro, a candidata democrata se torna a vetora natural das reformas
indispensáveis para alcançar-se sociedade mais progressista e mais justa.
( Fonte: discurso de Bernie Sanders na Convenção de
Filadelfia )
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