Tem-se a impressão de que a P.M. do
Rio de Janeiro, em termos de praias cariocas, atua somente de forma reativa. Em
outras palavras, ela, diante de situações determinadas, não procura
antecipar-se ao previsível, mas age a cada vez como se estivesse sendo
surpreendida por inesperado ataque.
Ontem, repetiu-se
o monótono cenário do dispositivo policial ausente, quando dele o público
mais necessita.
Nesse clima
carioca – na verdade o que vem acontecendo é consequência direta do aquecimento
global provocado pelo bicho homem – já não provoca espanto que o ar
condicionado tenha de ser utilizado no inverno, quanto no verão.
E, por isso, com
o calor de ontem tampouco surpreende que a orla se encha de gente, e que as
praias regurgitem de cariocas e turistas.
E todo ano essa abertura móvel da temporada balneária
nos apresente praias lotadas, mas também – o que semelha espécie de inauguração
informal - se nos deparam os arrastões
em Copacabana e Ipanema, além de outros ataques diversificados nas ruas de Botafogo e Humaitá.
Se as praias se
lotam, se os turistas a elas acorrem, fiados na velha mágica da orla carioca,
cabe perguntar por que a PM nunca surpreende pela colocação de dispositivo adequado
para enfrentar e controlar as mais do que previsíveis investidas dos
costumeiros meliantes que formam os chamados arrastões.
Por capricho da
deterioração do clima, os calores ocorrem agora tanto no verão, quanto no
inverno, e um fim de semana com canícula e bom tempo será sinônimo de praias
lotadas de banhistas e turistas. Colocado o problema – que não é surpresa dada
a meteorologia – no cenário de sempre estarão todos a postos: os turistas e os
cariocas, que querem curtir o mar, e a turma do arrastão, cujas tarefas se vêem
bastante facilitadas pela costumeira ausência da PM.
Pois, malgrado
as rituais declarações em contrário, a PM não dá a impressão de haver
internalizado um comportamento reativo, diante desse desafio. Repetindo-se o
cenário a cada ano, cresce a perplexidade e a raiva do Povo carioca diante da
incapacidade da PM de contra-arrestar um fenômeno para lá de previsível,
justamente porque se repete a cada ano.
E também a cada ano a situação tende a repetir-se,
com os turistas vítimas dos habituais arrastões. Na atualidade, há também
corredores solitários que investem por entre as barracas, para roubar o que
estiver à mão, além de espalharem a insegurança e a inquietude, em cenário que turista e carioca costumam de hábito associar com a
serena curtição da praia ensolarada. Já a PM parece ritualmente viver em outras paragens,
eis que não dá a impressão de haver internalizado estratégia dissuasiva, seja através
de presença maciça na orla, seja pelo controle das conduções, visto que os
adeptos do chamado arrastão costumam vir de longe.
Será acaso
demasiado esperar que um santo dia seja a P.M. que surpreenda, agindo de forma
eficiente e pró-ativa, impressionando favoravelmente ao povo carioca ( e aos turistas ) ?
( Fonte: O Globo )
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