terça-feira, 26 de julho de 2016

Discurso de Bernie Sanders

                        

        No primeiro dia da Convenção Democrata, o Senador Bernie Sanders fez o discurso mais importante. Há, nas fileiras democratas, grande número de delegados favoráveis à sua candidatura, e que estão compreensivelmente amargurados com a vitória da candidata Hillary Clinton.
         A questão dos e-mails na direção democrata da campanha e a maneira com que o seu conteúdo veio à tona revela mais uma operação exitosa de hacking, com objetivos escusos. Depositados, como ontem foi adiantado, à disposição do WikiLeaks, o escopo óbvio da operação foi o de acirrar os ânimos e tentar enfraquecer a candidatura democrata de Hillary Clinton.  
         Mas como tudo hoje em dia, o prazo de validade de tal divulgação tende a ser bastante curto, dados os manifestos interesses escusos em baralhar as cartas e indispor os ânimos para servir a escopos inconfessáveis.
         Na noite de ontem, reservou-se uma longa ovação ao candidato das primárias, Bernie Sanders, que teve de esperar muito tempo antes que  os numerosos delegados e público que lhe são favoráveis o deixassem falar.
         Bernie, como líder da esquerda democrata, cumpriu a sua parte no entendimento havido com a hoje candidata democrata. Fê-lo de forma correta, agradecendo ao apoio recebido dos militantes que lhe são favoráveis, mas não deixando de mostrar que respeita e implementa o acordo havido com Hillary Clinton, frisando aquilo que os une, e não buscando remexer no que porventura os divida.
         A fala de Bernie Sanders expôs a plataforma comum da candidata e dele próprio. Com isso, o pré-candidato - que teve surpreendente atuação no longo processo das primárias - cuidou de sublinhar que Hillary havia compreendido muitas das posturas do movimento por ele liderado.
         Como todo bom orador, Bernie soube negociar o tortuoso caminho das primárias, enfatizando aqueles ítens em que maioria e minoria se puseram de acordo. Agiu com a habilidade do político veterano que é, mas também do ativista que não desconhece da principal meta a ser atingida, v.g., a de vencer o adversário comum. Para tanto, enfatizar a união das correntes partidárias, que não devem perder de vista o interesse de comparecer às seções eleitorais de forma a tornar possível o sonho democrata de fundar as bases progressistas das diversas linhas representadas por ele e a candidata Hillary. Esta última, em recebendo a nomination,  passa a enfeixar, sem ulteriores lutas intestinas, o escopo precípuo do Partido Democrata, que é o de vencer nas eleições de novembro.
           Assim, Bernie Sanders soube canalizar da sensação inicial do movimento na esquerda democrata, que lamenta haver chegado à praia, mas não logrou prevalecer em todas as metas da cruzada do prócer progressista. Em outras palavras, transformar essa sensação potencialmente negativa em reação positiva, na qual a ala de Bernie, com os seus milhões de votos nas primárias, se une com a corrente majoritária de Hillary. 
           Daí, o mantra de Bernie para os seus partidários de que a candidata Hillary compreendera - e por conseguinte, abraça - os principais fins perseguidos na luta durante as primárias, de forma que essas duas linhas - tanto a majoritária, quanto a minoritária - se unissem, dada a implícita aceitação pela candidata  vencedora, como vetora destas idéias novas, debatidas e votadas nas diversas etapas das primárias, para que, em chegando a novembro, a candidata democrata se torna a vetora natural das reformas indispensáveis para alcançar-se sociedade mais progressista e mais justa.


( Fonte: discurso de Bernie Sanders na Convenção de Filadelfia )  

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