O Ditador Nicolás Maduro
Em um país tão
fustigado por longas ditaduras, a queda do militar Pérez Jimenez traria em 1958
de volta a democracia com Romulo Betancourt, e a esperança de que os caudilhos
seriam varridos pela história.
No entanto,
depois de exitoso começo, o regime democrático na Venezuela começaria a falhar
na Administração de Carlos Andrés Perez. Houve em fevereiro de 1992 tentativa
de putsch encabeçada pelo
tenente-coronel Hugo Chávez. Apesar
de preso e encarcerado, Chávez já mostraria no fracasso de seu pronunciamiento a velha empáfia castrense, ao sublinhar que por ahora o movimento contra o
presidente constitucional e o regime democrático falhara.
Voltaria
pelas urnas, diante do malogro do presidente Rafael Caldera em renovar
a democracia venezuelana – cuja importância
Caldera bem captara como o disse em discurso no Senado a propósito da
quartelada contra Pérez. Chávez seria tratado bem na prisão – ao contrário de o
que faria quando no poder (sem mencionar, é claro, a maneira de seu sucessor,
que age como ditador tradicional ) e graças ao indulto por Caldera – em março
de 1994 – logo tornaria à política, para arrebatar pelo voto (em dezembro de
1998), o que não conseguira pelas armas.
Iniciar-se-ía
em breve o chavismo que, posto que autoritário, se manteria pelo voto popular.
O regime atual, de Nicolás Maduro se intitula igualmente chavista, e, de certa
forma o é, embora do modelo inicial seja uma caricatura, com vinco sempre mais
forte sobre o autoritarismo e a postura de manter o poder a todo custo. No caso
presente, tal implica em regime discricionário, que domina a justiça (cousa que
Chávez já iniciara, mandando inclusive prender juíza que ousara dar ganho de
causa a um oposicionista), o Congresso (através de eleições manipuladas), e também
pende para a ditadura, em que só têm chance de atuar (desde que com moderação
extrema) os oposicionistas bem-comportados.
Desde os
tempos de Lula da Silva que o Brasil tem sido fiel aliado da Venezuela, a
princípio com Chávez, e hoje com o caminhoneiro Nicolás Maduro. A corrupção é
enorme, como o é igualmente a gestão política de Maduro face ao desgoverno,
insegurança e desabastecimento. Daí o crescente nervosismo com as eleições, e a
descaída para a manipulação dos distritos eleitorais, a intimidação dos
candidatos e próceres oposicionistas, o que se vê facilitado pela inexistência de um poder judiciário autônomo
(desde Chávez), e diante da inoperância da OEA, um rosário de transgressões à
Carta da Democracia, que hoje se permitiu virasse letra morta.
O que Maduro
está fazendo com Leopoldo López não deveria surpreender a ninguém, porque não
é de hoje que a Caracas chavista atravessou o Rubicão da democracia (que ficou
para trás), enquanto o regime ditatorial só faz crescer. Todos sabemos que como cupins, os chavistas (e seus muitos êmulos na
América Latina) cuidam de tornar oca a árvore democrática, a que mantêm de pé
por conveniência tática. Dentre os seus aliados está o Brasil do petismo,
que sob Marco Aurélio Garcia cuida de ignorar os reclamos e apelos dos partidos
democráticos na Venezuela, enquanto cerra fileiras com o neo-chavismo de Nicolás
Maduro. Por ignorância ou pendor partidístico, o Brasil sob Lula e congênere
abandonou a diplomacia de Estado, que tanto servira ao Brasil, pela de partido,
que tem fôlego curto.
Justiça condena Santander a pagar indenização
Esta coluna
assinala com prazer que a juíza Lúcia Toledo Silva Pinto, da Vara do Trabalho
de São Paulo, determinou que o Banco Santander pague indenização à analista
Sinara Policarpo. O motivo ? A analista fizera o seu trabalho e por isso a
turba petista, com Lula da Silva à frente, não se pejou de reclamar a demissão
de trabalhadora que cumprira o seu mister de bem informar. O que fizera Sinara ? Mandara carta a clientes de
alta renda do Santander alertando em julho de 2014 para o que apontava
como possível agravamento da crise econômica caso a presidente Dilma Rousseff
subisse nas pesquisas de intenção de voto.
À época,
tangidos pelo temor da contaminação eleitoral, Lula da Silva dirigiu-se a um
figurão espanhol reclamando a demissão da funcionária – que é também uma
trabalhadora – por informações que se provariam corretas e abalizadas.
A indenização
está fixada em R$ 450 mil. Sabemos que a nossa Justiça se caracteriza pelos
recursos a perder de vista. No entanto, Sinara receberá um dia e desde já é a
ganhadora moral nessa jogada nada bonita, tanto do Santander, quanto de Lula.
Miopia ou Demagogia ?
É incrível como
o pandemônio e a demagogia se instalam em um regime titubeante e incapaz como o
de Dilma Rousseff. Diante da gravidade da crise, até os parlamentares da
chamada base aliada preferem não dar o primeiro passo. Se cobra do Governo que
assuma as medidas que devam ser tomadas para a superação da crise econômica, o
PT a par de exigir agilidade no anúncio das medidas para cobrir o rombo
orçamentário de R$ 30,5 bilhões, avisa sem embargo – e esta desenvoltura já diz
o suficiente sobre a rebeldia da chamada ‘base de apoio’, inclusive o PT mesmo –
que não serão aceitas (sic) alternativas
que penalizem os que ganham menos, como não reajustar o salário-mínimo em 2016
ou fazer cortes em programas sociais.
Esta situação
calamitosa que supostamente foi causada por Dilma Rousseff, na verdade o foi
por Luiz Inacio Lula da Silva, na sua matreira e incompetente jogada de
colocá-la na presidência (através da persona
do magno coronelão Lula da Silva), e assim garantir a vida política do fundador
do PT). Como Dilma não é do ramo, tem
esse tratamento, o que – semelha tristemente evidente – limita deveras o seu
poder político.
É esta
timidez, é esta falta de competência política, e, por conseguinte, de mando
efetivo quando chega a hora da onça beber água, que constitui uma das causas
precípuas não só do desfazimento da base-aliada no Congresso (sem falar na
lamentável não-articulação política a cargo de Aloisio Mercadante, o que foi um
dos fatores para o triunfo do Deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a
presidência da Câmara, um dos primeiros sinais premonitores do esfacelamento de
um castelo petista e de base aliada, que só existia na imaginação do gabinete
de Dilma.
A Comissão da Verdade (que não houve)
Ao contrário de
outros países que sofreram sob regimes castrenses, a nossa Comissão trouxe
consigo congênita fraqueza, no que tange ao tratamento daqueles militares
que mancharam o nome das Forças Armadas através de seu comportamento nos
chamados anos de chumbo.
Embora as
falhas sejam muitas – para dar o toque inicial, a Comissão (ou o poder petista)
concordou em que ela não teria o poder de convocar testemunhas, mas sim o de convidar.
São nesses primeiros passos que se delineia a seriedade e o sentido republicano
de uma autoridade. Concordar em que um órgão por tantos anos anelado pela
sociedade civil tenha a sua atuação e o seu papel diminuído, pois, ao não possuir o poder de convocar mas apenas o
de convidar, é concordar em rebaixar a Comissão ao nível das pessoas que
deseja ser ouvidas (não importa o motivo).
Outra dia tive prova
da não-realização de um dos trabalhos mais importantes da Comissão. Não será
por vingança ou por mesquinharia, que se
deve retirar o nome dos inúmeros militares golpistas que são homenageados tanto
na Capital da República, quanto em modestos lugarejos na província, naqueles
grotões de que nos fala Tancredo Neves, onde a Justiça custa por vezes a
chegar.
Por causa de
fenômeno climático na Amazônia, a popular meteorologista Maju, no Jornal
Nacional, falou de localidade denominada Presidente
Figueiredo. Maju não tem nada a ver com isso, mas ajudou sem querer a
sublinhar um absurdo que perdura pela inépcia de Comissão que não fez o seu
trabalho. Todos os locais com nomes de militares do período da chamada
Revolução 1964-1985, assim como as inúmeras avenidas, ruas, pontes e praças
deveriam ter a respectiva designação mudada para homenagear democratas que se distinguiram
na luta pela liberdade.
( Fontes: O Globo,
Folha de S. Paulo; Venezuela:Visões brasileiras, contribuição de Mauro M. de
Azeredo sobre a Crise da democracia venezuelana, Brasilia IPRI 2003 )
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