Sólida
ignorância econômica conjugada com suma leviandade fiscal consegue levar à
breca uma economia que ía bem obrigado, e o real que se distinguira por largo
tempo como a divisa que mantivera a respectiva paridade junto ao dólar
estadunidense.
Mais se
aprofunde o exame dos graves erros cometidos por Dilma Rousseff no seu primeiro
mandato, é difícil, árduo mesmo, reprimir a própria revolta diante de um
comportamento tão rudimentar e mesmo estúpido adotado pela neófita
política, que, dada a condição de
eleitorado nutrido pela Bolsa-Família se
sagrara vencedora graças à indicação interesseira do magno coronelão, Lula da Silva, que assim pensara
realizar golpe de grande sagacidade política.
Como a dita lulesca esperteza tinha os pés de barro
de lamentável desconhecimento estratégico, conjugado com torpe egoismo, o
resultado foi o que se nos deparou nos comícios do ano passado, com a reeleição
da pupila.
Além do
gigantesco tapete, imprescindível para ocultar o descalabro e a roubalheira do Petrolão, houve mister igualmente de
construir a plataforma da candidata na base das mentiras e do descarado
cinismo. A receita de João Santana
funcionou porque arrimada em instância da Justiça Eleitoral que denegou a
Marina o direito de resposta às inverdades de um filmete sobre a autonomia do
Banco Central, que na distorcida visão do mago tiraria a comida da mesa dos
pobres. Enquanto isso, a petulante Presidenta, ao se saber com as costas
quentes, dizia, com a desfaçatez que absorvera de seus mestres, que tudo ía
muito bem no seu reino da fantasia.
Agia com a
desenvoltura de quem parece desconhecer as pernas curtas de dona Lorota, e o
‘triunfo’ no segundo turno logo se traduziria em rosário de desmentidos e
escândalos. Nunca tão poucos enganaram tantos. Mas como o amanhã da falsidade é
o travo acerbo da realidade, o pós-eleição seria longa jornada de grande
desmascaramento, conjugado com a hora da verdade do regime caracterizado por
insano empreguismo e tão extensa, quanto profunda corrupção.
Por isso, mesmo não sendo católica, o segundo
mandato para ela se transmutaria em vale de lágrimas, lágrimas essas causadas
pelos passados erros e pela falsidade de sua plataforma eleitoral.
Para geral espanto, sequer um orçamento
equilibrado – como é praxe naqueles países que para a dílmica propaganda
estariam em nível similar ao do Brasil. Não é só a desordem fiscal que
permanece. Por ordens de soberana que ainda não semelha convencida de que a regra
comezinha da contabilidade pública de que nesse documento crédito e débito são
iguais acabou surgindo um mostrengo com cerca de trinta bilhões de déficit. Tal
se deve à circunstância de o Ministro do
Planejamento Nelson Barbosa, depois do puxão de orelha quanto ao salário
mínimo, não mais ousou cortar despesas, mesmo que acima dos haveres.
A cara fechada do Ministro da Fazenda se deve
a esse monstro contábil que a teimosia de Dilma apresentou à Nação, eis que
todos os programas de assistência aos mais desfavorecidos, fosse qual fosse o
respectivo montante, deveriam ser preservados.
Manda o bom
senso que o ecônomo – aquele que cuida da economia respectiva – deve tratar de
equilibrar o orçamento. Contudo, no caso
em tela, por determinação da Presidenta, todos os programas com as
características acima, voltada para o estímulo das categorias menos
favorecidas, precisam ser mantidos. Pouco importa que venha o déficit!
Nesse caso não
se trata de falta de flexibilidade. É o
bom senso – juntamente com a imemorial prática orçamentária – que dispõe sobre
a necessidade de que batam as contas do Governo federal.
Orçamento
deficitário é peça de um governo sem
rumo, que não respeita a mais elementar e comezinha regra de contabilidade
pública.
Não sei como
vai terminar essa estória. Impedido de cancelar programas de estímulo, o senhor
Joaquim Levy agora tem a idéia de aumentar os impostos pagos pelo
funcionalismo. À desídia – ou incapacidade política – de resolver a questão
orçamentária podando os programas de apoio a todos os menos favorecidos, que
permanece apesar de tudo como a determinação da Soberana, o senhor Levy sugere
elevar os impostos sobre a renda. Atendida a circunstância de que a fome do Leão
não é módica – como parece pensar o Senhor Ministro da Fazenda -, o que se está
pensando constitui verdadeiro arrocho tributário, para permitir que programas
muitos dos quais demagógicos sejam mantidos, enquanto se depena o funcionalismo
federal.
Se pensarmos
que toda essa desorganização fiscal surgiu das desonerações determinadas pelo
capricho distributivo de uma aprendiz nas finanças públicas, a autoridade
responsável deveria cortar na carne de seus programas demagógicos para que se
restabeleça ordem fiscal digna desse nome.
Metida em
página interna da Folha, temos a extensão do prejuízo causado ao Erário público
pela irresponsabilidade – decorrente de seu aventureirismo fiscal – da
Presidenta gastadora: desde 2011 as desonerações (ou renúncias fiscais) somam
até 2016 inclusive, R$ 392,9 bilhões.
Se mantidas as de 2017 e 2018, ainda custariam à Nação R$ 64,9 bilhões.
Não
estranha, portanto, que movida por estultas presunções de ativação miraculosa
da capacidade fiscal da Nação (capacidade essa que seria multiplicada pelas
brutais desonerações fiscais, vale dizer, reduções fiscais !).
Como todas
essas dádivas fiscais só serviram para empobrecer a Nação, não surpreende a
crise que ora atravessamos. O Brasil é realmente um grande país, a ponto de
aguentar gestoras desse quilate!
Outros
teriam quebrado, com tanta roubalheira e tamanha desoneração fiscal!
E o remédio
para a crise fiscal que ora se delineia diante dos grandes quadros da Nação,
qual é ?
Mais impostos, ora pois, e sobre os
funcionários públicos (cujos vencimentos, seja dito de paso, já são taxados pesadamente pela chamada Viúva...
( Fonte: Folha de S.
Paulo )
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