segunda-feira, 25 de julho de 2016

Hillary

                                                 

       Será a semana de Hillary Clinton, a política mais conhecida dos Estados Unidos. Se dispõe de eleitorado certo, ela também tem uma carteira invejável de gente... que a detesta, pelas razões mais díspares possíveis.
        Como já está por bastante tempo na ribalta, não surpreende tampouco que muitas pessoas tenham formado - para o bem ou para o mal - juízos finais a seu respeito.
         Tais avaliações podem ser um tanto desequilibradas. Por uma razão ou por outra, há de impressionar a violência verbal que, em geral, lhe circunda os epítetos que os eleitores formulam, cultivam ou deixam crescer a seu respeito.
         Assim, no que toca à Hillary, por ser talvez companheira de longa data nas fabulações da massa, os juízos tendem a ser robustos, capazes de arrostar os desafios mais agressivos, ou então cortantes e ríspidos. Conquanto esse conteúdo emotivo possa estar presente em formatos diversos, a veemência estará sempre aí. É difícil encontrar algo morno e dúbio a respeito da ex-chefe da diplomacia americana.
         Veja-se, por exemplo, o julgamento que produziu a seu respeito o chefe do FBI. Se ele a isentou de culpa - para desaponto de seus adversários republicanos - tampouco hesitou em pespegar-lhe frase que a definia como extremamente descuidada no tratamento dado ao seu terminal privado de e-mails. A violência verbal me pareceu despropositada, sobretudo se outros Chefes do Departamento de Estado, tanto republicano, quanto democrata, não fizeram jus a nenhuma qualificação nesse campo, em que também atuaram.
         Por outro lado - e me perdoem se cito uma vez mais a obra prima de George Orwell - as reações que ela provoca podem parecer como  sessões do GOP dos três minutos de ódio. Parece-me que a intenção do autor de 1984 é mostrar o aspecto ridículo dessas manifestações de fúria, sobretudo aquelas rituais. Nesse sentido, a raiva que os republicanos votam a Hillary será para muitos outros a principal razão por que devam absolutamente sufragar o seu nome. Muito pior seria a indiferença. Se ela causa tanto animus, tanta raiva nas fileiras do Partido Republicano, todas as minorias devem lembrar-se disso e aguentar as por vezes intermináveis filas - em geral criadas pelos republicanos e seus acólitos - máxime em bairros de gente pobre, velha, latina ou afro-americana, justamente porque esses senhores têm medo do povão, daquele que teima em votar em quem está do lado dele, e nesse sentido Hillary, na longa estirada das primárias sempre teve o apoio daqueles que lhe acompanham a luta e a porfia pela gente de que os senhores do GOP temem o voto, e por isso inventam toda espécie de truque sujo para torná-lo mais árduo e difícil.
              Em consequência, o fato de Hillary aquecer o sangue de certa gente, de motivar reações por vezes fortes inda que despropositadas, nos ajuda a entender o que está em jogo nesta eleição. E não nos iludamos: a direita está nervosa, porque o seu capitão é fraco e fanfarrão, e por isso a votação do povo unido não será vencida, e ajudará a carregar, com a força e o ímpeto das grandes correntes, toda essa resistência a um futuro melhor, com justiça para todos, mas sobretudo para aqueles que mais dela careçam. Hillary pode ser o fanal de uma grande corrente de progresso, liberdade e justiça para todos, e em especial para aqueles que hão de comparecer em massa nas seções eleitorais, para sufragá-la e, com ela, uma grande maioria capaz de varrer com o gerrymander na Câmara de Representantes, além de restabelecer a pujança democrata no Senado Federal.
              É por isso - e por outras razões mais fortes - que vemos com emoção e entusiasmo crescer o nome da primeira mulher a entrar na Casa Branca como Madam President of the United States of America !   Essa reação, em verdade, se expressa de ambos os lados. Nesse sentido, ela provoca mais do que avaliações, na verdade emoções e rótulos em que a contundência estará presente, seja na direção do bem, seja naquela do mal.
       Pelo que se depreende das avaliações da massa eleitoral, segundo os segmentos elas tenderão a serem mais cáusticas ou contundentes do que o usual.
       Não será à toa que ela se apresente como a primeira mulher que reponta, em um grande partido, como candidata a Presidente dos Estados Unidos da América
        Do outro lado, está o que muitos definem como o anticandidato, aquele que penetrou em festa fechada e resolveu o problema à sua maneira, registrando-se no GOP e, para surpresa da gente do ramo, conseguiu sair com a candidatura oficial depois de atropelar toda a legião de descrentes...

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