Desta feita, a Operação Lava-Jato não só entra no Palácio do Planalto, mas
também se dirige a dois gabinetes bastante próximos de Dilma Rousseff.
Não é por
acaso que Aloizio Mercadante se acha na chefia da Casa Civil. Desde o primeiro
mandato, quando era ainda Ministro da Educação, a sua cercania da Presidenta já era conhecida. Missões
difíceis e/ou importantes eram confiadas a Mercadante, dada a sua condição que, em um regime monárquico, o tornariam o
favorito da soberana.
Dessarte, a
sua passagem para o Palácio na verdade não criou uma situação, mas sim a
confirma. Mercadante goza da confiança de Dilma e desde muito pode ser
considerado como o seu alter ego.
Nem a derrota
do candidato petista, Deputado Arlindo Chinaglia, à presidência da Câmara dos
Deputados, a dois de fevereiro último, enfraqueceu o Chefe da Casa Civil. Por
mais que se tenha falado de Jacques Wagner para dar à Casa Civil o viés que ela
tinha antigamente – e nesse antigamente
penso em governos anteriores à passagem para Brasília – Dilma fez ouvidos de
mercador. Para ela, mesmo sem o arsenal
de contatos e capacidade política do ex-governador da Bahia, Aloizio Mercadante
goza de sua estrita confiança e temos conversado.
Agora, mais
dois petistas, o citado Aloizio Mercadante e o Secretário de Comunicação,
Edinho Silva, ambos instalados no Palácio do Planalto, serão investigados pelo
Ministério Público, no quadro da Operação Lava-Jato.
Tanto a Folha de S. Paulo, quanto O Globo, em suas edições hodiernas,
ressaltam o aspecto eminentemente político da decisão do Supremo Tribunal
Federal, por intermédio do Ministro Teori Zavascki, que é o encarregado da
pasta da Lava-Jato, de abrir inquéritos contra os dois Ministros acima citados
reforça decerto a pressão sobre Dilma.
Tais
inquéritos são decorrência da delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa,
da UTC. Pessoa, que está preso, denunciou Edinho e Mercadante como
beneficiários de recursos do Petrolão.
Posto que
Mercadante ocupe posição mais relevante do que a do Ministro Edinho Silva, este
último como tesoureiro da campanha de Dilma em 2014, trata de matéria mais
sensível, e, por conseguinte, tendente a acarretar maior pressão sobre Dilma
Rousseff.
O Ministro
Teori igualmente determinou a instauração de inquérito contra o Senador Aloysio
Nunes, tucano de São Paulo. A posição de
Edinho Silva, como tesoureiro de Dilma em 2014, atrairá mais atenção por
envolver supostas irregularidades da última campanha, enquanto seja o Senador
Aloysio Nunes, quanto Mercadante tenham de explicar questões a financiamento de
campanha em 2010.
Embora os
tempos sejam diversos e a legalidade é ora presença incontestável, será
sempre incômodo para a Chefe da Nação ter a consciência de que auxiliares de
sua direta confiança – como Mercadante e
Edinho Silva – estejam sendo investigados pelo Ministério Público Federal, sob
determinação do Supremo e do Ministro Teori Zavascki.
A única presença
anterior de força investigativa em Palácio presidencial na história da
República não pode ser comparada com a presente investigação autorizada pelo
Supremo ao Ministério Público Federal.
Nos últimos
dias que precederam à maior tragédia na Presidência – que foi o 24 de agosto de 1954 - adentraram o Palácio do Catete, então a sede
da Presidência da República, oficiais da
Aeronáutica, a mando da chamada república do Galeão e de um golpe militar in fieri. Estávamos no
mês final da última presidência de Getúlio Vargas. Com caminhão com chapa
oficial, carregaram o arquivo pessoal de Gregório Fortunato, que era o Chefe da
Guarda Pessoal do Presidente Getúlio Vargas.
No caso, uma
operação quase policial, pois desempenhada por oficiais da Aeronáutica, mas sem
outra autorização que a ordem do Coronel Adil de Oliveira, de um poder militar,
na prática, revolucionário. Nada a ver com a operação da Lava-Jato na sede presidencial, devidamente autorizada pela mais
alta instância jurídica do país.
( Fontes: O
Globo, Folha de S. Paulo, Getúlio 1945-1954,Lira Neto, Cia. das Letras)
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