domingo, 6 de setembro de 2015

Colcha de Retalhos C 34

                          
Viagem de Papa Francisco aos Estados Unidos

 
        Retomando prática de seus antecessores, foi anunciada a próxima viagem de Papa Francisco. Ele irá aos Estados Unidos neste setembro, chegando a Washington na terça-feira, 22 de setembro, e está marcado o encontro com o Presidente Barack Obama, na Casa Branca na quarta-feira, 23 de setembro.

        Segue-se a escala a New York, ao ensejo de nova sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas. Chegado a 24 na metrópole americana, tem encontro com líderes mundiais na sala da Assembléia Geral das Nações, às 8.30 hs, de 25 de setembro.

       Por fim, visita Filadelfia de 26 a 27. Nessa escala está previsto o Encontro Mundial com as Famílias, reunião trienal iniciada por João Paulo II em 1994.

       A três anos do início de seu pontificado, somente agora Papa Francisco visita os Estados Unidos, o que é interpretado como mudança nas prioridades pontifícias, com relação a seus predecessores.

 

As Agendas Secretas da VEJA     

 

          A VEJA desta semana se ocupa de o que chama as Agendas Secretas. Reporta-se às idas e vindas na relação com o Vice Michel Temer. Assim explica a resistência da Presidente Dilma Rousseff à combinação de recessão econômica com falta de apoio popular, parlamentar e empresarial graças à ajuda do ex-Presidente Lula e do vice Michel Temer (PMDB-SP), que atuaram como anteparos às pressões para que ela renunciasse ou fosse apeada do cargo.

          Na interpretação da revista, conhecedora da respectiva fragilidade, ela voltou a rezar pela cartilha do antecessor, assim como delegou poderes a Temer, a quem ignorara solenemente desde o primeiro mandato.  Tudo ía bem no que tange ao Vice-presidente, até ele dizer em entrevista que, para superar a crise, o país precisava de alguém para reunificá-lo. Seria como ele se apresentasse como novo Itamar Franco, o vice que em 1992 assumiu, com o impeachment de Fernando Collor. 

            A partir desse dia, de novo Dilma esvaziou as atribuições do vice.  Nem para reuniões com peemedebistas Temer seria convidado.  Quebrado de novo o cristal, não se fariam esperar as repercussões da ruptura.

            Na semana passada, Temer, conhecido pela discrição e moderação, desferiu duro golpe verbal na mandatária. Em palestra para empresários, prontamente divulgada pela mídia, o vice disse em suma ‘que ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo.’

           No cálculo governista, se contar os préstimos de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, Dilma terá chance de conter eventual conspiração de Temer. Na audiência no Planalto com a Presidente, ela e Cunha concordaram que têm de unir esforços  para reequilibrar as contas públicas e sanar o rombo no Orçamento da União de 2016. A encetada reconciliação teria sido  adoçada por declaração da Presidente a Eduardo Cunha que, pelo que ela conhecia do processo, não há provas de que ele tenha recebido cinco milhões de propina do esquema do petrolão.

            VEJA também relata o que teria sido visita de Lula da Silva ao Planalto para se reunir com os senadores do PMDB. Com Renan como anfitrião,  o ex-presidente disse que os comandantes dos três poderes deveriam trabalhar juntos para debelar ‘irregularidades’ e ‘arbitrariedades’ cometidas na Lava-Jato e a tentativa de criminalizar a atividade política. Decerto, não era a preocupação institucional que parecia.  Com medo de ser preso, ele queria mesmo era a formação de um ‘cordão sanitário’ que livrasse os poderosos dos pecados cometidos no Petrolão.  Para Lula, para que a gestão desse certo, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski deveria ser procurado. E assim foi feito. Na sua ida ao encontro dos Brics na Rússia, Dilma fez escala em Lisboa, onde se encontrou com Lewandowski, acompanhada do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Em tese, estava na pauta a proposta de reajuste dos servidores do Judiciário, mas na prática, consoante assessor palaciano: “a presidente foi a Portugal pedir a Lewandowski que ajudasse  Eduardo Cunha, O plano era criar rede de proteção para ele  e  o Renan.” A turma do Palácio também não esqueceu de tentar incluir na reunião o ministro Teori Zavascki, que é o relator dos processos da Lava-Jato, que foi convidado a participar da conversa “sobre reajuste salarial” em Portugal. Zavascki, que sabe muito bem onde pisa, se negou a fazê-lo.

               Gilmar Mendes, Ministro do Supremo e ora preparando-se para cumprir o seu dever regulamentar de presidir o Tribunal Superior Eleitoral (ele foi o único Ministro do TSE a votar em favor do registro do partido Sustentabilidade de Marina Silva) teve arquivado pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, pedido que investigasse uma das empresas fornecedoras da campanha de Dilma.

               Consoante a VEJA, “Janot, que além de Dilma, tem sob sua caneta o futuro de muitos políticos, não só arquivou o pedido, como acusou a Justiça Eleitoral de ser ‘protagonista exagerada’ da democracia.”

              No entanto, sempre segundo a citada revista, ‘a  tréplica de Mendes foi à altura. “O procurador deveria se ater a cuidar da Procuradoria-Geral da República  e procurar não atuar como advogado da presidente Dilma.”

 

Nem no Sete de Setembro

 

              Sempre pronta em seu primeiro mandato a multiplicar as suas intervenções em cadeia nacional, os sete dígitos de aceitação motivam agora a Presidente Dilma Rousseff a evitar vir à habitual tribuna mesmo no Sete de Setembro.  Com isso, a Primeira Mandatária deseja evitar mais um panelaço pela população.  Os próprios assessores palacianos reconhecem que não há “o menor clima” para uma fala da petista em rede nacional.

                 Assim, a presidente gravaria  mensagem neste sábado no Palácio da Alvorada, com a sua veiculação restrita à internet, de acordo com o figurino reduzido já aplicado no  1º de Maio.  

                 Nada como um dia depois do outro. Quem tão sôfrega era para discursar à Nação a propósito de qualquer data, agora tem de satisfazer-se com  recatada (e forçada) moderação de fala pela telinha da tevê.

 

Outros efeitos da Fala de Temer ?

 

                  A respeito da prerrogativa do Presidente da Câmara de dar o primeiro passo para abertura de processo de impeachment no Congresso, ao dar condições para que a Câmara analise o pedido.  Há uma estratégia alternativa, mencionada por matéria de Daniela Lima, na Folha (Poder A-5), em que Eduardo Cunha recusaria um dos pedidos recebidos pela Câmara e alguém  recorreria diretamente ao plenário para reverter a decisão.

                  Ainda que essa iniciativa haja sido desautorizado por líderes da oposição, a ideia voltou à tona nesta semana, com o recente pedido de impeachment formulado pelo respeitado jurista Hélio Bicudo, fundador do PT, e por ele enviado à Camara, por intermédio de sua filha. Existe a consciência de que a trajetória do jurista, que rompeu com o PT na crise do Mensalão, daria legitimidade à estratégia, segundo avaliam os defensores do impeachment.

                   Há, no entanto, um óbice a essa tramitação.  Os defensores do impeachment na Câmara pediriam ao Dr. Hélio Bicudo que ‘refaça o pedido para incorporar denúncias de que o PT recebeu dinheiro desviado pelo esquema de corrupção descoberto na Petrobrás’. Como se sabe, o pedido do Dr. Bicudo – já referido por este blog - cita as chamadas pedaladas fiscais, manobras feitas no governo Dilma e que seriam consideradas irregulares pelo Tribunal de Contas da União, em julgamento que até agora não teria sido exarado.

 

 

( Fontes: The New York Times, VEJA, Folha de S. Paulo )

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